Black Myth: Wukong

Review Black Myth: Wukong (PC) – Extremamente fascinante

Mais de 25 milhões de cópias vendidas, um faturamento bilionário e uma sucessão de recordes na Steam e nas redes sociais: Black Myth: Wukong é, tranquilamente, um dos maiores fenômenos da história dos videogames. O primeiro grande lançamento da Game Science leva um clássico literário para os jogos com tanta excelência a ponto dele ser o principal expoente de um novo segmento da indústria chinesa, que está numa ascensão sem fim. Toda essa repercussão é mais do que justificada, embora o título pudesse ser uma experiência melhor em vários aspectos – como, por exemplo, sua otimização para a versão de PC.

Desenvolvimento: Game Science

Distribuição: Game Science

Jogadores: 1 (local)

Gênero: RPG, Ação

Classificação: 16 anos (linguagem imprópria, violência)

Português: Interface e legendas

Plataformas: PC, PS5

Duração: 38 horas (campanha)/67 horas (100%)

Um clássico nos jogos

Cena de Black Myth: Wukong

Com uma narrativa baseada em Jornada ao Oeste, Black Myth: Wukong coloca os jogadores no papel do Predestinado, que tem a missão de reunir seis artefatos para trazer Sun Wukong, o Rei Macaco, de volta a vida – ele foi derrotado numa batalha e selado dentro de uma rocha no prólogo do jogo. A jornada se desenrola partindo dessa premissa, com uma jogabilidade que mistura as mecânicas tradicionais de um RPG de ação com um combate (e dificuldade) oriundo do estilo dos soulslikes.

A gameplay consiste em derrotar chefes para liberar novas áreas dos mapas, que trazem ainda mais chefes que precisam ser eliminados. A campanha é praticamente uma boss rush, com confronto atrás de confronto. Porém, eles são bem espaçados e não surgem em sequência direta, então há um bom espaço para a exploração e para duelos contra oponentes mais fracos.

É um soulslike

Mapa de Black Myth: Wukong

Naturalmente, Black Myth: Wukong incorpora o pior e o melhor dos soulslikes em sua fórmula, como a estrutura de salvamentos efetivos mais antiquada, baseada em locais de descanso, que servem como pontos de ressurgimento para o Predestinado. O protagonista, logicamente, precisará morrer e tentar matar seus rivais várias vezes, em batalhas grandiosas e metódicas que exigem atenção nos movimentos dos inimigos para reagir corretamente.

A jogabilidade é impactada por um medidor de vigor, que força o jogador a pensar em suas ações, já que esse recurso é valioso para suceder nos duelos. De início, a gameplay é um pouco travada e sem muitas possibilidades de combate, principalmente por conta da falta de skills, que precisam ser liberadas e aprimoradas através de um sistema de níveis. Portanto, é preciso dedicar um bom tempo de jogo tornando o personagem num combatente melhor, derrotando mini chefes e os inimigos comuns que surgem no caminho em direção às grandes batalhas.

Jogabilidade de Black Myth: Wukong

É um sistema de progressão comum e que combina com a jornada do protagonista, mas seria legal ver muitas dessas habilidades já desbloqueadas desde o princípio da jogatina. Várias delas são apenas melhorias de qualidade de vida básicas, que aprimoram skills vitais, como a velocidade do personagem principal ou a stamina gasta ao desviar de um golpe.

Diferenças na jogabilidade

Gameplay de Black Myth: Wukong

A adição de magias e transformações resulta em uma jogabilidade dinâmica e sólida, com um combate que se distingue de suas inspirações com sucesso. O Predestinado pode se transformar em inimigos que enfrentou anteriormente, além de ser capaz de imobilizá-los por um tempinho e até atordoá-los com uma magia que se assemelha ao tradicional parry.

Todas essas funcionalidades podem ser personalizadas pelo jogador, que tem a opção de escolher diferentes posturas de combate e combinações de equipamentos para melhorar determinados atributos. Black Myth: Wukong é carregado totalmente por suas mecânicas de combate espetaculares, mas é importante dizer que mesmo com tanto espaço para customização, é necessário se adaptar às regras do próprio jogo – voltando na questão da dificuldade.

