A série Kingdom Hearts é uma franquia de grande popularidade da Square Enix em parceria com a Disney e todo mundo ao menos já ouviu falar. São mais de 10 jogos lançados em diversas gerações de consoles, sendo Kingdom Hearts III – seu último lançamento – um enorme sucesso de vendas. Com isso, chegando próximo dos 20 anos de criação, a empresa decide criar um jogo rítmico para homenagear a série, que é justamente conhecida também por ter uma trilha sonora incrível.
Desenvolvimento: Square Enix
Distribuição: Square Enix
Jogadores: 1-2 (local e online)
Gênero: Música, Rítmico
Classificação: 10 anos
Português: Não
Plataformas: PS4, Switch e Xbox One
Duração: Sem registros
Acessando memórias
A história de Kingdom Hearts: Melody of Memory se passa na perspectiva de Kairi, que conta sobre toda a aventura que Sora, Donald e Goofy tiveram, passando por todos os jogos da franquia e apresentando cada personagem importante. Tudo é narrado sucintamente de forma linear e em ordem cronológica de lançamento, sendo até uma forma bem mais simples e fácil de entender o enredo da franquia, que é bem complexo até mesmo para quem joga há muito tempo.
O modo história, chamado de World Tour, é apresentado com o jogador controlando a nave Gummi, explorando uma área espacial com mundos Disney categorizados por jogo e que precisam ser liberados aos poucos. Cada mundo possui duas músicas tema com três missões a serem cumpridas, como completar a música derrotando uma quantidade de monstros, terminá-la em uma dificuldade específica e outros. Estas missões fornecem estrelas, que desbloqueiam novos mundos com uma quantidade indicada no mapa.
Um time em sincronia
Para variar um pouco, Kingdom Hearts: Melody of Memory apresenta três mecânicas diferentes de jogo rítmico para o jogador, chamadas de Field Battle, Boss Battle e Dive Battle. Todas elas possuem três níveis de dificuldade e você controlará um time composto por personagens da franquia. O time possui uma barra de vida, que esvazia conforme o jogador erra uma nota. Chegue a zero e a música é encerrada naquele ponto.
Nas Field Battles, o time caminha por um campo vertical semelhante a linhas de partitura, que percorre vários locais de um mundo Disney. Durante o percurso, inimigos aparecerão junto com uma nota musical e o jogador deverá apertar no momento correto, indicado por um círculo contornado que diminuirá de tamanho até chegar ao mesmo tamanho da nota. Estas notas possuem cores diferentes, que indicam qual tipo de ação o jogador deve tomar, como pressionar botões sozinhos ou simultaneamente (notas amarelas), pular e atacar (notas azuis) ou segurar o botão de pulo para voar e controlar o líder da equipe (notas verdes flutuando no ar).
Já nas Dive/Boss Battles, ambas possuem uma única barra para as notas e mecânicas mais simplificadas, diferenciando apenas a orientação dessa barra e o que se passa no plano de fundo. Aqui, apenas há três comandos: apertar (nota vermelha), segurar e soltar (nota verde contínua) e apertar o analógico em um sentido (notas amarelas). Pode parecer mais fácil, mas na verdade é justamente o oposto, dependendo de qual música e dificuldade estiver jogando.
De um modo geral, Kingdom Hearts: Melody of Memory é um jogo mais fácil se comparado a jogos rítmicos como Beat Saber ou Rock Band, mas há mais dois modos extras para que a dificuldade diminua ou aumente ainda mais. O One Button permite o jogador executar qualquer comando apenas apertando um único botão, não necessitando apertar botões múltiplos ou pulos. Já o Performer Mode adiciona teclas roxas que exigem apertar um botão específico, como bola, quadrado, L2, R2 (no PlayStation) ou uma direção com o analógico, deixando o jogo realmente desafiador.
Luta de keyblades em conjunto
Um bom jogo rítmico não pode faltar interação entre pessoas, garantindo assim uma maior longevidade ao jogo. Pensando nisso, a Square Enix resolveu incluir um modo cooperativo local para que mais um amigo junte a você. As mesmas regras são aplicadas do modo Single Payer, com a diferença que os dois jogadores dividirão o espaço, podendo inclusive utilizar cura em seu parceiro para revivê-lo caso esteja em apuros. Os combos e pontos são contados separadamente, mas há um contador geral no centro para facilitar a contagem total.
No modo Versus, jogadores poderão testar suas habilidades e coordenação motora com a própria CPU ou online contra outras pessoas do mundo todo. O interessante aqui fica por conta da barra de Tricks, que ao encher causará um efeito negativo em seu oponente, como esconder ou dobrar os círculos para confundir, deixar inimigos invisíveis e muito mais. Há um medidor no parte inferior da tela, para indicar quem está ganhando.
Customizações? Sim, temos
Já é de costume em todos os Kingdom hearts haver algum tipo de customização e sintetização de itens pelo Moogle, personagem carismático da série. Na loja, você poderá criar itens para utilizar durante as músicas, como poções para curar, aumentar o drop de materiais, experiência em dobro e até um pingente para invocar Mickey no início da batalha, ajudando o grupo com cura, aumento de pontos e muito mais. Também é possível fabricar cartas que liberam músicas novas que não estão presentes no modo história, como as músicas-tema dos personagens.
Por fim temos a tela para seleção de equipe, onde você poderá durante sua aventura desbloquear novas equipes e selecioná-las como jogáveis. Este é um dos pontos menos inspirados do jogo, pois não há como criar uma equipe única com líderes diferentes e nem alterar estética dos personagens, como roupas, acessórios ou Keyblades.
Um concerto em forma de jogo
No final, Kingdom Hearts: Melody of Memory cumpriu seu papel como jogo de homenagem à saga, que por enquanto está encerrada até o lançamento de mais um jogo da série principal . A seleção do acervo musical é impecável e praticamente todas as canções marcantes estão presentes aqui, além de versões arranjadas como extra. Todas as músicas são baseadas apenas em seus jogos originais, o que poderia levantar o questionamento do porquê de não incluir as trilhas orquestradas e refeitas, presentes nas coletâneas 1.5 e 2.5 lançadas nesta geração. Com isso, a seleção musical seria considerada perfeita, o que infelizmente não é o caso.
Mesmo com alguns pontos já citados que poderiam melhorar, o jogo é um prato cheio para os amantes de jogos musicais, impressionando pela sua experiência sólida como gênero rítmico. Os fãs da série inicialmente estranharão o modo história – mesmo não sendo este o foco do jogo – por parecer uma reciclagem do que já foi contado nos títulos anteriores, porém nos momentos finais lembrarão que o diretor Tetsuya Nomura sempre guarda uma carta na manga para deixá-los entretidos e ansiosos pela próxima aventura.
Esta review foi feita com uma cópia de PS4 cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong