Depois de um catálogo bastante referenciado de jogos de franquias extremamente famosas, a japonesa Cyberconnect2, responsável por títulos como Naruto e Dragon Ball Z, fez sua estreia no ocidente através de um game publicado de forma independente. Com isso, temos Fuga: Melodies of Steel, um jogo sobre crianças que partem em busca do resgate de seus entes queridos que foram sequestrados durante uma invasão em seu vilarejo.
Desenvolvimento: CyberConnect2
Distribuição: CyberConnect2
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG, Estratégia
Classificação: 14 anos
Português: Não
Plataformas: PS4, Xbox One, Switch, PC
Duração: 17.5 horas (campanha)/32 horas (100%)
Ao resgate
Um grupo de crianças teve seu vilarejo recentemente invadido pelo exército Berman, que raptou várias famílias do local e deixou um rastro de destruição para trás. As crianças acabam fugindo e indo parar em uma caverna, onde havia um gigantesco tanque de guerra. Porém, sem qualquer conhecimento sobre como pilotar uma máquina dessas, eles desanimam, mas uma misteriosa voz no rádio os enche de esperanças, e o tanque, repentinamente, começa a funcionar.
Aqui, nossa principal missão é invadir a base Berman e resgatar nossos familiares. Ao longo da aventura, encontramos diferentes integrantes, com histórias particulares, que ingressam em nossa equipe. Um exemplo é uma dupla de irmãos gêmeos que encontramos nos primeiros capítulos, que tiveram seu vilarejo invadido pelo inimigo em comum e tiveram seus pais raptados.
Neste mundo, todos os seres são divididos em duas raças: Caninus e Felineko. Respectivamente, como é possível de se notar, são animais antropomórficos com características caninas e felinas. O grupo principal é composto por 6 personagens, inicialmente:
- Malt Marzipan, um rapaz de 12 anos, que foi morar com seus avós e sua irmã mais nova, após ambos se tornarem órfãos.
- Hanna Fondant, de 12 anos, amiga de infância de Malt, uma pessoa de muita compaixão que se importa com os outros e tem o sonho de se tornar médica.
- Kyle Bavarois, 11 anos, um garoto da capital que se mudou para o interior por causa da condição de seus pais. Amigo do grupo, Kyle é solitário e rebelde, mas bastante gentil e é apaixonado por Hanna.
- Boron Brioche, de 10 anos, filho de um fazendeiro e uma cozinheira. Boron odeia lutar e, apesar de seu tamanho, é um bebê chorão.
- Socks Million, 10 anos, o cérebro da equipe. Socks é um garoto reservado que tem dificuldade em falar com garotas, além de ser bastante curioso e sedento por conhecimento.
- Mei Marzipan, de apenas 4 anos, é a caçula da equipe e irmã mais nova de Malt. Mei é uma criança radiante, e bastante apegada a seu irmão mais velho.
História envolvente, até mesmo para não-fãs de enredos densos
A história se desenvolve através de diálogos entre a equipe e personagens diversos, contando com retratos de cada um, e artes 2D lindíssimas em estilo anime. A jogabilidade consiste em permitir seguirmos sempre em um trajeto linear que, de repente, exige com que escolhamos entre rotas seguras, normais ou perigosas. A primeira oferece desafios mais leves, com menos inimigos para enfrentar e uma gama maior de itens para recuperarmos a saúde do tanque e a stamina da equipe. Já a normal, comumente, faz enfrentarmos mais inimigos, porém, como consequência, fornece uma quantidade bem maior de pontos de experiência. Enquanto isso, as perigosas nos apresentam inimigos bem fortes e rounds atrás do outro, exigindo bem mais estratégia e consumo de itens.
Nos pontos do trajeto também existem momentos de exploração e interação dentro do tanque, que é quando tomamos o controle de alguma das crianças e podemos transitar entre os cômodos da máquina. Esses trechos não podem ser ativados sempre, e é preciso se planejar bem e gastar seus pontos de ação dentro do tanque para adquirir o máximo de experiência para o grupo, itens consumíveis e eventos de amizade para fortalecer laços e liberar efeitos ou ataques para uma dupla específica.
Ainda dentro do tanque, é possível realizar diversas atividades, como pesca de materiais diversos na parte traseira da máquina, plantação de legumes e frutas e criação de animais no andar de baixo, cozinhar no “cômodo da bagunça” (que concede status temporários na próxima batalha, dependendo da refeição consumida), colocar as crianças para dormir e simplesmente conversar entre os membros da equipe. Há também uma mecânica de exploração de ruínas, em que subimos no observatório do tanque para identificar alguma delas próxima, e enviamos crianças para explorar o local a fim de encontrar tesouros, com materiais para upgrade, e enfrentar inimigos com suas pistolas de munição limitada.
