Nos dias de hoje nós contamos com uma infinidade de jogos, muitos deles tentando buscar seu lugar ao sol em gêneros consagrados como RPGs, ação, aventura, plataforma, luta, tiro, entre outros. Entretanto, existe um nicho que oferece experiências mais criativas e “fora da caixa”. Não há um cuidado com a jogabilidade, visuais ou trilha sonora, mas sim o que importa é a loucura.
É exatamente nesse segundo grupo que se encaixa DEEEER Simulator: Um Jogo de Veado Corriqueiro do Cotidiano (em tradução livre da PSN). Nesse curioso título, podemos vivenciar a incrível sensação de ser um veado destruindo a cidade, lutando contra policiais e questionando a sua própria existência. Enfim, coisas comuns a qualquer cervídeo.
Desenvolvimento: Gibier Games
Distribuição: PLAYISM
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Simulador
Classificação: 10 anos
Português: Interface e Legendas
Plataforma: PC, PS4, Switch, Xbox One, Xbox Series X
Duração: 15 minutos (campanha)/2 horas (100%)
Mais um dia comum
Em primeiro lugar fazemos nosso avatar todo bonitinho, com uma surpreendente gama de opções. Infelizmente ele não tem uma vida muito longa, pois é atropelado ao se jogar na frente de um caminhão para salvar um veado que atravessava a rua. Então, como em um passe de magia (das trevas), nós reencarnamos como um veado com sede de destruição. Sim, essa é a história do jogo.
Nossas características animais são típicas de qualquer quadrúpede: galopamos, pulamos, coletamos armamentos que são acoplados ao nosso corpo, como pistolas, metralhadoras e lança-granadas, corremos sobre duas patas (inclusive sobre a água), podendo portar uma katana ou não, esticamos nosso pescoço para atingir objetos a distância e podemos transformar seres humanos em seguidores ao “veadificá-los” (na real trata-se de colocar chifres neles). Vale ressaltar que, para aumentar a imersão sobre como é ser um cervídeo, também podemos gingar capoeira.
Dotados dessa gama de habilidades, vagamos pela cidade tocando o terror ao explodirmos cavalos, motos, trens, carros e prédios. Porém, toda essa algazarra aumenta o nível de Veadástrofe, o que chama a atenção da polícia. Quanto mais periculosa é nossa conduta, mais forte será a repressão, a qual conta com um pelotão formado por ovelhas de cacetete, ursos polares carregando viaturas e coelhos com mira laser. Nada que não se encontre em qualquer esquadrão policial por aí. Esse batalhão é liderado por um corgi gigante, que, por questões bastante óbvias, pode montar um Megazord (sim, como nos Power Rangers) com seus soldados e partir para cima de você em uma arena.
Para incrementar a experiência de viver como um veado, também temos que combater outras ameaças, como um coala gigante que dispara lasers mortais e um peixe gigante voador.
Mas não é só isso! Podemos viajar para o futuro distópico, equipar armamentos mais modernos, enfrentar uma força policial muito melhor equipada (e bastante atípica) e seguir para o “confronto final”, com direito a uma batalha de kaijus (esses são iguais ao Godzilla, não confundam com o megazord de antes) e um desfecho um tanto quanto épico. Enfim, é tudo bastante comum para um veado.
Não dá para levar a sério mesmo
Ok, os parágrafos acima estavam recheados de ironia para contar do que se trata o jogo e, sim, ele é um daqueles casos em que tudo é feito para ser chamativo, além de só querer entreter usando o absurdo ao seu favor. Logo, DEEEER Simulator não oferece gráficos bem elaborados, estrutura decente ou câmera bem planejada. A ideia é só tocar o terror do jeito que der. Ainda assim, ele tem defeitos que sua loucura não consegue esconder:
- Em primeiro lugar: o jogo é ridiculamente curto. Por mais que ele tenha alguns objetivos para serem cumpridos e um ou outro gracejo aqui e acolá, ele pode ser “terminado” em menos de 30 minutos;
- Segundo: a movimentação, que é o que o jogo tem para oferecer de principal, é toda truncada. Pior ainda quando viajamos para o futuro, pois o desempenho, pelo menos na versão de PlayStation 4, caí bastante, causando uma lentidão estranha em diversos momentos, principalmente durante os confrontos;
- Terceiro: sequer existe uma trilha sonora na maior parte do tempo. Passar grande parte da jogatina sem pelo menos uma música ambiente, apenas à mercê de efeitos mal polidos, é bem incômodo.
Entretanto, também temos que dar o devido crédito para as lutas finais. Elas atingem um nível de utopia acima do esperado e conseguem ser mais divertidas que o restante do jogo inteiro, contando inclusive com uma trilha sonora épica e com animações de encerramento contendo questionamentos filosóficos. Conta como agrado também algumas referências à produções famosas, as quais não daremos spoilers aqui para não perder a graça.
O veado que habita em mim saúda o veado que habita em todos vocês
Jogar DEEEER Simulator é um ato de se comprometer com a zoeira. Não adianta falar que ele não vale o quanto custa ou o tempo gasto para se obter o troféu de platina. Quem optar por adquiri-lo, sabe que estará indo de encontro com uma onda de situações atípicas para qualquer outro tipo de jogo. Entretanto, mesmo assim, em meio a diversos outros “simuladores de zoeira”, ele não consegue ter pontos positivos suficientes para se destacar em meio a outros títulos metidos a engraçados.
Cópia de PS4 cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong