Helldivers 2 dá sequência ao jogo de tiro de 2015, trazendo como principal novidade uma visão em terceira pessoa no lugar da perspectiva em 2D de seu antecessor. Essa alteração foi um grande acerto, resultando diretamente em uma experiência delirante. O game tem uma jogabilidade viciante embalada em uma apresentação sensacional, que, não à toa, atraiu muito mais atenção do que o esperado pelos desenvolvedores. Porém, isso acarretou diversos problemas nas funções online do título, atrapalhando a jogatina.
Desenvolvimento: Arrowhead Game Studios
Distribuição: Sony Interactive Entertainment, PlayStation PC
Jogadores: 1-4 (online)
Gênero: Tiro
Classificação: 18 anos
Português: Interface, legendas e dublagem
Plataformas: PC, PS5
Duração: 49 horas (campanha)
Democratizando geral
Sem um foco narrativo, Helldivers 2 põe seus jogadores no papel de agentes de uma força de paz. A missão dessas tropas estelares é invadir planetas dominados por insetos e robôs para pacificá-los e levar democracia para toda a galáxia, necessitando eliminar as ameaças que defendem esses locais e completar missões nas áreas – além de ter que defender os planetas já pacificados de novos oponentes.
A jogabilidade vai propositalmente contra muitas das regras comuns de um jogo de tiro, tornando Helldivers 2 em uma experiência diferenciada – mas, por consequência, com uma pequena curva de aprendizado. As mecânicas são estratégicas e exigem bastante atenção ao longo da jogatina: é vital ficar atento na munição para evitar desperdiçar cartuchos, ao mesmo tempo em que não se pode sair atirando em tudo indiscriminadamente, visto que isso prejudica a precisão da mira.
Além disso, é preciso estar de olho no posicionamento dos aliados na zona de guerra, porque explosivos, tiros e equipamentos enviados pela nave causam dano aos agentes, pois o tiro amigo é um aspecto obrigatório do título. A combinação desses elementos gera um caos divertido e explosivo, que dá uma identidade única para Helldivers 2.
Jogabilidade meio desajeitada
Algumas mecânicas não funcionam tão bem no mouse e no teclado. O shooter foi claramente projetado com o Dual Sense em mente, o que é natural, dado que os exclusivos de PlayStation sempre usam as funcionalidades únicas do console, como o touch pad. O título suporta controles de movimento para mira e a visão da câmera, complementando a gameplay com uma mira ágil nos joysticks.
A exploração pelo mapa é confusa no teclado e mouse, apesar de funcionar bem no controle – que, mesmo assim, não tem uma pegada exatamente aconchegante e nem tanta liberdade para alterar a função de cada botão. Uma das mecânicas mais interessantes são os combos dos botões direcionais, que servem para liberar equipamentos especiais durante as missões. No entanto, eles também não funcionam tão bem no mouse e teclado: não é possível se movimentar enquanto o código é inserido, apesar disso poder ser realizado no controle com tranquilidade.
Trabalhando coletivamente
As missões contam com múltiplas opções de dificuldade, além da possibilidade de optar por jogá-las sozinho ou com até 4 jogadores. Entretanto, as tarefas são balanceadas para partidas em equipe, então adentrar os planetas sem um esquadrão completo não é uma boa ideia. As operações seguem uma estrutura de extração, sendo necessário entrar em alguma área do planeta, coletar recursos, cumprir os objetivos da vez e escapar em até 40 minutos.
Essa estrutura é excelente e faz com que as partidas sejam alucinantes, e com uma progressão coletiva. Como todos os agentes lutam juntos por um único propósito, cada ação contribui para a instauração da democracia nos planetas. Helldivers 2 é situado numa galáxia persistente, como se o jogo fosse um MMO, então novos conteúdos são desbloqueados apenas quando a comunidade conclui a libertação de um planeta.
Há uma progressão individual, permitindo a melhoria dos itens que podem ser solicitados nas missões, além da personalização dos equipamentos usados pelo jogador. Helldivers 2 também conta com microtransações, com a venda de moedas que são usadas para a aquisição de skins e de passes de batalha. Com tiers pagos e gratuitos, esses passes contém skins e armas especiais que são desbloqueadas pelo jogador com as medalhas recompensadas em cada missão.
Apenas online
O jogo não oferece nenhuma funcionalidade single player, sendo uma experiência exclusivamente online, com a sua disponibilidade estando sempre nas mãos dos produtores. Ironicamente, isso significa que os jogadores de PlayStation precisam assinar a Plus para abrir o game, enquanto o pessoal da Steam não desembolsa nada além do valor do jogo para poder contribuir com a democratização dos planetas.
O online é surpreendentemente bom, até com jogadores fora do Brasil – mas só quando ele funciona. Não existem problemas de latência no decorrer das operações, porém, o jogo chegou com diversas falhas nos sistemas sociais e de criação de partidas, além de erros de desconexão, na interação entre o PC e o PS5, e até na hora de entrar no próprio game.
Apesar de ter uma comunidade grande, o primeiro Helldivers é um jogo nichado que nunca passou perto da popularidade deste segundo título, que simplesmente não tem servidores suficientes para aguentar centenas de milhares de jogadores simultâneos no PC e PS5. Isso é até compreensível, já que ninguém esperava tamanho sucesso para uma franquia totalmente desconhecida pelas massas. Contudo, faltou um modo offline para garantir que o shooter seja jogável mesmo quando os servidores estiverem enfrentando problemas técnicos, uma vez que depender dos serviços online não é tão democrático assim.
Incrível
Apesar de todos seus problemas, Helldivers 2 é um shooter imprescindível para os fãs de uma boa aventura cooperativa. A Sony iniciou seu projeto de jogos online com o pé direito, entregando, acima de tudo, uma experiência condizente com os altos padrões de qualidade dos outros games dos estúdios PlayStation.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Ailton Bueno