Review Goat Simulator 3 (PS5) – O rei da zoeira está de volta

Se o mundo dos jogos foi invadido por uma onda de simuladores estranhos com proposta questionável, o precursor disso tudo foi Goat Simulator. Controlar uma cabra com o único propósito de tocar o terror em uma pequena cidade se mostrou algo bizarramente divertido, e com um precedente criativo que ninguém esperaria – e eu me incluo no meio dos céticos que foram convencidos.

Quase 10 anos depois, o caprino mais caótico do mundo virtual está de volta em Goat Simulator 3, e a desordem que ele promove tem proporções sem precedentes. Já dá para perceber que isso começa pelo título, pois não existe um segundo jogo entre o primeiro e o terceiro. Bom, talvez as cabras sejam boas para causar destruição, mas ruins de matemática.

Desenvolvimento: Coffee Stain Studios

Distribuição: Coffee Stain Publishing

Jogadores: 1-4 (local e online)

Gênero: Ação, Aventura, Simulador

Classificação: 12 anos

Português: Interface e legendas

Plataforma: PC, PS5, Xbox Series X/S

Duração: 7.5 horas (campanha)/22.5 horas (100%)

Cabra da Peste

Quando uma cabra não corre, elae desloca pelos cabos de energia com um grind à lá Tony Hawk

Analisar um jogo caótico desses parece meio sem sentido, já que ele simplesmente promove a balbúrdia desenfreada sem ter compromisso nenhum com a seriedade. Entretanto, Goat Simulator 3 tem sim seus pontos bons e ruins. O principal aspecto é a liberdade que o jogador tem para fazer literalmente qualquer coisa. 

Vagamos por um mapa relativamente grande, com o intuito de concluir missões que envolvem consertar colheitadeiras, criar um tornado usando bailarinas, ganhar uma eleição presidencial e pescar em uma lagoa usando barris de explosivos, só para citar alguns.

Não é um fato muito conhecido, mas cabras são altamente inflamáveis

Para atingir nossos objetivos, podemos fazer tudo que uma cabra convencional faria: correr, balir, dar coices, cabeçadas, puxar coisas e pessoas com a língua, dirigir carros, atirar projéteis, conjurar magias, deslizar por cabos de eletricidade e cobrir o nosso corpo peludo com fogo. Nada de anormal.

Realizar as muitas tarefas que aparecem pelo caminho nos concedem pontos diversos, úteis para evoluir nosso castelo e comprar acessórios, como perucas, sapatos, modelos de chifres, roupinhas, entre outros itens que podem nos conferir habilidades especiais, como voar e disparar peixes. A quantidade de itens customizáveis é bem bacana e vai de encontro com a liberdade proporcionada pelo jogo em si.

Porém, há uma coisa que Goat Simulator não esconde: o fato de não ter uma missão principal. É legal circular por aí atrás de colecionáveis, ou só para tocar o terror, mas fica a impressão de que estamos sempre concluindo missões secundárias a todo momento, sem ter algo maior que norteie tudo. Não quero parecer muito chato, mas há diversos outros simuladores que apareceram depois, e que mesmo sendo fracos ou ainda mais sem noção, fizeram questão de entregar uma quest principal para o jogador, nem que ela durasse meia hora.

Vocês conhecem a história da cabra e o pé de feijão?

O jogo ainda conta com multiplayer local e online para quatro jogadores. Todos podem fazer as mesmas coisas juntos ou seguir cada um para um ponto do mapa e dar conta de um punhado de missões, sozinhos e sem restrições. Ter mais de um participante também libera alguns minigames que não podem ser curtidos no modo single player.

Entendeu a piada?

Presa e condenada por zoar demais

Outro ponto que precisa ser discutido é o humor de Goat Simulator 3. Eu sou o tipo de cara que gosta de piadinhas e referências, e o jogo está cheio delas. Porém, tem horas que tudo fica forçado demais, como se quisesse ganhar quem está no controle pela empatia de acertar alguma hora em algo que a pessoa goste e pense “nossa, não acredito que eles pensaram nisso”.

É possível vestir a cabra com diversos itens funcionais, e outros cosméticos, como este belo chapéu para matar a sede

Filmes e seriados são material de sobra para diversos momentos, como Matrix, Missão Impossível, It – A Coisa, A Pequena Sereia, entre muitos outros que você irá acabar percebendo. Entretanto, é de praxe esperar que cada missão ou cenário já venha com um trocadilho bem manjado, a ponto de se tornar cansativo, e isso tira o fator de usar as piadas para pegar o jogador desprevenido, coisa que o primeiro jogo conseguiu fazer muito bem.

Com as barbas de molho

O objetivo de Goat Simulator 3 é promover a loucura, e isso ele cumpre com uma jogabilidade bastante satisfatória e um mapa bem completo para seu gênero. Entretanto, se você é o tipo de jogador que faz questão de ter uma história pelo menos um pouco mais elaborada e com algum tom de seriedade, este jogo não irá te satisfazer.

Cópia de PS5 cedida pelos produtores

Revisão:Julio Pinheiro

Goat Simulator 3

7

Nota Final

7.0/10

Prós

  • Liberdade para fazer o que quiser pelo mapa
  • Agora é possível dirigir qualquer veículo
  • Diversas referências à filmes e seriados
  • Muitas opções de customização caprina
  • É possível concluir as missões com multiplayer local ou online

Contras

  • Faz muita falta ter um objetivo principal
  • Diversos momentos de humor forçado
  • As missões existentes não são o suficiente para prender a atenção do jogador