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Review RPG Maker With (Switch) – Crie seus RPGs de forma portátil

Continuando a clássica série de criadores de jogos, RPG Maker With chega para o Switch com a novidade de permitir compartilhar recursos e projetos entre jogadores dentro do próprio jogo.

Desenvolvimento: Gotcha Gotcha Games Inc.
Distribuição: NIS America
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Criador de jogo
Classificação: Livre
Português: Não
Plataformas: Switch
Duração: Sem registros

Décadas criando RPGs

O sistema oferece as opções de sistemas dos RPG Makers 2000 e 2003
Sistema de batalha com equipe na tela apenas os mostra no cenário, com os inimigos em qualquer lugar

A série RPG Maker surgiu em 1992, com o lançamento do primeiro título para o PC-98. Como o título sugere, são softwares que permitem a criação de RPGs e, com um pouco de criatividade, de outros estilos de jogos também. Você pode criar mapas, equipes de personagens, incluir diálogos, usar sistemas de batalha, entre várias outras opções e ferramentas, dependendo da versão utilizada. A série ganhou muita popularidade com o lançamento do RPG Maker 2000 para Windows que, com a ajudinha de uma tradução não oficial, se tornou um fenômeno mundo afora.

Pessoalmente, gostaria de comentar que fui um dos jovens que entraram na onda do RPG Maker no início dos anos 2000, quando comecei a explorar a internet, encontrar fóruns e comunidades, e conhecer amigos que mantenho até hoje, mais de 20 anos depois. Depois dessa época, tive pouco contato com a ferramenta, uma vez que outros interesses e a vida em si entraram no caminho. Cheguei a dar uma olhada em versões posteriores, mas nada aprofundado. Dito isso, fiquei curioso pela oportunidade de experimentar esse novo título na série, e o que encontrei foi bastante familiar.

Essencialmente, não se mudou muito

Apesar da interface amigável, é essencialmente o mesmo há décadas
O banco de dados segue presente, onde se definem diversos parâmetros do seu jogo

Na essência, RPG Maker With parece bastante com o RPG Maker 2000. Os jogos utilizam um estilo de visão de cima em 2D, como nos RPGs da era 16 bits, com batalhas no estilo de Dragon Quest ou Final Fantasy. Podemos criar mapas, personagens e suas estatísticas, monstros, chefes, diálogos, lojas, cenas e muitas, muitas coisas que existem em RPGs clássicos. De forma um pouco incompreensível, o game não acompanha tutoriais, mas a própria desenvolvedora disponibiliza guias bastante completos na internet. 

Naturalmente, existem algumas diferenças, já que é um título lançado em consoles (versões para PS4 e PS5 chegarão posteriormente) e não para computadores. O mais óbvio é o método de interação, que é um controle e não mouse e teclado. Isso, com certeza, é menos eficiente e intuitivo do que a interface de um computador, o que certamente é um ponto negativo. Mas dadas essas limitações, a interface é agradável e funcional, ainda que leve um tempo para se acostumar.

Felizmente, a versão para Switch de RPG Maker With é totalmente compatível com a tela sensível ao toque, inclusive para jogar os games criados nele. A criação fica mais divertida nesse método, em alguns momentos até mais legal que usando o computador. De qualquer forma, também é possível utilizar mouse e teclados USB, o que é praticamente obrigatório para incluir diálogos.

Nem tudo é como estamos acostumados

Ela é semelhante desde o começo, mas com o tempo foi ficando mais fácil de interagir
Interface de programação de eventos é bastante agradável

O maior problema para mim, porém, é o limite na inclusão de assets, isto é, gráficos, sons, músicas, entre outros recursos. Dadas as limitações dos consoles, não podemos simplesmente incluir qualquer coisa que criamos ou baixamos da internet dentro do jogo – você é limitado aos recursos já inclusos no jogo ou em pacotes de DLC pagos (por preços nada agradáveis). Como comentei, essa restrição vem dos consoles e é compreensível, mas quem está acostumado a utilizar a ferramenta no computador vai se sentir bastante limitado.

Mas afinal, o que o game permite compartilhar de recursos entre jogadores, como o próprio título sugere? Apenas elementos que podem ser criados dentro do próprio jogo, com os assets já incluídos. Ou seja, é possível compartilhar mapas prontos, mas não gráficos de mapas (chipsets) em si, por exemplo, o que sempre foi uma das maiores tradições da comunidade de RPG Maker. Essa ferramenta, na prática, não me pareceu tão incrível assim e o conteúdo disponível lá, ao menos até o momento, é bem pequeno, com algumas categorias não contendo nenhuma opção. A opção de compartilhar eventos (a “programação” do jogo), porém, é bastante interessante e poupa muito trabalho. A opção de compartilhar e baixar jogos com facilidade também é bastante legal.

Familiar até demais

Principalmente quando você faz eventos e sistemas complexos
Ver o que você programou rodando é o sentimento mais satisfatório de utilizar o RPG Maker

Ao mesmo tempo que senti muita familiaridade com esse título, isso também incomodou um pouco. Afinal, 20 anos depois, esperava algumas melhorias significativas. Claro, o que temos aqui é atualizado em diversos detalhes, mas ao mesmo tempo parece que é o mesmo software de 2000 com um visual mais moderno. As versões mais recentes, disponibilizadas para computadores, possuem ferramentas bastante interessantes que infelizmente não chegaram para esse lançamento, como editores de gráficos e possibilidade de programar scripts.

Novo, mas talvez não seja o melhor

RPG Maker With é mais uma iteração da popular série que, ainda que com algumas novidades, não traz nada realmente inovador para quem já está acostumado, além de vir com limitações impostas pelos consoles. É uma boa ferramenta, mas se você estiver à procura de um título da série, provavelmente deveria considerar bastante uma versão tradicional no PC.

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Julio Pinheiro

RPG Maker With

7

Nota final

7.0/10

Prós

  • É possível jogar jogos desenvolvidos no criador sem precisar comprá-lo
  • Facilidade de compartilhar jogos
  • Controle por toque

Contras

  • Não é possível adicionar os próprios assets ao jogo
  • Não há ferramentas aprofundadas de programação
  • DLCs com recursos são muito caros
  • Difícil justificar escolher este título ao invés de uma versão para PC