Demon’s Rise – War of the Deep é um RPG que pretende combinar estratégia, ação e aventura. Suponhamos que você vivesse em um mundo distópico no qual precisasse trabalhar, estudar e se divertir apenas no ambiente doméstico e fosse escolher um game para jogar portátil no Switch e assim sentir que mudou de ambiente dentro da própria casa…
… dificilmente Demon’s Rise seria a sua primeira opção. Não se culpe. Eu também não pensei nele. Mas Demon’s Rise é o RPG que tenho jogado no meu bunker, entre as tarefas domésticas e de trabalho, em todo intervalo de dez a quinze minutos para matar entre uma coisa e outra.
Desenvolvimento: Wave Light Games
Edição: Silesia Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Estratégia, RPG, Aventura e Ação
Classificação indicativa: 14 anos
Português: Não
Plataformas: Android, iOS, PC e Nintendo Switch
Duração: Sem registro
Aqui é jogadora casual
Demon’s Rise é um RPG de combate tático em turnos que se passa em um universo fantástico meio Senhor dos Anéis: há orcs, anões, elfos, witchers, centauros, barbávore e reinos humanos em guerra. Como qualquer jogo do gênero, envolve maior dose de estratégia conforme o nível de dificuldade selecionado – são três, ao todo.
Comecei jogando no modo normal, mas passei ao casual porque as telas de carregamento (demoradas) entre uma sessão e outra da mesma missão estavam consumindo uma parte das minhas jogatinas nos intervalos do trabalho. O jeito foi reduzir a dificuldade e, com isso, diminuir o número de turnos.
Errou!
São 30 personagens jogáveis, dos quais você escolhe 6 para montar seu grupo de combate. Aqui, a coisa se desenrola como em qualquer RPG por turnos: são unidades de combate à distância, como arqueiros e magos; guerreiros de combate corpo a corpo, como um samurai; e unidades do tipo tanque, que causam bastante dano, mas se movimentam menos pelo tabuleiro.
Sim, tabuleiro. Seus personagens se movem pelas dungeons (masmorras) em casas octogonais – alguns andam mais, depende da classe e dos pontos de ação (AP) de cada um. Felizmente, a batalha pode ser mais rápida, já que é possível acelerar os turnos em até duas vezes. As habilidades especiais consomem mais pontos e tem maior chance de dano crítico – isso em tese. Na prática, o que mais se vê é missed – o famigerado “errou”.
Lutando contra a câmera
O jogo Demon’s Rise é um RPG que foi “portado” de sua versão para celular, algo que não chega a ser uma novidade na eShop da Nintendo, mas não faz uso da tela touch do Switch e isso não faz falta – os joy-cons dão conta. Algumas vezes eu perdi, em meio ao cenário, o cursor amarelo utilizado para mover as peças de combate. É só selecionar de novo o personagem com os botões de ombro que ele reaparece.
Um pouco mais difícil é acertar o ângulo de visão com o análogico direito enquanto o D-pad rola a tela. Os ângulos em algumas dungeons não são bons por conta dos espaços estreitos da arena de combate.
Demon’s Rise é bonitinho
Os gráficos não impressionam à primeira vista, mas não são feios. Mesmo no modo portátil foi possível distinguir as características de cada membro do meu grupo. O jogo tem poucas animações, o que para mim é um ponto positivo porque faz o game correr mais rápido entre as seções da dungeon… já basta o tempo perdido nas várias telas de loading.
A história toda é contada por meio de texto, com alguma rara animação no começo da missão. É uma opção estética estranha para os dias de hoje, ainda mais para um jogo que ocupou quase 3 gb da memória do Switch, mas como sou gamer das antigas, isso não me incomodou.
Demon’s Rise, jogue os dados
Duas coisas eu gostei neste jogo: primeira, a possibilidade de usar cover, isto é, de esconder sua peça de ataque atrás de algo no cenário – como uma pedra ou pilar. Segunda, a energia ganha quando se combate perto de pilares de poder. Nem todas as dungeons têm pilares, mas pedras, sim. Dar um contra-ataque quando ainda há AP disponível é um bônus que deixou meus turnos mais dinâmicos e com menos cara de jogue os dados, é a sua vez.
História sem fim (e sem história)
Não consigo imaginar ninguém que chegue ao final desse jogo e pense: vou jogar de novo. Não chegarei ao final tão cedo: os desenvolvedores afirmam que são mais de 50 horas rastejando pelas masmorras em busca de inimigos e tesouros. Além disso, a trilha sonora é bem enjoativa e genérica, parece que o som foi pensado para estar desligado.
O game tem algumas coisas bem interessantes, como a moral do seu esquadrão ser afetada diante da morte de um companheiro, o que aumenta a chance de missed. Mas tudo nesse jogo é genérico: dos personagens classe Senhor dos Anéis aos cenários. Note que até aqui só me referi aos personagens como peças de combate, tão genérica é a história do grupo de mercenários.
Último ponto de ação
Este não será o melhor combate tático em turnos que você já jogou na vida, nem o mais inovador. Não é um game que fará você ansiar pelo fim de semana só para ter a chance de jogá-lo. Mas é um jogo honesto em sua proposta: Demon’s Rise é um RPG para ser jogado em curtas janelas de tempo. Não tem microtransações, não precisar farmar itens, nem esperar algumas horas para regenerar AP. E melhor ainda: jogando no Switch você economiza a bateria do celular.
Se você também estiver preso em um bunker, como eu, e gostar de estratégia por turnos, recomendo o jogo. Inclusive, após esta review, vou subir o nível de dificuldade. O que importa em Demon’s Rise não é finalizar a história, e sim repeti-la todos os dias, um pouco por vez, até enxergar a porta de saída dessa dungeon.
Esta review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Samuel Leão e Jason Ming
Demon's Rise - War of the Deep
Prós
- Turnos acelerados
- Variedade de personagens
- Consome pouca bateria no Switch
Contras
- Universo genérico
- Pouca variação nas fases
- Trilha sonora repetitiva