Chefe em Black Myth: Wukong

O jogo é uma experiência desafiadora que recompensa quem tem paciência de tentar matar um mesmo inimigo várias vezes até vencer. É um prato cheio para os fãs da From Software e de outros estúdios que se consagraram nesse gênero, mas como a temática aborda um clássico literário, teria sido interessante algumas configurações para amenizar o nível do desafio e descomplicar as batalhas. Mas, pelo menos, vários dados de atributos são salvos automaticamente, e dá para pausar o jogo – algo que nem sempre pode ser feito em grande parte dos soulslikes, até quando jogados offline.

Visuais impressionantes

Ambientação de Black Myth: Wukong

Black Myth: Wukong é um baita espetáculo audiovisual. A trilha sonora é incrível e todos os mapas, que retratam estágios distintos da aventura do Predestinado, são muito bonitos. Entretanto, eles são prejudicados por um design de fases linear e limitado. Muitas áreas parecem ser acessíveis, mas não são, e só é possível saber se uma região pode ser explorada ou não ao olhar o mapa, pois há paredes invisíveis em toda a ambientação do game. O jogo em si também é fechado, não sendo como Elden Ring no quesito da liberdade no mapa – ou seja, não dá para sair de um confronto na metade e ir até algum outro lugar, porque sempre haverá uma parede invisível na arena da vez que impede a saída.

As cutscenes e as introduções das batalhas são um show à parte, apesar da dublagem em inglês não contar com uma boa sincronização em relação a captura de movimentos faciais dos personagens – sendo recomendável jogar no idioma original, para aproveitar tudo ao máximo. Os desenvolvedores utilizaram uma excelente mistura de efeitos gráficos e ângulos cinemáticos para construir uma apresentação frenética e compatível com a proposta de um jogo de ação. No entanto, mesmo após quase um ano de lançamento, o desempenho da versão de PC é pavoroso.

Versão de PC é triste

Cutscene de Black Myth: Wukong

Infelizmente, Black Myth: Wukong é uma experiência marcada por problemas de pop-in e quedas constantes na taxa de quadros, além de visuais extremamente borrados por causa da necessidade de usar tecnologias de upscaling em suas configurações mais extremas combinadas com a geração de frames, para se ter um desempenho aceitável. Pelo menos, a geração de quadros não provoca um input lag perceptível no game, uma vez que isso certamente atrapalharia a jogabilidade – em compensação, ela prejudica alguns elementos gráficos da apresentação, que passam a rodar numa taxa de quadros menor do que o restante dos cenários.

O grande problema é que, além do jogo ser absurdamente pesado, há diversos travamentos, seja ao longo das cutscenes ou no decorrer da jogabilidade, da exploração e dos confrontos contra os chefes. Morrer porque o jogo travou por alguns breves segundos é uma normalidade, assim como matar um chefe e perder o progresso porque o game crashou durante uma cena.

Crash de Black Myth: Wukong

Nem tudo foi resolvido pelos desenvolvedores, que já lançaram várias atualizações focadas na solução de bugs e problemas de performance – que ainda são insuficientes, claramente. É lamentável, e essas falhas tiram o brilho do que poderia ser uma experiência completamente fenomenal, em todos os aspectos.

Ainda assim, um jogo fascinante

Black Myth: Wukong é um RPG de ação satisfatório, com muitas qualidades, mas com várias limitações. É carregado por sua jogabilidade e pelos gráficos excelentes, mas prejudicado por uma versão de PC altamente questionável. Contudo, o mais interessante é a representação da Jornada ao Oeste feita pelos desenvolvedores, que apesar de ser um dos clássicos da literatura chinesa, não é lá tão popular fora da Ásia. É legal como o game ajuda a difundir essa cultura para um público que nunca teria contato com a obra de outra forma, sendo um título que vale ser prestigiado principalmente por esse aspecto.

Cópia de PC adquirida pelo autor

Black Myth: Wukong

8

Nota FInal

8.0/10

Prós

  • Boa jogabilidade
  • Ótimos gráficos

Contras

  • Desempenho triste
  • Mapas limitados