Derivado de um jogo para Android e iOS, Grand Mountain Adventure: Wonderlands chega aos consoles trazendo cenários distantes de nós e a oportunidade de experimentar o movimento, os perigos e possibilidades de um esporte que não temos a chance de praticar.
Desenvolvimento: Toppluva AB
Distribuição: Microids
Jogadores: 1-4 (local)
Gênero: Ação, Aventura, Simulação, Corrida
Classificação: Livre
Português: Não
Plataformas: Switch, PC
Duração: 8 horas (campanha)
O fascínio da neve
Quantos de nós, brasileiros, conhecemos a neve? Em um país continental, temos climas e biomas únicos, uns muito secos, outros muito úmidos, mais quentes, e mais frios. Mas a neve mesmo, como vemos nos filmes, está bem distante de nós. Não temos nenhuma paisagem nevada, grandes montanhas, e não praticamos os esportes de inverno. Talvez por isso mesmo o fascínio pelas temperaturas baixas, pelas geadas, chuvas com granizo. Talvez por isso também a gente goste tanto de fingir que nosso Natal em plena virada para o verão combina com o branco.
Essas paisagens cheias de tons de brancos que a gente mal consegue perceber a diferença só são acessíveis para a maioria de nós pelas telas – filmes, séries, jogos. E qualquer que seja o gosto de cada um dos leitores por videogames, vai concordar que é um ambiente bastante representado! Mas não me lembro de um jogo que representasse a neve como Grand Mountain Adventure: Wonderlands. Não digo isso pela beleza gráfica da neve ou coisa do tipo, mas pelo que há de divertido, perigoso e mundano em montanhas ocupadas por estações de ski.
Grand Mountain Adventure foi lançado originalmente para sistemas de celular. Seu lançamento para PC e para o Nintendo Switch representou uma expansão da ideia original. Ele ganhou, com isso, um subtítulo: “Wonderlands”, que, em tradução livre, pode ser entendido como terras de maravilhas. A escolha não é a toa: mais que as campanhas, desafios, recordes e colecionáveis, trata-se de um jogo que oferece a sensação de se deparar com algo que nos fascina.
As montanhas
Aqui, o jogador controla um esquiador ou snowboarder (à sua livre escolha) por montanhas nevadas. Há uma dúzia de mapas extensos, que podem ser desbloqueados à medida em que se avança pelos desafios. Ao longo da montanha, há pontos de entrada em provas de velocidade, destreza em manobras, salto à distância, entre outras. Essas provas traçam caminhos na montanha por onde é possível passar enquanto o jogo registra sua performance com a marcação de tempo, pontuação e gravação da corrida.
Essas provas dão como prêmio passes de esqui, também espalhados pelo mapa em desafios secretos ou em lugares de difícil acesso. São eles que liberam a entrada livre em teleféricos que levam a cumes inacessíveis normalmente, e também são eles que liberam cada um dos doze mapas do jogo.
A exploração livre é um ponto chave da experiência, já que, mesmo durante as provas, é possível sair do caminho traçado para conhecer cada pedaço das montanhas. É de grande ajuda, em um cenário extremamente branco, as marcas que os seus esquis (e o de NPCs) deixam na neve, de modo que você pode facilmente identificar lugares ainda não explorados.
Esquiando!
Dizem que esquiar é como andar de bicicleta: quem aprendeu uma vez nunca esquece. Bem, na verdade não sei se dizem isso mesmo, mas a comparação ajuda a pensar. O movimento dentro do jogo é estranho para quem não conhece o princípio da coisa, mas parece natural quando se pega o jeito. Quem esquia em Grand Mountain Adventure nunca anda para a frente, mas ziguezagueia para ganhar velocidade e controla as curvas que faz com o direcional. A gravidade ocupa um papel central, uma vez que até é possível fazer o movimento montanha acima, mas é para baixo que o movimento se torna flúido e veloz.
Outros botões disponíveis dão mais opções, como frear bruscamente, pular, interagir com o ambiente e empurrar animais e outros esquiadores pelo caminho. Quando se está no ar, ambos os direcionais possuem combinações de movimentos que possibilitam manobras em pleno voo, conferindo pontos por manobras bem executadas. Essa pontuação e uma marcação que ajuda a medir sua fluidez ajudam a compreender como otimizar a travessia e melhorar as próprias habilidades de esquiador.
Por conta da natureza do jogo, a opção de câmera também é pouco usual e não está sob controle do jogador. Esse é um ponto que gera estranhamento e distingue o jogo de outras aventuras de exploração em três dimensões. Neste caso, a câmera, em terceira pessoa, filma você de frente e não de costas, e está localizada a uma grande altura. Aos poucos se entende a escolha, mas estômagos mais sensíveis podem ficar até enjoados com a combinação de um esquema de movimento diferente e uma câmera que sempre fica oposta aos olhos do personagem.
Meditação e avalanches
A aventura em Grand Mountain Adventure: Wonderlands pode ser vivenciada de várias formas. É possível explorar cada montanha, brigar por altas pontuações e baixos tempos nas provas (inclusive com amigos em um multiplayer local) e ir atrás de todos os passes de esqui e objetos colecionáveis para desbloquear todas as montanhas. Há ainda, como um modo opcional do jogo, a opção de vivenciar as montanhas no chamado en Mode, em que apenas você estará nas montanhas perfeitas para passear de esqui ou snowboard. Mas talvez o mais recomendado seja uma combinação de tudo isso.
Vale a pena jogar Grand Mountain Adventures: Wonderland para experimentar um pouco de cada coisa: um mundo aberto, o esporte, o fascínio da paisagem de neve, o perigo das avalanches e a serenidade da imensidão branca. De negativo, apenas o preço, que pode ser visto como um pouco salgado para uma experiência rica mas potencialmente repetitiva.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong