Em um reino mágico, chamado Ozryn, bruxas e anões vivem em harmonia. Uma barreira mágica e impenetrável os separa dos goblins, mas essas bruxas não são normais. Magia é coisa do passado, pois bruxas modernas usam armas de fogo.
Desenvolvimento: Rainbite
Distribuição: EastAsiaSoft
Jogadores: 1-2 (local)
Gênero: Ação, Aventura, Tiro, RPG
Classificação: 12 anos
Português: Não
Plataformas: PS4, PC, Xbox One, Switch
Duração: 8h (campanha)
Se o Link tivesse muita raiva…
É isso mesmo que você leu: Trigger Witch apresenta a história de Colette, uma bruxinha que acorda no dia de seu exame de graduação para o The Stock, uma espécie de guarda protetora do reino. Ao receber – de forma brusca demais – sua primeira arma, Colette acaba nocauteada e sente a presença de uma figura nefasta, que atravessa a barreira impenetrável entre os reinos. Cabe à protagonista enfrentar e frustrar os planos malignos do tal “homem encapuzado”.
Trigger Witch tem uma ambientação fantástica. Colette navega por um mapa bem grande, diversificado, com biomas padrão (montanhas, nevascas, florestas, cavernas, praias, desertos) e diferenciados (fábricas, pântanos, acampamentos). O visual do jogo é todo 16 bits, inspirado bastante em A Link to the Past. O diferencial fica nas animações dos inimigos. Além de super dinâmicas, ao receberem chumbo, os inimigos cospem literais baldes de sangue, deixando até mesmo Quentin Tarantino espantado pela quantidade. O título ainda conta com um Piñata Mode, trocando a carga violenta por confetes, serpentinas, doces e balas coloridas. Um ponto extremamente positivo para que jogadores novos consigam aproveitar.
O destaque na minha opinião é a trilha sonora. Além de extremamente cativante, é muito bem feita. Ao encontrar um grupo de inimigos, Trigger Witch muda o timbre dos instrumentos. O que antes era chiptune e agradável, como as músicas de Pokémon, se torna uma sinfonia de guitarras e baterias, com acordes e notas rápidas, porém, mantendo a mesma música exatamente no mesmo ponto. A transição é feita de forma completamente sutil e combina bastante com o ritmo do jogo, que é frenético nos encontros e exploratório fora deles.
Colette consegue usar várias armas. O destaque principal é sua Hand Cannon, inspirado num revólver Colt Python .357 Magnum, a qual está sempre com ela, e é a única que consegue ser recarregada manualmente, já que todas as outras necessitam de um tempo para poderem ser recarregadas – e de forma automática. O arsenal da protagonista ainda conta com armas fidedignas às originais, como AK-47, M249, Uzi, e até mesmo uma inspirada no infame lança-chamas lançado por Elon Musk.
A protagonista, além de usar poções que recuperam sua força vital, e que se abastecem com o sangue de seus inimigos, ainda consegue fazer uso de uma das poucas mágicas que não foram esquecidas por suas antepassadas: o dash. Amplamente utilizado por mim para ultrapassar inimigos (com seu milésimo de invencibilidade) e para se locomover durante a jornada, não podia ter exceção mágica melhor para ser usada num jogo desses.
Arma emperrada? Aqui não!
Trigger Witch conta com alguns problemas. Apesar da trilha sonora ser maravilhosa, ela infelizmente é curta. E nesse gênero, de exploração, você vai ouvir ela se repetir bastante. Isso é horrível, principalmente quando é a sexta vez que você está ouvindo a mesma música, e ainda está no começo da dungeon.
O sistema de twin sticks pra mirar é bem intuitivo, e combina perfeitamente com o andar (ou melhor, correr) do jogo. Porém, tive alguns problemas com ele. Mirar em inimigos à distância acaba sendo bem chato, pois a menor vibração no analógico já muda completamente a trajetória do projétil. O último ponto negativo é que ainda não existe suporte a português brasileiro, mas espero que isso seja corrigido em atualizações futuras.
A história é genérica no início, com algumas piadas infames (como o próprio nome da protagonista) que dão um toque humanizado à obra, mas o verdadeiro final é de quebrar a cabeça completamente. O “balisticismo” realmente domina o reino de Ozryn, e ver Colette cumprir seu papel, como a futura líder do The Stock, (como suas antepassadas) “sentando o dedo” nos inimigos é realmente satisfatório.
Melhor ainda é enfrentar os chefes. Toda a criatividade dos envolvidos com a produção de Trigger Witch foi utilizada aqui, com certeza. De dragões de aço, até bullies da época de escola, os chefes de Trigger Witch são únicos, diferentes e divertidos.
Resumo da ópera
Trigger Witch é extremamente divertido, dinâmico, rápido, e indicado para jogadores afins de simplesmente travar o dedo e relaxar. Se você gosta de jogos com mecânicas inovadoras, chefes criativos, e histórias pra lá de malucas, definitivamente deve jogar esse jogo, que surpreende pela qualidade, direção de arte, trilha sonora, temática e criatividade. Um carro chefe de um estúdio indie.
Cópia de PS4 cedida pelos produtores.
Revisão: Jason Ming Hong.