A franquia SteamWorld me marcou em alguns aspectos. SteamWorld Dig foi o primeiro Indie que reconhecidamente joguei, e SteamWorld Heist foi o primeiro RPG tático por turnos que gostei, então aguardei o lançamento de SteamWorld Heist II com grande expectativa. Acompanhe aqui se a aventura do capitão Quincy Leeway está à altura do legado da franquia.
Desenvolvimento: Thunderful Development
Distribuição: Thunderful Publishing
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, RPG, Estratégia
Classificação: Livre
Português: Legendas e interface
Plataforma: Xbox Series X|S, Xbox One, PC, PS4, PS4, Nintendo Switch
Duração: 15 horas (campanha)
Muita água
O planeta chamado Grande Mar, habitado por robôs humanoides, está com um sério problema de escassez de água pura. Sendo um insumo de importância vital, principalmente para os steambots – robôs movidos a água -, o produto se tornou moeda de troca e é controlado de forma bem rígida pela Marinha, composta exclusivamente por dieselbots – robôs movidos a diesel.
O capitão Quincy Leeway, filho da lendária Mata-Krakens, quer provar que faz jus à grandiosidade de sua mãe ao mesmo tempo que quer seguir seu próprio caminho sem viver à sombra de alguém, mas seu submarino é apreendido pela Marinha. Depois de ser resgatado, ele vai atrás de uma tripulação e inicia sua aventura, descobrindo uma conspiração que envolve muito mais do que o controle da água pura. Ao longo da jornada, o capitão faz novos amigos e inimigos e descobre que sua mãe deixou-lhe muito mais do que um legado.
A narrativa é contada por meio de diálogos, e em cada nova área existe um ponto de encontro: um bar que funciona como um hub onde os heróis recebem missões, além de poderem comprar itens e descansar.
É no bar onde ocorrem a maioria dos diálogos, às vezes com tons cômicos, e contam a situação do local e as atrocidades que a Marinha ou outras organizações estão cometendo. Cada bot possui sua personalidade e é fácil simpatizar com eles, escolhendo seus preferidos, principalmente entre a tripulação.
Preparar, apontar, fogo
SteamWorld Heist II foge do padrão de RPGs táticos ao continuar como um sidescroller. Os combates são por turnos e cada bot tem duas ações. O movimento, por exemplo, consome uma e pode ser repetido consumindo outra, mas gastar uma ação atirando sempre encerra o turno. Existem habilidades e itens que possuem ação livre, como jogar uma granada com a habilidade Granadeiro do Wesley.
Existem seis classes que ficam vinculadas à arma equipada. Com uma metralhadora, o bot se torna um Atroz, e possui habilidades voltadas ao dano; com uma escopeta ele é um Lateral, com alta movimentação.
É possível mesclar as classes, pois, conforme sobe de nível, o bot ganha engrenagens que podem ser gastas para ativar habilidades de outra classe, caso ele já tenha alguns níveis nela. Por exemplo, Daisy, equipada com um lança-foguetes, é uma Bombista, mas possui níveis em Franco-atirador e Atroz, aumentando sua mira, chance e dano de crítico.
O título não é tão difícil, e caso o jogador queira mais desafio, pode aumentar a dificuldade a qualquer momento, mas isso torna necessário compreender as melhores combinações entre as classes.
Apesar disso, por possuir um mapa muito grande e um escopo quase três vezes maior que seu antecessor, é inevitável a sensação de repetição. Para ser mais divertido, é preciso aumentar um pouco a dificuldade, sendo preciso gastar tempo refazendo as missões para subir de nível e misturar mais classes. Isso demora um pouco e gera uma frustração, fazendo o jogador sentir que seus esforços não são recompensados.
Cowboys do mar
A obra mistura, de forma genial, cowboys com piratas. Os personagens possuem a caracterização de faroeste, mas agem como piratas e navegam em mares, em uma combinação perfeita entre as temáticas.
O tratamento de áudio é impecável, e a trilha sonora é primorosa, principalmente as músicas dos bares, que tocam um country muito agradável, assim como os efeitos de tiros e explosões. Em geral, o jogo é um show audiovisual, seguindo o padrão da franquia.
Calmaria depois da tempestade
SteamWorld Heist II peca na sensação de repetição, mas apresenta melhorias consideráveis em relação ao seu antecessor. O novo esquema de mescla de classes é um incentivo para a jogabilidade, mas a demora em evoluir se torna um peso. O ideal seria ter mais níveis com o mesmo total de experiência, assim sempre haveria a sensação de recompensa depois do esforço – e isso é possível de se fazer, pois as classes ganham mais de uma habilidade por nível.
A obra é impecável em relação ao áudio e visual. A arriscada mistura de temáticas distintas traz músicas suficientemente boas para serem apreciadas na vida real e personagens icônicos que não serão esquecidos. Recomendo para todos que gostam da franquia, especialmente para aqueles que gostam de RPGs táticos.
Cópia de Xbox Series X|S cedida pelos produtores
Revisão: Júlio Pinheiro