Crime Boss: Rockay City chama a atenção, mas não por motivos bons. Criado pela InGame Studios e publicado pela 505 Games, o game coloca as mecânicas consagradas por Payday em um mundo de bandidagem repleto de personagens interpretados por renomados atores do cinema estadunidense. O problema é que toda a experiência é caótica, desfocada e bugada.
Desenvolvimento: InGame Studios
Distribuição: 505 Games
Jogadores: 1-4 (local e online)
Gênero: Tiro
Classificação: 18 anos
Português: Interface e legendas
Plataformas: PC
Duração: Sem registros
Assaltos e brigas de gangue
Na campanha para um jogador, assumimos o papel de Travis Baker (interpretado por Michael Madsen), o gerente do império criminoso. O objetivo é ter sucesso em tentativas de roubos e dominação de territórios para acumular capital e dominar a cidade em missões rápidas, com objetivos simples e ágeis. Crime Boss incorpora elementos de roguelikes em sua fórmula, dando pouco tempo para controlar os territórios, muitas recompensas e habilidades especiais em cada tentativa, garantindo jogatinas sempre diferentes. Além do modo principal, o jogo tem funções onlines com partidas customizadas e campanhas cooperativas para equipes de até quatro jogadores.
O título conta com um elenco lotado de estrelas dos filmes norte-americanos, embora boa parte delas já estejam aposentadas ou longe do auge de popularidade que tiveram outrora. Michael Rooker, Chuck Norris, Kim Basinger, Danny Glover, Danny Trejo e Vanilla Ice emprestam suas vozes e aparências para os personagens do jogo, que tem um roteiro brega e tosco, influenciado pelos filmes do século passado que consagraram esses nomes.
Tosqueira pura
A história é o pior aspecto de Crime Boss. Apesar de os produtores terem designado bons modelos em 3D, tudo é exibido com animações robóticas fazendo com que assistir às cenas seja um verdadeiro tédio. Ter um elenco recheado de atores famosos não resulta automaticamente em boas performances, já que é perceptível que muitos deles não são acostumados a trabalhar com dublagem. A direção de voz é ruim e não dá o tom correto para as cenas, resultando em interpretações com uma qualidade tão inconsistente e questionável quanto o roteiro apresentado.
A localização de Crime Boss para o nosso idioma tem legendas incompletas, com textos em duas línguas diferentes mostrados de forma simultânea. Algumas linhas exibem até códigos que não foram configurados corretamente, mostrando que faltou finalização e polimento por parte da equipe de desenvolvimento.
Mal feito
Para se dar bem, é vital utilizar táticas furtivas. No entanto, o jogo não possui funcionalidades básicas de shooters, como o crosshair, tornando tarefas comuns como atirar em algo excessivamente difícil e complicado. Os inimigos possuem uma inteligência artificial mal desenvolvida, que quando combinada com um gunplay inacabado, faz com que o título seja uma jornada maçante e chata. As partidas em rede são impossíveis de serem jogadas adequadamente devido ao lag absurdo dos servidores. O modo online não tem muitos jogadores ativos no período de lançamento do game, indicando que o engajamento no futuro não será alto.
Os responsáveis utilizaram a Unreal Engine para entregar mapas pequenos, com visuais de alta qualidade e cores vibrantes. Porém, a versão para computadores é péssima, com carregamentos longos e travamentos durante a jogatina, além de pop-ins constantes dos objetos que compõem os personagens e cenários. Mesmo em configurações técnicas baixas, a performance é deplorável, evidenciando um trabalho de otimização mal realizado.
Não vale a pena
Por tentar fazer várias coisas sem conseguir suceder em nada, Crime Boss: Rockay City é genérico e sem foco. Os produtores tiveram boas ideias, que seriam melhores aproveitadas sob uma direção concisa e sem a presença de celebridades, que não agregam e que apenas inflam o orçamento que deveria ser investido em áreas mais importantes. A equipe planeja incluir conteúdos adicionais por meio de atualizações, mas será difícil ver a experiência virando uma opção divertida que valha o preço cobrado com o passar do tempo.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Ailton Bueno