ARC Raiders é um shooter multijogador com foco em extração e confrontos táticos que oferece momentos intensos e visuais impressionantes, mas também carrega decisões de design e problemas de balanceamento que podem frustrar jogadores mais exigentes.
Desenvolvimento: Embark Studios
Distribuição: Embark Studios
Jogadores: 1-21 (online)
Gênero: Tiro, Ação, Aventura
Classificação: 14 anos (violência, linguagem imprópria)
Português: Interface e legendas
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series X|S
Duração: 40 horas (campanha)/120 horas (100%)
Acordando no fim do mundo

Os jogadores encarnam os Raiders, sobreviventes que se arriscam na superfície para saquear tecnologia e suprimentos vitais. A motivação não é só lucro: é sobrevivência, memória e, às vezes, vingança. A própria mecânica de risco e recompensa do jogo serve como narrativa: perder o loot é perder pedaços da própria história, e voltar com sucesso é escrever um novo parágrafo para a comunidade subterrânea.
No jogo, as máquinas dominam a superfície, humanos vivem nas profundezas e voltam à superfície para roubar o que resta. É uma premissa simples e cruel que funciona como um loop mortal. Por um lado, a ideia é sedutora, mas por outro, ela te lembra que cada passo pode ser o último. Essa tensão é o motor do jogo e faz o coração bater mais rápido quando o alarme começa a tocar.
A história em ARC Raiders não é contada em longos monólogos, mas em terminais, diários, e ambientes que sussurram o que aconteceu. Esses fragmentos sugerem uma queda gradual, com experimentos, falhas, uma ascensão das máquinas que virou rotina e depois catástrofe. A história é mais sugestiva do que explicativa, convidando o jogador a montar o quebra-cabeça enquanto luta, e isso cria um efeito de prenúncio constante, como se cada ruína guardasse um segredo prestes a explodir
Risco e recompensa

A jogabilidade mistura elementos jogos de extração com tiroteios de alta intensidade. Cada encontro exige atenção à munição e posicionamento, e a sensação de risco, de perder o que foi coletado ao morrer, aumenta a adrenalina. O jogo favorece a cooperação em esquadrão e decisões rápidas, mas também pode punir severamente erros individuais, o que nem sempre agrada a todos os públicos.
Inimigos mecânicos têm comportamentos distintos, que forçam o jogador a aprender padrões e adaptar táticas, dando profundidade às partidas e criando momentos memoráveis quando uma equipe consegue superar um encontro difícil. Há também um sistema de saque e gerenciamento de inventário que alimenta a progressão entre incursões, reforçando a sensação de risco versus recompensa.
Os controles respondem bem na maior parte do tempo: mira, movimentação e habilidades especiais têm resposta satisfatória, o que é crucial num shooter competitivo. Ainda assim, alguns relatos apontam inconsistências em situações de latência ou em interações com o ambiente, que podem quebrar a fluidez do combate em partidas online mais carregadas.
Beleza em ruínas

Quando você entra em ARC Raiders, parece que a própria Terra acordou: tudo range, chiado metálico no ar, e a paisagem parece um quadro queimado. Visualmente, ARC Raiders é um cartão postal de destruição bem produzido. Cenários devastados, máquinas com design caprichado e efeitos de luz que cortam a escuridão contribuem para uma estética que mistura beleza e desespero. A paleta de cores costuma ser fria, metálica, com estalos de neon que lembram cicatrizes. Em cenas de ação, partículas e explosões fazem “boom” e enchem os olhos. A direção de arte ajuda a vender a ideia de um ecossistema hostil e alienígena.
O som é um personagem à parte. Passos, zumbidos mecânicos, alarmes geram uma sensação de perigo iminente. A trilha sonora entra nos momentos certos: cresce quando a situação aperta, mas recua quando você se esconde. Efeitos sonoros bem trabalhados ajudam a localizar inimigos e a sentir o peso das armas. Em partidas com fone, o jogo vira quase um teatro de sombras sonoras: um “tic-tac” aqui, um “clank” ali, e você já sabe que tem problema vindo.
Contando a história
No fim das contas, ARC Raiders é um jogo que tem alma: ele te arranca suspiros, te faz xingar, te dá vitórias que ficam na memória. Tem momentos de brilho puro, com encontros que viram histórias para contar, e tem momentos de frustração que pedem paciência. Se você gosta de risco, de trabalhar em equipe e de sentir que cada recurso conquistado vale sangue e suor, vai encontrar muita coisa boa aqui. Se prefere partidas leves e sem compromisso, talvez seja melhor procurar outro jogo.
Cópia de Xbox Series X adquirida pelo autor
Revisão: Júlio Pinheiro




