Rise of the Tomb Raider chegou originalmente em 2015, fazendo pouco barulho devido à sua exclusividade ao fracassado Xbox One numa época em que todos só queriam saber de Fallout 4, que foi lançado no mesmo dia. Porém, o jogo em si traz uma montanha-russa que consegue equilibrar ação e exploração impecavelmente, solidificando a roupagem da série que foi apresentada no reboot de 2013 com uma experiência muito mais polida e coesa.
Desenvolvimento: Crystal Dynamics, Nixxes
Distribuição: Crystal Dynamics
Jogadores: 1 (local) e 1-2 (online)
Gênero: Aventura, Ação, Tiro
Classificação: 16 anos
Português: Dublagem, legendas e legendas
Plataformas: PC, PS4, Xbox One, Xbox 360
Duração: 13 horas (campanha)/35 horas (100%)
Sozinha na nevasca?
Na aventura, assumimos o papel da arqueóloga e exploradora Lara Croft. A protagonista acaba isolada em meio ao frio siberiano enquanto busca por esclarecimentos a respeito de uma pesquisa de seu pai, que estava à procura de um artefato que representa a fonte da imortalidade. Logicamente, Lara não é a única a querer saber sobre isso, e depois que sua invasão à Rússia dá errado, ela se vê em um confronto contra um grupo paramilitar que compartilha o mesmo objetivo, ao mesmo tempo em que é traída por sua própria família.
A trama, que também deu origem ao filme de 2018, serve como um pretexto para a jogabilidade, com acontecimentos sempre convenientes para a gameplay. Tanto que a narrativa é semelhante ao que foi contado pelo jogo anterior, sendo que a principal diferença reside na presença de uma Lara mais experiente, com a habilidade de não se meter em armadilhas sanguinolentas e mortais a cada cinco minutos.
Rise of the Tomb Raider até procura ser algo além de um mero título de ação, tentando se aprofundar na infância de Lara para explorar as motivações dela. Entretanto, os constantes flashbacks são irrelevantes, já que o roteiro não proporciona a profundidade necessária para que essas cenas sejam de fato interessantes.
Além da campanha principal, Rise of the Tomb Raider inclui um modo online de sobrevivência para até dois jogadores. O título também oferece uma campanha à parte que retrata uma expedição de Lara à mansão de seu falecido pai. Esse modo é sensacional, já que ele transforma um jogo de ação em um terror de sobrevivência, colocando a protagonista diante de vários desafios em um mapa confuso, com recursos limitados em suas mãos.
Entretenimento puro
Assim como Uncharted, a grande inspiração para os reboots da saga, Rise of the Tomb Raider é um jogo de tiro em terceira pessoa que incorpora elementos de plataforma em sua jogabilidade. As sequências de escalada são sensacionais, apesar dos pulos olímpicos de Lara parecerem um tanto inverossímeis. As funcionalidades de tiro são excelentes, e o design dos inimigos dão a possibilidade de optar entre eliminações escandalosas ou abordagens furtivas, sem limitar o jogador em suas decisões.
A exploração dos ricos cenários de Rise of the Tomb Raider é ótima, com diversas áreas repletas de puzzles inteligentes e sagazes. No entanto, a ausência de um verdadeiro modo New Game Plus é um aspecto decepcionante. O título frequentemente impede Lara de acessar alguns locais por conta da necessidade de ferramentas que só estarão disponíveis mais adiante na campanha. O calor da trama faz com que esse conteúdo seja deixado de lado, e não ter essa função diminui o fator de replay.
Ressalvas técnicas
Rise of the Tomb Raider apresenta um grande salto técnico em relação ao jogo lançado em 2013, dois anos antes. Mesmo com uma discrepância notável entre os visuais das cutscenes e da gameplay, os gráficos são excelentes graças aos ótimos efeitos de iluminação e a cinematografia primorosa, que brilha ainda mais quando exibida em um monitor ultrawide. Os visuais só não envelheceram perfeitamente porque os desenvolvedores optaram por combinar cenas em tempo real com clipes pré-renderizados sempre que alguma sequência exige efeitos técnicos muito complexos para os consoles que o jogo foi projetado originalmente.
Produzida pela Nixxes, a versão de PC é satisfatória, com ótimos controles tanto para o mouse e teclado quanto para o joystick. Contudo, os gráficos são prejudicados por serrilhados constantes e por bugs que nunca foram resolvidos pelos desenvolvedores. O jogo possui suporte para tecnologias que dão fios de cabelo ultra realísticos para Lara, que, por ironia, tornam os cabelos exagerados e irreais, considerando as condições absurdas às quais a protagonista é submetida no decorrer de toda a campanha.
O jogo recebeu um bom trabalho de localização e uma dublagem em português com vozes bem escaladas, mas com problemas no sincronismo do áudio com a interpretação original dos atores. A melhor forma de prestigiar o jogo é acompanhando a incrível performance de Camilla Luddington, que realizou um trabalho espetacular como Lara, mesmo com um roteiro que deixa a desejar.
Um futuro promissor?
Apesar da trama não ser grande coisa, a Crystal Dynamics atingiu a excelência ao entregar uma montanha-russa que combina ação, aventura e exploração em um ritmo conciso e sucinto. Por conta disso, Rise of the Tomb Raider alcança um patamar de qualidade que não foi atingido nem pelo reboot de 2013 e nem pela sequência de 2018.
Depois de vários fracassos financeiros e do traumático Avengers, a Square Enix decidiu vender a franquia e o estúdio para a Embracer, que por sua vez, optou por repassar os direitos da série para a Amazon Games. Atualmente, a Crystal Dynamics está utilizando a Unreal Engine 5 para desenvolver um novo título da saga. O estúdio tem em suas mãos todo um template do que deve ser feito para que esse futuro Tomb Raider seja tão bom quanto a mistura e a quantidade de conteúdo apresentada por Rise.
Cópia de PC adquirida pelo autor
Revisão: Ailton Bueno