DreadOut 2 foi desenvolvido pelos estúdios Digital Happiness e Kittehface e é um survival horror que tem fortes inspirações em Fatal Frame e em um dos meus games favoritos do PS2, Obscure.
Após os bizarros acontecimentos experienciados por Linda no primeiro DreadOut, ela se vê obrigada a enfrentar monstros muito piores do qualquer coisa que pudesse imaginar, os resquícios do seu passado e as consequências de suas escolhas. Contando apenas com seu celular para se orientar, e uma quantidade limitada de armas para defesa pessoal, Linda precisa urgentemente encontrar respostas e escapar de mais um tenebroso pesadelo.
Desenvolvimento: Digital Happiness, Kittehface
Distribuição: Digerati
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura, Terror
Classificação indicativa: 14 Anos
Português: Não
Plataformas: PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S
Duração: 6 horas (campanha)/8 horas (100%)
Traumas passados, traumas presentes
Imagine perder todos os amigos em um evento trágico e ser considerado culpado por tal perda. É exatamente assim que Linda, nossa protagonista, se encontra. Os colegas de escola a evitam e, a todo momento, tentam explicitar que ela não é mais bem-vinda em seu ambiente escolar.
Infelizmente, para nós jogadores, a narrativa é fraca e em diversos momentos falha miseravelmente em impactar quem está na frente da TV, seja por conta da fraquíssima qualidade da dublagem ou até mesmo pelas expressões dos personagens serem dignas de esquecimento e desprezo. Em diversos momentos os personagens ficam mudos, e devemos acompanhar as conversas pelos textos que aparecem na tela, o que acabou me tirando completamente do clima que os desenvolvedores tentaram criar.
Um presente do futuro
Com a chegada dos smartphones, o uso de câmeras digitais caiu em desuso tão rápido quanto a utilização de transferências bancárias após a chegada do PIX. Admita: quando você descobre que a loja de R$1,99 não aceita PIX, você cogita a possibilidade de ir embora sem levar o produto, pois utilizar dinheiro físico, cheques ou transferências, assim como faziam na época em que minha avó tinha dente, pode ser levado como uma ofensa.
Para mostrar que não estão desatualizados, os desenvolvedores optaram por adicionar o uso do celular, não apenas para consultar notas e objetivos, mas também para que a câmera pudesse ser utilizada para derrotar fantasmas e atordoar monstros com a exposição ao flash. Mecânicas já vistas em outros jogos de terror conhecidos pelo grande público. Além disso, para combater os inimigos, Linda contará com armas espalhadas pelos cenários e seu bracelete a alertará sobre atividades paranormais na área.
Podemos ir e vir por diversos locais, que, em sua maioria, são bem detalhados, levando em consideração o orçamento do projeto. Mas eles não se destacam entre outros títulos de terror indies no mercado. Os gráficos são ultrapassados e muitos objetos apresentam proporções esquisitas e completamente irreais de suas versões no mundo real, mas os problemas visuais não acabam por aqui, pois as texturas dos pisos e da água são muito estranhas, e parecem uma camada plana ilustrada por um adolescente, tirando completamente o foco do jogador dos acontecimentos narrativos.
Eu quero sair daqui!
Não existe nada mais frustrante em um jogo de terror do que enfrentar inimigos que são limitados e completamente inertes ao ambiente. Infelizmente, em DreadOut 2, estas situações são mais comuns do que encontrar palha em um palheiro. Perdi a conta de quantas vezes precisei reiniciar o checkpoint depois de ficar preso em uma sala em que os inimigos ficaram plantados em frente a porta, ignorando completamente a possibilidade de entrar no cômodo, ou me surpreender na saída. Apesar da variedade de monstros, a equipe de desenvolvedores preferiu entregar inimigos em grande quantidade, mas com qualidade irrisória. O que é triste, pois cada inimigo possui um pequeno texto explicando suas origens e características únicas.
Outro ponto que desejo destacar é a falta de precisão nos controles, principalmente durante os combates. Seja utilizando a câmera do celular nos fantasmas ou os golpes com armas brancas, Linda demora muito para executar as ações desejadas, e acaba comprometendo a sobrevivência do jogador. É inaceitável que, em um jogo que estimula o combate, você seja prejudicado porque o personagem não reage da maneira esperada em meio às adversidades.
Se tudo isso não bastasse, ainda devemos enfrentar o maior inimigo de um jogador: as quedas de quadros por segundo. Mas não ache que se tratam de pequenas quedas, pois o que suportamos durante a campanha foi um verdadeiro show de horrores. Quando mais de três inimigos aparecem na tela a taxa de atualização despenca, os controles ficam piores e a vontade de jogar se esvai. Praticamente todas as minhas mortes foram causadas por conta dos problemas de desempenho, que praticamente extinguiram meu interesse inicial no universo criado pela Digital Happiness.
Problemas, problemas e problemas
Posso afirmar que, se não fosse a minha fragilidade com jogos que contém espíritos e fantasmas, certamente eu não ficaria tenso em momento algum da minha jogatina, pois era comum me zangar com os diversos problemas que testemunhava conforme explorava os cenários. Controles pouco responsivos, problemas de renderização constantes, inteligência artificial nefasta, somados a uma “pessimização” no desempenho, comprometeram por completo minha experiência em DreadOut 2.
Problemas de desempenho, jogabilidade caótica, gráficos ultrapassados e personagens sem carisma: misture tudo e o resultado será o recém-lançado DreadOut 2. Se você busca uma experiência de terror que absorva tudo do jogador e forneça momentos empolgantes e uma atmosfera mágica, com toda a certeza você não encontrará por aqui. DreadOut 2 é tudo, menos um game finalizado.
Cópia de Xbox One cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong