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Review Metal Gear Solid Δ: Snake Eater (Xbox Series X) – O renascimento de um clássico

Metal Gear Solid Δ: Snake Eater traz de volta a lendária aventura de Naked Snake com gráficos ultramodernos e mecânicas refinadas. Lançado em 28 de agosto de 2025 para PlayStation 5, Xbox Series X/S e PC via Steam, este remake aposta na nostalgia sem deixar de aproveitar o que a nova geração de hardware tem a oferecer. Ao revisitar a trama que definiu uma era de espionagem nos videogames, a Konami e a Virtuos assumem o desafio de equilibrar fidelidade ao original e inovação, despertando tanto entusiasmo quanto ceticismo entre veteranos e novatos.

Desenvolvimento: Konami, Virtuos
Distribuição: Konami
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura, Tiro
Classificação: 18 anos (violência extrema, conteúdo sexual)
Português: Interface e legendas
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series X|S
Duração: 12 horas (campanha)/23 horas (100%)

Guerra fria revisitada

O retorno da melhor parte da saga Metal Gear nesse remake

No coração de Snake Eater, está uma narrativa claustrofóbica ambientada em 1964, no auge da Guerra Fria. Você encarna Naked Snake, futuramente conhecido como Big Boss, enviado para a “Missão Virtuosa” para resgatar o doutor Nikolai Sokolov, capturado pelos soviéticos e forçado a desenvolver o Shagohod, um tanque nuclear capaz de disparar mísseis intercontinentais. Essa premissa, tão direta quanto impactante, renova o temor de um apocalipse nuclear e explora temas de lealdade, traição e o fardo psicológico do soldado.

A atmosfera de selva insidiosa ganha peso quando Snake precisa caçar comida selvagem, tratar ferimentos e administrar o nível de estamina. A mecânica de sobrevivência, presente no jogo original, foi cuidadosamente retrabalhada para não se tornar um obstáculo tedioso aos olhos de quem joga em 2025, mas preserva o sentido de vulnerabilidade e tensão constante que definia cada incursão no território inimigo.

Enfrentar os chefes nesse remake é como comer seu prato favorito com novos temperos.

Em comparação com remakes recentes de outras franquias, como Resident Evil 4 da Capcom, a abordagem da Konami é menos agressiva ao reimaginar cenários e narrativa. Enquanto RE4 reescreveu partes inteiras de seu enredo para modernizar temas, o remake de Snake Eater escolheu o caminho seguro de uma espécie de “remaster premium”, honrando o texto original e seguindo à risca cada batida dramática, o que pode soar restritivo a quem esperava surpresas mais profundas.

Jogabilidade repensada

A furtividade é a parte principal da jogabilidade em Metal Gear.

A furtividade continua sendo a pedra angular da experiência Metal Gear. Em vez de linhas de visão rígidas, a IA agora reage a sons ambientais, pegadas e ao estalar de galhos, demandando planejamento constante. O sistema de camuflagem, uma de suas grandes inovações originais, inclui indicadores na interface que sinalizam o grau de visibilidade do personagem, tornando evidente quando ele passa despercebido ou se torna alvo fácil. Cada escolha de uniforme e camuflagem adiciona profundidade táctica e incentiva a experimentação. Comer comida caçada rende buffs de stamina e saúde, mas agora há indicadores visuais de frescor e toxicidade, evitando a curiosidade de ingerir qualquer vegetal sem pensar.

Os controles foram ajustados para responder com maior precisão aos comandos modernos. Agora é possível alternar entre mira de ombro e visão livre sem atrasos notáveis, e o sistema de lock-on foi suavizado.

Gráficos impressionam na Unreal 5, juntamente com o trabalho sonoro, faz com que esse jogo se destaque

É impossível ignorar que boa parte das inovações mecânicas do remake bebeu diretamente das iterações vistas em Metal Gear Solid V: Phantom Pain e Ground Zeroes. Ainda assim, a equipe faz um trabalho contido para não sobrepor o design original de 2004, mantendo o ritmo e as estruturas de fase intactas. Essa mediação evita a sensação de que esse remake seja um “mod geração Z” sobre um clássico do PlayStation 2, mas, por outro lado, impede uma revisão completa que poderia atrair totalmente quem busca experiência mais orgânica e aberta.

Apesar das melhorias gráficas, alguns trechos de transição de história continuam truncados. Há cortes abruptos e QTEs que soam deslocados, interrompendo o fluxo de espionagem com sequências de ação pouco justificadas. Essas escolhas de design, herdadas do original, soam mais datadas do que nostálgicas.

Beleza visual com a Unreal Engine 5

Momentos marcantes revividos com o poder da Unreal 5

Metal Gear Solid Δ deixa claro, desde o primeiro momento, que não é uma simples recriação. Rodando na Unreal Engine 5, o jogo exibe sombras dinâmicas em tempo real, folhas balançando com física realista e partículas finas de poeira nas solas de Snake. Os modelos de personagem e cenários foram reconstruídos do zero para entregar proporções mais naturais e expressões faciais sutis.

No modo desempenho na versão de Xbox Series X, a experiência se mantém estável a 60 FPS, sem quedas perceptíveis na maior parte do tempo. Ainda assim, há relatos de glitches pontuais em animações de combate corpo a corpo em que elementos faciais ou partes do corpo “duplicam” momentaneamente, comprometendo o realismo em cenas intensas.

Originalmente conhecido pelo uso dramático de luz e sombra, o remake adota uma paleta de cores mais vibrantes e contrastes acentuados, o que pode destoar da ambientação soturna do game de 2004. Essa escolha de design proporciona clareza visual e faz a selva “respirar”, mas sacrifica um pouco o clima de opressão e mistério que muitos fãs associaram à experiência original. Enquanto isso, quando jogado no modo “Legado”, é como vestir a velha bandana de Snake e voltar no tempo, sentindo cada passo na selva como se fosse 2004 outra vez, com câmera fixa como no original, controles com movimentação mais limitada e foco em estratégia e um visual com filtro amarelado/esverdeado, reforçando a estética retrô. Ideal para fãs nostálgicos que querem reviver a experiência original. 

O som espacial realmente faz a diferença nessa versão por poder ouvir a sua volta onde estão os inimigos através de seus passos

A trilha sonora, composta por Harry Gregson-Williams e Norihiko Hibino, regressa intacta, com faixas que variam de temas épicos de espionagem a melodias melancólicas durante diálogos-chave. A Konami optou por manter as vozes originais em inglês e japonês, preservando as performances dos dubladores clássicos – uma decisão celebrada pela comunidade, mas que priva novos jogadores de uma atualização contemporânea na dublagem. Os passos de Snake sobre folhas secas estalam com riqueza de detalhes, e o som do rádio com a equipe de apoio soa mais verdadeiro do que nunca. Explosões, disparos e o ruído distante de helicópteros foram recriados com tecnologia de som 3D, gerando um senso de direção preciso que reforça a furtividade e a tensão.

Conclusão

Metal Gear Solid Δ: Snake Eater é, acima de tudo, um tributo meticuloso a um dos títulos mais influentes da história dos videogames. Suas mecânicas de espionagem e sobrevivência mantêm o frescor, mas a abordagem cautelosa em inovação e a falta de conteúdo inédito o tornam mais atraente aos fãs de longa data do que a novatos que buscam algo revolucionário. Ainda assim, o equilíbrio entre jogabilidade clássica, visuais deslumbrantes e trilha sonora intacta faz deste remake uma experiência imprescindível para quem deseja revisitar ou descobrir as origens de Big Boss.

Cópia de Xbox Series X cedida pelos produtores

Revisão: Júlio Pinheiro

Metal Gear Solid Δ: Snake Eater

8

Nota Final

8.0/10

Prós

  • Gráficos impressionantes com Unreal Engine 5
  • Fidelidade à obra original
  • Acesso facilitado para novos jogadores

Contras

  • Falta de ousadia criativa
  • Dependência da nostalgia
  • Sensação de “remaster premium”