Como muitos podem não saber, a Capcom possui um histórico bastante aclamado em termos de jogos para máquinas de arcade. Nos anos 80 e 90 muitos sucessos marcaram época nestas plataformas, assim como vários títulos que, provavelmente, a maioria conheceu apenas nos consoles de mesa como Final Fight e Captain Commando.
Finalmente fazendo sua estreia no PS4, PC e Xbox, após seu lançamento no Nintendo Switch, o Capcom Arcade Stadium traz consigo uma coletânea imensa de vários games da empresa em um só lugar – ou 3 pacotes vendidos separadamente -, por uma bagatela de R$ 169,00 (no Xbox One), com muitos recursos úteis e bem-vindos para serem usados durante a jogabilidade.
Desenvolvimento: Capcom
Distribuição: Capcom
Jogadores: 1-4 (local)
Gênero: Ação, Luta, Arcade, Multiplayer, Tiro
Classificação: 14 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: PS4, Switch, Xbox One, PC
Duração: Sem registros
Pérolas conhecidas, e outras escondidas
Capcom Arcade Stadium resgata jogos que eu já conhecia, porém, apenas em suas versões para consoles da época como o SNES e o Mega Drive (ou SEGA Genesis). O pacote é uma grata surpresa para mim, já que muitos desses games já não são mais oferecidos com um fácil acesso através de “meios legais”, sem falar que suas respectivas versões de arcade possuem menos limitações, algo muito presente no Super Nintendo e Mega Drive. Títulos como, por exemplo, Captain Commando permitem aqui até 4 jogadores simultaneamente na tela, contra apenas 2 em suas versões para consoles.
O menu principal da coletânea permite alguns recursos interessantes, como separação por gênero de jogos e a possibilidade de colocar aqueles seus games preferidos em uma seção de favoritos, dispensando a busca de cada um deles manualmente. Temos aqui três gêneros ao todo, Luta, Tiro e Ação, contendo títulos, em sua maioria, com suas versões japonesas e norte-americanas. Além de tudo, é possível adquirir os três pacotes individualmente, assim todo mundo consegue optar por aquilo que mais lhe agradar. Os conteúdos existentes em cada um deles são:
Pack 1: Dawn of the Arcade (’84 ’88)
- Vulgus
- Pirate Ship Higemaru
- 1942
- Commando
- Section Z
- Tatakai no Banka
- Legendary Wings
- Bionic Commando
- Forgotten Worlds
- Ghouls ‘n Ghosts
Pack 2: Arcade Revolution (’89 ’92)
- Strider
- Dynasty Wars
- Final Fight
- 1941: Counter Attack
- Senjo no Okami II
- Mega Twins
- Carrier Air Wing
- Street Fighter II: The World Warrior
- Captain Commando
- Varth: Operation Thunderstorm
Pack 3: Arcade Revolution (’92 ’01)
- WARRIORS OF FATE
- STREET FIGHTER II’ – Hyper Fighting –
- SUPER STREET FIGHTER II TURBO
- Powered Gear – Strategic Variant Armor Equipment
- CYBERBOTS – FULLMETAL MADNESS
- 19XX – The War Against Destiny
- Battle Circuit
- Giga Wing
- 1944 – The Loop Master
- Progear
Recursos modernos para atualizar experiências old school
Em termos de recursos modernos, Capcom Arcade Stadium apresenta alguns elementos bastante interessantes. O meu preferido, certamente, é a função de rebobinar alguns segundos, o que permite “manipular” os resultados de acordo com sua vontade, mostrando-se bastante útil em games de luta como Street Fighter II, no qual tenho muitas limitações na questão de “ser bom” (risos).
Também há a amada função de save state, possibilitando criar saves em até 32 slots de salvamento de qualquer jogo presente aqui. Por último, mas não menos importante, existe um comando para acelerar ou desacelerar a jogabilidade, o que, infelizmente, acaba distorcendo os efeitos de áudio e a música de fundo, algo comum em emuladores genéricos que eu não esperava que ocorresse aqui. Já vi outros pacotes de jogos clássicos e remasters fazerem isso de forma que não prejudica a parte sonora, como Final Fantasy XII Zodiac Age.
Minha melhor descoberta foi o jogo japonês Powered Gear, que jamais foi lançado nas Américas. Nele, controlamos robôs gigantes e podemos ter até 3 pessoas na tela lutando contra inimigos, cenário após cenário, em um game de Beat ’em Up de altíssima qualidade.
Como um extra, todas as ROMs acompanham um modo desafio especial com condições modificadas, com direito a um ranking mundial, além de um modo com tempo, contendo uma competição baseada em desafios contra o relógio – também com um placar geral. Por fim, podemos escolher a dificuldade de cada game, filtros para tela e modos de visualização do gabinete virtual, sendo possível removê-lo completamente para uma experiência mais fiel à sua visualização original.
Por fim, existe um sistema de pontos interno chamado CASPO. Esta pontuação é adquirida simplesmente jogando os jogos de forma regular ou hardcore, fazendo pouco uso de continues, evitando o uso de recursos de trapaça, completando o jogo em menos tempo e afins. O placar simplesmente serve para comparação com jogadores do mundo todo, para ver quem é o melhor em certos títulos.
Oportunidades perdidas e falta de compras individuais
Por mais que seja um pacote generoso com vários games que muita gente tem uma paixão por eles, ainda fica um gosto amargo na questão multiplayer online. O co-op local é competente e muito bem-vindo, porém, é muito estranho não existir uma opção de jogar com pessoas através da internet, em tempos que o online é algo tão presente, e certamente não foi por falta de orçamento, considerando que a Capcom é uma empresa gigantesca. Fica aqui a minha crítica em relação a esse recurso existente tão necessário, que já existe há tempos em “competidores” do submundo da emulação.
Tratando-se da parte mais crítica, é impossível adquirir individualmente jogos existentes na coletânea. Portanto, se você tem apego por apenas 2 ou 3 títulos existentes aqui, pode esquecer: ou você compra o pacote que contém esse game em particular ou fica “a ver navios”. Até o momento da publicação desta análise, a Capcom não disponibilizou essa opção de compra de títulos individuais.
É maravilhoso ter o produto oficial, mas…
Sem dúvidas é incrível ter um pacote com todos os jogos legados da Capcom, porém, mesmo assim é preciso dizer que recursos mais interessantes como o multiplayer online teriam sido muito mais bem-vindos. Existe uma concorrência forte já neste ramo quando se trata de emulação oficial, como é o caso da Nintendo. A gigante japonesa, na minha opinião, está dominando fortemente este campo nos dias atuais, através de seus apps SNES e NES que vem junto com a assinatura do Switch online, além de permitir um multiplayer através da internet de forma magistral.
É muito bacana poder revisitar clássicos de empresas e conhecer produtos que passaram batido em nossa infância e adolescência – ou até mesmo antes de eu ter nascido. Porém, fica um gosto amargo na boca essa obrigação de ter que adquirir pacotes caso tenha interesse em algum jogo em específico. Quer ter apenas o Final Fight para relembrar os bons tempos e conhecer sua versão para máquinas Arcade? Pode esquecer. Cada pacote está custando R$ 62,00 no Xbox One, até o momento desta publicação. Já o conjunto com os 3, R$ 169,00.
Cópia de Xbox One cedida pelos produtores
Revisão: Kiefer Kawakami