Royal Frontier Capa

Review Royal Frontier (Switch) – Um Rogue bastante raso

Pegando emprestado a famosa fórmula Rogue-lite, Royal Frontier traz um RPG de turnos com mecânicas que zeram seu progresso uma vez que a tela de Game Over é exibida. Com títulos como Daggerhood e Omega Strike em seu histórico, dessa vez a Woblyware, através da Ratalaika Games, nos traz uma aventura com 6 personagens selecionáveis para compor nosso time de três amigos que saem em uma jornada.

Desenvolvimento: Woblyware
Distribuição: Ratalaika Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG, Aventura
Classificação: 10 anos
Português: Não
Plataformas: PC, PS4, Xbox One, Switch
Duração:7 horas (campanha)/9 horas (100%)

A jornada de vários dias

Heróis iniciais
Heróis iniciais

Sem uma história muito profunda, Royal Frontier nos coloca em um mapa com seletor de caminhos, cada qual contendo uma sequência de eventos que acontecem entre uma batalha e outra. As batalhas consistem em derrotarmos os inimigos através da seleção de golpes e habilidades únicas de cada personagem em nossa equipe, sendo que essa última alternativa consome pontos de habilidade, o que exige um gerenciamento deles durante o embate.

A estrela daqui é um recurso que me conquistou há tempos em Mario Superstar Saga (GBA), que foi o jogo no qual tive contato com essa mecânica pela primeira vez. Estou falando da batalha interativa, em que se faz necessário apertar um comando assim que atacamos o inimigo, e isso exige bastante a atenção de quem está jogando já que, um erro, pode causar um enfraquecimento da potência do ataque, enquanto o acerto causa um dano bem mais alto.

Navegação por menus no mapa
Navegação por menus no mapa

O mesmo citado acima serve para os momentos de defesa, nos quais os inimigos estão atacando em seu turno. Caso pressionamos o comando de defesa no momento errado, recebemos um dano mais alto. Por outro lado, o sucesso em apertar esse botão no momento exato da defesa reduz drasticamente a contagem dos pontos recebidos em nossa barra de saúde.

Depois de uma batalha vencida, os pontos de experiência são calculados e, caso um de nossos heróis suba de nível, temos acesso a um menu através do qual escolhemos o atributo a ser elevado no respectivo personagem. Além disso, também temos a chance de aprender novas habilidades conforme o herói fica mais forte, e algumas delas podem ter efeitos diferentes como atordoar o inimigo por um turno, enquanto outras causam dano em todos o grupo adversário.

Repetição e limitações mal planejadas

Para trocar membros da equipe, é preciso voltar do zero
Para trocar membros da equipe, é preciso voltar do zero

Mesmo com um combate bastante diversificado e recompensador, nada disso acaba fazendo sentido uma vez que o Game Over é visto. Todo o progresso é zerado e precisamos recomeçar a jornada, sem qualquer item recebido ao longo dela, ou níveis adquiridos em nossos heróis. Entendo a proposta Rogue-lite daqui, mas ela definitivamente podia ter sido melhor trabalhada.

Outro ponto fraco é o fato de que, ao liberarmos um herói novo, se quisermos testá-lo é necessário começar o progresso do zero, uma vez que não podemos trocar a equipe durante a jornada. Não existe nenhum ponto de interação no mapa que permita essa funcionalidade, e nem mesmo uma possibilidade de começar um segundo save no menu principal. Existe apenas um slot disponível para salvar seu progresso e fim.

Eventos que acontecem no mapa
Eventos que acontecem no mapa

Outro fator inegável é a repetição. Por conta do escopo do jogo ser limitado à navegação através de menus e escolhas, as batalhas em turnos são as únicas coisas que movem os ânimos por aqui. Fora isso, os eventos de encontro de itens e escolhas, ao interagirmos com objetos estranhos ou suspeitos, não consegue incentivar a continuar jogando por muito tempo. Fora que mesmo depois de desbravar o capítulo todo e passar para o próximo, muito do que já foi visto é o que será apresentado ad infinitum. Royal Frontier clama por variação.

Depois do Game Over, também são calculados a quantidade de dias que sobrevivemos e tudo o que realizamos até então. Com isso, existe a chance de recebermos uma Blessing, que são vantagens que podem ser escolhidas para implementarmos em nosso grupo assim que iniciamos uma nova run.

Por fim, o jogo confia bastante no fator sorte em vez de estratégia. Como não controlamos o que está por vir no próximo turno da navegação do mapa, fica difícil se planejar caso não tenhamos itens o suficiente para curar nossos heróis, ou então caso nossa escolha em um evento seja ruim. O ponto alto do planejamento aqui fica a cargo de olhar o mapa e observar em quais locais existem uma cidade para descansar e se curar, ou então uma loja para comprar itens com o dinheiro recebido. Teria sido mais justo permitir essas duas funcionalidades a qualquer momento no menu, mesmo que custasse dinheiro e afins.

Divertido por poucas horas, duvidoso no resto do tempo

Royal Frontier é um indie de bastante qualidade gráfica e sonora, que possui vários elementos admiráveis em suas mecânicas de combate. Porém, não existe profundidade alguma em sua história e jogabilidade, restringindo tudo a menus de navegação e uma progressão repetitiva sem grandes novidades. O único slot de salvamento do progresso também é um infortúnio, sendo que, para testar novos heróis liberados, é preciso recomeçar o jogo do zero e perder tudo o que já foi conquistado.

É uma pena que tanta diversão seja restrita à fórmula Rogue-lite, o que é um mal que assombra muitos títulos da modernidade que empregam essa prática em seu cerne de forma não muito bem pensada.

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Royal Frontier

6

Nota final

6.0/10

Prós

  • Pixel art linda
  • Combate dinâmico
  • Sensação de progresso constante
  • Desbloqueio de personagens

Contras

  • Apenas um slot de save
  • Para trocar personagens, só resetando o save
  • Confia demais na sorte
  • Rogue-lite estraga tudo