Também existe um menu chamado Notebook, em que ficam os desejos individuais de cada personagem. Uma vez cumpridos, o membro solicitante recebe pontos de experiência para subir de nível. Esses desejos variam desde ter conversas com outro personagem do mesmo sexo, cozinhar um prato específico e realizar upgrade em um dos aposentos até ser enviado para explorar ruínas e elevar seu relacionamento com um membro em especial.
Investindo no relacionamento entre dois personagens também faz com que o nível de afinidade entre ambos seja aprimorado, liberando eventos em cutscenes bastante emocionais e tocantes que nos permitem conhecer mais dos membros e ter um carisma muito maior pela suas histórias, além de desbloquear ataques em conjunto para certas duplas.
Guerras avançadas
No combate é onde Fuga: Melodies of Steel realmente brilha e chama atenção. Remetendo bastante à adorada franquia Advance Wars, são trazidos combates em turnos com a tela dividida ao meio, com uma linha do tempo na parte superior da tela que mostra quando cada personagem da equipe ou inimigo irá realizar seu movimento. Esse raciocínio traz consigo bastante estratégia, já que é possível realizar ataques que podem atrasar inimigos, jogando-os para frente em um turno adiante na linha do tempo.
Os movimentos se dividem em três categorias: ataques padrões, que não consomem nada além do próprio turno; Skills, que utilizam a barra de SP; e Defende que aumenta a defesa do tanque no próximo turno de ataque inimigo. Fora isso, podemos usar itens consumíveis para recuperar a saúde do tanque, como também a barra de SP da equipe e outros itens ofensivos que atacam o inimigo e podem causar efeitos temporários, como queimaduras.
É possível mexer na formação da equipe também, já que cada parte do tanque permite até dois personagens no comando. Às vezes somos obrigados a trocar os personagens de assentos, pois algum deles podem sofrer ataques e ficar com um efeito de medo até o final da batalha, sendo necessário removê-lo para não atrapalhar a equipe e errar os alvos. O personagem primário do armamento sempre será aquele que realiza o ataque e utiliza as Skills, já o secundário atrás dele servirá mais para a ativação do ataque em conjunto, caso essa dupla possuir algo pré-definido.
Hanna, por exemplo, possui uma Skill de cura que recupera a vida do tanque, mas só pode utilizá-la caso esteja na cadeira primária. Já Kyle tem uma habilidade que diminui o escudo do inimigo, além de outra que perfura esse escudo e o ataca diretamente, ignorando qualquer tipo de defesa. Cada personagem possui Skills bastante únicas, portanto cabe a você saber gerenciar todo mundo dentro e fora das batalhas, como também definir formações – estas que duram três turnos quando trocadas.
Lutas contra chefes são bastante emocionantes e desafiadoras, exigindo o melhor do jogador. Neste momento, além de utilizar todos os ataques, Skills e itens ao dispor, é possível utilizar o Soul Cannon que, infelizmente, deve ser usado em último caso, já que sua munição utiliza a própria vida de uma das crianças – a ação não pode ser desfeita. Também há um Hero mode, em que personagens acabam ativando-o quando em situação de extremo perigo. O resultado é a geração de efeitos extremamente úteis, como uma das personagens que permite usar Skills em sequência sem avançar o turno (por uma certa quantidade de vezes), o que permite, por exemplo, eliminar toda a couraça que protege os tanques de maneira rápida.
Uma mistura entre história envolvente e combates incríveis
Como alguém que não suporta “papo furado” e histórias enroladas, Fuga: Melodies of Steel conseguiu me cativar com seu diálogo extremamente bem escrito e narrativa bem construída, de forma que prendeu minha atenção constantemente. A jogabilidade consegue fazer um balanceamento perfeito entre momentos de gerenciamento e combate estratégico, os quais exigem bastante da habilidade até mesmo dos melhores jogadores.
Apesar dos momentos de batalha serem bastante divertidos e o ponto alto de Fuga, são justamente eles que acabam ficando repetitivos ao longo da jornada. Felizmente, para mitigar esse sentimento, existem, novamente, os momentos dentro do tanque em que controlamos os personagens, realizamos tarefas que representam a vontade de cada um e, principalmente, cultivamos itens e relacionamentos que serão úteis na futura batalha. Portanto, um sistema retroalimenta o outro. No fim, o saldo acaba sendo bem positivo, e a CyberConnect2 mostrou com maestria que sabe muito bem fazer games que não sejam os do gênero luta ou Action RPG.
Cópia de Switch cedida pelos produtores