Anima: Gate of Memories I&II Remaster capa

Review Anima Gate of Memories I & II Remaster (Xbox Series S) – Um RPG de ação disfarçado de Hack ‘n’ slash

Anima Gate of Memories I & II Remaster reúne dois dos action RPGs independentes mais peculiares da última década (para PC, Xbox One e PS4), retornando como um pacote único que combina ambição, jogabilidade inspirada em títulos como DmC, narrativa densa e um estilo artístico imediatamente reconhecível. A franquia apresenta uma porção de sistemas e escolhas de design que oscilam entre o engenhoso e o frustrante. Mesmo assim, poucas séries conseguem capturar tão bem a sensação de um projeto feito com amor, cheio de identidade.

Desenvolvimento: Anima Project
Distribuição: Anima Publishing
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, RPG, Aventura
Classificação: 12 anos (Violência, Linguagem Imprópria)
Português: Não
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series, Switch 2
Duração: 20 horas (campanha)

Duas histórias, um mesmo coração

Segundo jogo tem uma história bem cativante
Segundo jogo tem uma história bem cativante

O pacote inclui os dois Anima: o primeiro Gate of Memories e The Nameless Chronicles, ambos remasterizados. O primeiro acompanha a Bearer — uma jovem sem memória — e o demoníaco Erggo Mundus, selado em um livro falante. A dupla funciona como uma espécie de parceria entre sarcasmo e tensão, viajando até a Tower of Arcane para recuperar um artefato roubado. A torre funciona como um hub que leva a diversas regiões distorcidas, cada qual com sua própria história fragmentada para montar.

Já o segundo Anima não é uma sequência tradicional, e sim uma narrativa paralela vivida pelo Nameless, antagonista do primeiro título. Jogar com ele revela motivação, passado e contexto para diversos eventos, reinterpretando a história principal vista por outra perspectiva. Essa construção narrativa é provavelmente o maior triunfo da duologia: densa, misteriosa e carregada de lore. Ao mesmo tempo, seu maior calcanhar de Aquiles é a entrega. O roteiro é exagerado e a dublagem — tão comentada pelos fãs — ainda está entre as mais engessadas e inexpressivas da cena indie. Nada disso foi revisado no remaster.

Combate ambicioso, execução limitada

Primeiro jogo mostra os primórdios da duologia e é aconselhado a ser jogado primeiro
Primeiro jogo mostra os primórdios da duologia e é aconselhado a ser jogado primeiro

A intenção é clara: ser um action RPG rápido, mais próximo de Devil May Cry do que de um hack and slash tradicional. No primeiro Anima, você alterna instantaneamente entre Bearer e Erggo, usando magias e ataques pesados para formar combos. No segundo, o combate é mais focado, construído em torno do Nameless e de suas transformações.

Na prática, tudo funciona… mas com limitações. As animações são rígidas; o impacto dos golpes é discreto e mal sentido; a esquiva carece de precisão e não funciona bem; e a câmera frequentemente trabalha contra você. Os hitboxes são irregulares e estranhos, o que gera mortes injustas, e as plataformas exigem saltos que não condizem com a física flutuante presente aqui. Como remaster, não há aprimoramento desses pontos — os problemas mecânicos permanecem intactos, apenas com mais resolução e estabilidade.

Mundos belos, mas vazios

Comparação impressiona e mostra várias mudanças visuais
Comparação impressiona e mostra várias mudanças visuais, mas mundo ainda é vazio

Visualmente, o cel-shading continua encantador. Existem cenários marcantes, como mansões góticas repletas de marionetes ou desertos repletos de estruturas colossais. A trilha sonora também permanece excelente, reforçando o mistério e a fantasia com competência. O remaster deixa tudo mais nítido e limpo, mas também deixa mais evidente o quanto certos ambientes são vastos e vazios.

A navegação nesses espaços é prejudicada pela ausência de orientação clara. Não há quest log, objetivos claros ou minimapa úteis, apenas textos de lore que precisam ser interpretados com cuidado. Para quem gosta de design antigo e opaco, isso pode soar charmoso; para quem espera fluidez, vira uma barreira considerável.

Bonito e interessante, mas frustrante

Anima Gate of Memories I & II Remaster é uma experiência fascinante, estranha e profundamente imperfeita. Ainda é uma duologia cheia de identidade, ideias ousadas e lore memorável, mas também repleta de coisas truncadas, controles limitados e escolhas mecânicas que não envelheceram bem. Como pacote, vale pela curiosidade, pelo preço acessível e pela oportunidade de (re)visitar dois títulos únicos — desde que você esteja preparado para suas falhas.

Cópia de Xbox Series X|S cedida pelos produtores

Anima Gate of Memories I & II Remaster

6.5

Nota final

6.5/10

Prós

  • Puzzles adicionam à jogabilidade
  • Mundo interessante e curioso
  • Gráficos cel-shading funcionam bem
  • Performance de 60 fps
  • Boa trilha sonora

Contras

  • Narrativa e dublagem ultrapassadas
  • Física frustrante demais
  • Ambientes vazios
  • Câmera terrível
  • Combate truncado