Tudo começou com SimCity, o jogo que serviu de playground para os planejadores de cidades. Desde então, proliferam diferentes jogos que se propõem a simular aspectos da realidade. Quanto maior a aderência ao mundo real e a verossimilhança, inclusive nas físicas, mais um game se aproxima da simulação.
Bus Driver Simulator é um jogo que se propõe a ser um simulador até mesmo no nome. Bebe na fonte de outros simuladores, como Farm Simulator – simulador de fazenda – e Euro Truck Simulator – simulador de motorista de caminhão. Há também outros menos conhecidos, como Car Garage Simulator (simulador de mecânico), PC simulator (simulador de montagem de computadores) e o Thief Simulator (simulador de ladrão de casas). Aliás, não existe um jogo chamado Bus Simulator?
Desenvolvedor: KishMish Games
Distribuição: Ultimate Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Simulação
Classificação Indicativa: Livre
Português: Não
Plataformas: Switch, PS4, PC, Xbox One
Duração: Sem registro
Um conto de duas cidades
Quando iniciei Bus Driver Simulator no meu Switch, imediatamente percebi que havia sido tapeada. Não era o Bus Simulator, nem o City Bus Driving Simulator. O desconhecido estúdio tem sotaque russo, assim como o texto em inglês das loading screens. Alguma coisa não está certa, acho que caí em um conto, mas vamos adiante.
Bus Driver Simulator oferece duas cidades -Serpukhov, na Rússia, e Colônia, na Alemanha. Por que essas duas, especificamente? O jogo não conta – e se acostume com isso, porque ele não conta e nem ensina muita coisa. Enfim, supostamente são recriações fiéis dessas duas cidades pequenas, foto a foto – muita ênfase em supostamente.
O jogador pode escolher entre 13 veículos, desde um furgão que parece um micro-ônibus até veículos clássicos soviéticos que são desbloqueados aos poucos, conforme você joga e acumula dinheiro das passagens. Para começar é necessário comprar um veículo e escolher as rotas na cidade. Em tese, essa escolha das rotas deveria se basear no tamanho do veículo, no horário de circulação e no consumo de gasolina. Mas isso tudo é em tese; na prática, você compra seu primeiro ônibus e faz algumas viagens na hora do almoço, em que supostamente há menos passageiros, mas ainda assim terá algum “lucrinho”. A simulação está presente apenas no nome do jogo, acostume-se a isso.
Começando do começo em que tudo começa
Acionar os menus para ligar o motor, soltar freio de estacionamento, dar seta e começar a dirigir não tem absolutamente nada de intuitivo. Logo de cara o game entrega ser um port do jogo para PC. O tutorial apresenta os menus por meio de instruções na tela para ligar o motor, acender faróis, acionar parabrisas, acender luzes da cabina, abrir as portas (destaque positivo para o barulhinho hidráulico, característico das portas abrindo), sinalização de seta e de emergência… tudo isso e meu ônibus não saía do lugar. O freio de estacionamento estava acionado e o tutorial não me ensinou a removê-lo. Levei pelo menos quinze minutos para descobrir como desengatar o freio com o botão B. Mais um pouco e eu chamaria o manobrista do estacionamento para soltar o freio para mim, o que eu normalmente faço quando ele puxa demais o freio de mão do carro.
Conduzindo Miss Bus Driver Simulator
Enfim dirigindo, as punições e recompensas são diretas: o motorista precisa respeitar as leis de trânsito, o itinerário, as paradas e principalmente, a duração das paradas, que transcorrem em tempo real. Bus Driver Simulator oferece algumas câmeras para você visualizar o ônibus interna e externamente, o que é útil para acompanhar o tempo de trajeto e o embarque/desembarque de passageiros.
Eu, pessoalmente, achei essa dinâmica (pouco dinâmica) bem relaxante. O problema é outro. Dirigir o ônibus nesse jogo não se parece em nada com dirigir qualquer coisa – não digo nem na vida real, a comparação é com outros games.
Eu só sei que há “física” nesse jogo porque as coisas não estão flutuando na tela. Fora isso, não há sensação alguma de peso ao manobrar o ônibus – que, por sinal, manobra e retorna à posição anterior. Passar por uma lombada, subir na guia, colidir com outro veículo ou atropelar um NPC resulta em sensação zero – são eventos indistinguíveis entre si, exceto pelo valor da punição.
Ah, as vistas!
Normalmente os simuladores de direção oferecem belas paisagens, mas esse não é o caso aqui. Os gráficos são feios e o cenário é construído conforme você avança por ele. O céu é estático (um papel crepom azul colado na tela teria o mesmo efeito) e as pessoas caminham de uma forma estranha. A imersão proporcionada pelo jogo é zero.
Não dá nem para dizer “até que está bonito para o Switch” porque não está bonito nem para o PSOne.
Preso na Matrix de Bus Driver Simulator?
Infelizmente, o jogo não é um simulador – é um simulacro, isto é, uma imitação superficial da coisa real. A trilha sonora é virtualmente inexistente, os efeitos sonoros são ruins e os gráficos são bem fracos. Apesar de tudo isso, o game tem um ponto positivo: jogar uma rota antes de dormir dá um soninho bom. A melhor coisa de Bus Driver Simulator é o momento em que você o desliga.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong