Através de uma mistura bastante inesperada, Monster Sanctuary foi criado, uma mescla de Pokémon e Metroidvania. O jogo da Moi Rai Games é uma tentativa de trazer o sistema de batalhas que sempre fizeram sucesso na franquia da GameFreak aliado ao backtracking e mecânicas presentes em títulos como Castlevania e Metroid.
Desenvolvimento: Moi Rai Games
Distribuição: Team17
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG, Plataforma
Classificação: 10 anos
Português: Não
Plataforma: PC e Switch
Duração: 29.5 horas (campanha)/37.5 horas (100%)
Escolha seu inicial e batalhe
Assim como nos jogos dos monstrinhos de bolso, em Monster Sanctuary você deve escolher entre dois personagens – aparentemente do sexo masculino e feminino -, optar por algum dos quatro monstros iniciais, cada um representando um elemento diferente, e se tornar um grande cuidador para deter as forças do mal. Estes monstros possuem habilidades distintas, que podem ser usadas em momentos fora dos combates para interagir com o cenário de maneira um tanto superficial, como destruir paredes frágeis, sobrevoar buracos com espetos e coisas do gênero.
Já em relação ao seu treinador de monstros, existe um ranking que vai se elevando à medida que novos seres são obtidos para o time e batalhas são vencidas. As vitórias liberam passagens que exigem um certo nível de rank na torre, que funciona como um hub. Lá, todos os tipos de lojas estão disponíveis, como vendedores de itens, batalhas através do multiplayer online e uma espécie de campeonato com NPCs.
As batalhas são bem simples de serem compreendidas e, felizmente, não são aleatórias, todos os inimigos ficam rondando o cenário. A interface de usuário faz um trabalho decente em explicar as vantagens e desvantagens que cada golpe possui contra todos os tipos de inimigos existentes. Diferentemente de Pokémon, por aqui não existe uma função “fugir”, mas uma bomba de fumaça se faz necessária para despistar oponentes uma vez que você entra em combate.
Cada monstro é dotado de sua própria barra de experiência e árvore de evolução, e todos recebem um montante de XP ao final de cada batalha já que todas são realizadas em conjunto. Ou seja, diferente de Pokémon, não existem combates 1×1, apenas variações de 3 contra um número específico, em que todos os monstros são alternados a cada turno para executar uma ação. Isso torna as batalhas um pouco demoradas, mesmo com a função de acelerar os turnos em até 2 vezes, que não parece ser o suficiente.
Uma vez que qualquer um dos monstrinhos sobe de nível, ele recebe um ponto de atributo que pode ser distribuído na árvore de habilidades. Estas habilidades podem variar entre golpes passivos e ativos, que geram efeitos positivos na equipe, negativos em adversários ou que simplesmente causam dano no inimigo. Todas elas também possuem diferentes níveis e podem receber os pontos de distribuição para aumentar a efetividade.
Falta de inspiração
Os monstros iniciais até possuem um design de personagem bem bonito e fazem jus à inspiração, mas os secundários parecem estar deslocados, de uma forma geral. Seus visuais parecem algo genérico, de pouca criatividade e feito às pressas. Muitas são criações provenientes de animais comuns, como coelhos, gatos, lagartas e afins. Já outros são monstros mais bizarros, como homens das neves e animais antropomorfos com espadas e acessórios do tipo, mas todos são, de certa maneira, alheios ao restante.
Não existe uma forma exata de capturar qualquer monstro secundário, mas todos são obtidos para a equipe através de um ovo que deve ser rachado pelo jogador no menu que representa sua mochila. E não é sempre que é possível receber estes ovos, pois existe uma taxa de sucesso para adquirir tal item depois de uma batalha, o que torna o processo dependente de sorte.
Já os ambientes são variados, apresentam regiões cavernosas, locais gélidos, construções de pedra e outros cenários em pixel art que lembram bastante jogos de SNES. Tratando-se da trilha e efeitos sonoros, são todos bem “ok”, fazem seu trabalho mas nem de longe são algo surpreendente.
O elemento metroidvania
Como dito anteriormente, existe uma quantidade grande de backtracking e uso de habilidades adquiridas depois de alguns momentos no jogo, que são usadas principalmente na resolução de puzzles. São coisas bem batidas em títulos do gênero, como o famoso pulo-duplo, que dá acesso à locais antes inalcançáveis pelo personagem, ou a obtenção de chaves que abrem portas trancadas, além de uso de golpes únicos dos monstrinhos. Ah, e claro, baús também estão espalhados e guardam itens consumíveis ou importantes.
Diria que, se não fossem esses elementos, Monster Sanctuary seria um jogo bem maçante, já que as mecânicas de batalha são bem repetitivas e os monstros são “qualquer coisa”. Talvez a mistura, no fim das contas, não tenha dado tão certo, porque o “lado” Metroidvania resultou em algo de mais qualidade do que o Pokémon.
Ir e voltar aos locais é sim divertido, mas o ritmo é completamente quebrado caso exista uma batalha necessária para poder avançar. Estes momentos são considerados conflitos com chefes e subchefes, e muitas vezes será preciso fazer um grinding para conseguir vencer a batalha. Caso contrário, pode esperar um uso insano de itens, além da dependência de tentativa e erro.
Uma mistura que podia ter dado mais certo
Monster Sanctuary não é um jogo ruim, mas fica na área cinzenta do mediano. As mecânicas de Metroidvania são bem melhores e mais empolgantes do que as de Pokémon, já que o elemento exploração e backtracking faz o trabalho mais divertido por aqui. As batalhas com monstrinhos são boas na medida do possível, mas incrivelmente repetitivas e infladas por conta de todas serem realizadas em grupo.
Diria que o indie faz um trabalho decente em misturar as duas vertentes que procura trazer, mas fica devendo bem mais em uma do que na outra. Por fim, vale a pena se você for alguém que gosta de Metroidvanias, mas é bom ficar longe se for do tipo que se atrai por jogos do estilo Pokémon, ainda mais porque as batalhas online não possuem o recurso de crossplay.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Kiefer Kawakami