Em 1999, foi lançado Resident Evil 3: Nemesis, conhecido no Japão como Biohazard 3: Last Escape. O terceiro capítulo numerado da série de maior sucesso do gênero survival horror nasceu como uma ideia de ser apenas um spin-off, mas, devido a questões contratuais com a Sony, acabou ganhando uma numeração e se tornando um clássico entre os fãs. Agora, 25 anos depois, o título faz sua reestreia no PC, na loja de jogos digitais GOG.
Desenvolvimento: Capcom, GOG
Distribuição: Capcom
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Terror
Classificação: 18 anos
Português: Não
Plataformas: PC, PS1, Dreamcast, GameCube
Duração: 7 horas (campanha)/13 horas (100%)
É como andar de bicicleta: nunca esquecemos
O sentimento de estar no menu do jogo, selecionar “new game” e, em seguida, ouvir aquela voz grave dizer “Resident Evil” me trouxe uma boa nostalgia (aquela nostalgia da infância ), ao mesmo tempo que uma pergunta pairava no ar: será que eu ainda conseguiria jogar bem com os controles “tanque”? Mas, assim que o jogo começou e a Jill precisou fugir dos zumbis, meus dedos automaticamente foram para os direcionais, junto com o botão de correr.
Em Resident Evil 3: Nemesis, controlamos Jill Valentine, uma das protagonistas do primeiro jogo, que não havia aparecido no segundo título da franquia de horror. A explicação é que esta terceira aventura se passa um dia antes e um dia depois dos eventos de Resident Evil 2. Desta vez, Jill está sozinha, tentando desmascarar a Umbrella Corporation, já que seu amigo Chris Redfield foi até a Europa para descobrir mais sobre a empresa. Ela até forma uma aliança com outro personagem, mas, na maior parte do jogo, é apenas ela que pode salvar a si mesma.
Stars!
O terceiro capítulo numerado da franquia também trouxe um vilão perseguidor que causaria traumas em jogadores de primeira viagem: o imponente Nemesis, cujo nome está no título. Da era clássica, o brutamontes é, sem dúvida, o chefe de maior destaque, já que ele persegue Jill em vários momentos da jogabilidade, correndo para atacá-la ou disparando com sua bazuca. Tudo isso enquanto você ainda precisa lidar com inimigos como zumbis, cachorros, entre outros.
Foi a primeira vez que tivemos um jogo da franquia ambientado, na maior parte do tempo, nas ruas de Raccoon City, o que conferiu uma característica única ao título até então. Em certos trechos, você enfrenta hordas de monstros, enquanto em outros, sente a solidão de Jill em sua tentativa desesperada de escapar da cidade. Nesses momentos, o som do vento ou os gritos distantes de pessoas sendo atacadas intensificam a tensão. Essa mistura de suspense e melancolia é algo que apenas Resident Evil 3: Nemesis consegue proporcionar.
Escolhas e modo Mercenarios
Resident Evil 3 trouxe momentos críticos em que você precisa tomar decisões rápidas que podem alterar o curso da campanha . Esse recurso foi um acréscimo muito bem-vindo, pois ele aumentou o fator replay, apesar do jogo contar com apenas uma campanha — diferente de seus antecessores, que ofereciam duas campanhas cada.
Para prolongar ainda mais a experiência, tivemos pela primeira vez o modo Mercenários. Embora seja bem diferente das versões vistas nos jogos posteriores, nesse modo você tem um tempo limitado para completar um trajeto, resgatar pessoas e fazer combos que aumentam o tempo disponível para concluir a missão. Ao completar os desafios, o jogador ganha dinheiro para comprar armas mais poderosas.
Versão da GOG tem acerto e erros sem sentido
O relançamento de Resident Evil 3 para PC trouxe diversas opções de resolução, desde 480p até 4K, embora, no meu caso, o 4K tenha apresentado erros e não funcionado corretamente. Além disso, o jogo oferece a proporção de tela original com as clássicas barras pretas laterais (4:3) ou tela cheia (16:9), para se adequar às TVs atuais. Outro ponto interessante é a possibilidade de pular as animações das portas, bastando apertar o botão de ação. Embora a animação das portas se abrindo seja um fator nostálgico, após meia hora de jogo, você já não quer mais esperar por elas toda vez que precisa entrar em um novo ambiente. E aqui todas as roupas extras já estão desbloqueadas desde a primeira jogatina.
Apesar disso, há algumas limitações. Não existe um botão de “pause” propriamente dito, mas isso é contornado ao abrir o inventário. O maior problema, no entanto, é a ausência de opções de configuração dentro do jogo, o que impede a ativação de legendas ou até mesmo da vibração no controle. Jogar sem a vibração tira um pouco do impacto, especialmente nos sustos e ao atirar. O clássico momento em que Nemesis pula pela janela, por exemplo, não tem o mesmo impacto sem a vibração — e, claro, porque já sabemos onde ele pode aparecer.
Envelheceu como um bom vinho
Resident Evil 3 é um marco para os jogos de survival horror e certamente encerra a primeira trilogia clássica da série com chave de ouro. Temos aqui uma protagonista feminina icônica e um perseguidor implacável em seu encalço pelas ruas e becos de Raccoon City. Embora os controles “tanque” possam não ser atrativos para os jogadores mais jovens, o jogo é uma verdadeira lição de como criar uma campanha curta com alto fator de replay. No entanto, esta versão da GOG não receberá a nota máxima nesta review devido a alguns problemas pontuais.
Cópia de PC adquirida pelo autor
Revisão: Julio Pinheiro