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Review Road Redemption (Switch) – Roguelike que ninguém pediu

Quem não conhece Road Rash? Tive meu primeiro contato com a franquia apenas no PS1, já com os gráficos poligonais daquela geração. Mesmo com a qualidade no limite do possível, me apaixonei pela jogabilidade e pela brutalidade virtual que o jogo apresentava – coisa de jovem.

Vários anos depois, com Road Rash fora do mercado há muito tempo, eis que surge Road Redemption através de uma iniciativa no Kickstarter. O título é uma tentativa de resgatar os sentimentos daquele que o inspirou, mas numa forma de jogar levemente diferente – infelizmente.

Desenvolvimento: Pixel Dash Studios
Edição: Tripwire Interactive
Jogadores: 1-4 (local) e 1-10 (online)
Gênero: Ação, Multiplayer, Corrida
Classificação indicativa:
 14 anos
Português: Interface e legendas
Plataformas: PC, PS4, Xbox One e Switch
Duração: 4.5 horas (campanha)/ 14 horas (100%)

Road Redemption é sobre jogabilidade

Apenas autoestradas

Road Redemption não tem um enredo profundo, “diz a lenda” que a história se passa em um mundo distópico e pós-apocalíptico. Um motoqueiro assassino matou o líder de um cartel de armas, e em sua cabeça foi colocada uma recompensa de 15 milhões de dólares. Você, membro da gangue de motoqueiros Jackal, precisa chegar a este assassino antes das gangues adversárias. E tudo isso é apresentado num texto corrido antes de iniciar o jogo, de uma maneira bastante simplória.

Os gráficos são um pouco ultrapassados mesmo nas versões de PC e consoles mais potentes, sendo um meio termo entre a geração atual e a de PS2 – mais próximo da última opção. Antes fossem apenas os visuais, mas Road Redemption tem um controle bastante estranho das motos, passando a sensação de ser impreciso e sensível demais – principalmente no “drift”.

Porém, algo sem dúvida bastante divertido, como já esperado, são as formas de derrubar os adversários. É possível acertá-los com socos, chutes, armas de fogo, porretes e até mesmo granadas. Felizmente, também existe uma forma de se defender dos golpes dos motociclistas, desde que acertemos o tempo certo de pressionar o comando. Bom, neste quesito, Road Rash foi devidamente homenageado.

O câncer dos jogos atuais

A explosão do Roguelite

Muitos jogos hoje em dia tem esse estranho costume de apostar na fórmula roguelite para seus jogos. E eu pergunto: por quê? Talvez seja algo de mais fácil implementação e que dispensa esforço? O que consigo afirmar é que em muitos jogos isso simplesmente não “casa”.

E em um jogo de corrida não é algo que se espera nem de longe. Como em Road Redemption você facilmente se acidenta ou é derrotado na missão – algumas vezes por conta dos controles ruins e freios deslizantes -, é comum precisar ver a tela de game over e ser jogado ao menu inicial.

Upgrades que te farão suar

Ah, mas espera, antes disso existem atributos para serem distribuídos permanentemente com aquilo que você adquiriu durante o modo história. Mas calma lá, nem tudo são flores, pois o jogo vai iniciar novamente do zero te obrigando a passar por tudo de novo. Em intervalos entre uma partida e outra também existem os aprimoramentos temporários. Este último usa dinheiro adquirido através dos inimigos derrubados durante a corrida.

Porém, acho que nada salva a campanha de Road Redemption uma vez que este escolhe seguir pelo caminho da aleatoriedade. São alguns modos de jogo que provavelmente você vai encontrar várias vezes durante o “enredo” de forma gerada procedural. Como eliminar um certo número de membros da gangue adversária, corrida contra o tempo, chegar pelo menos em 3º lugar ou acabar com o chefe da fase (eliminando também) ou terminar a partida sem morrer.

Seria muito divertido se ao menos eu tivesse a chance de escolher a próxima modalidade. Por isso, muitas das vezes fui obrigado a jogar aquele modo que menos gostei, o que foi bem frustrante.

Muito esforço, pouca recompensa

Se há uma coisa que este jogo tem são desbloqueáveis. Infelizmente, é aquele tipo de coisa que você não tem pique para fazer. Tentei ao máximo me animar para conseguir juntar a pontuação suficiente para liberar motos novas e novos pilotos – que possuem atributos diferentes -, mas não tive ânimo para ir muito longe.

O jogo acaba caindo na frustração novamente por ter escolhido um caminho roguelite e fases aleatórias. Suas tentativas e erros serão tantas que acho melhor você investir seu tempo em outro jogo de motos.

O coop local é o chamariz de Road Redemption

Multiplayer

O servidor do modo online sempre se encontra morto. Fora que não é possível criar uma conexão direta com alguém (P2P). Portanto, um dia, jogar Road Redemption online provavelmente deixará de ser uma realidade..

As únicas vezes que consegui jogar foi com um amigo, e ambos percebemos que o multiplayer online não passa de algo extremamente básico. O jogo escolhe algo totalmente arcade, como correr apenas em uma modalidade sem incentivo. Ao menos podemos adquirir pontos para fazer upgrade.

A salvação por aqui é que também existe o splitscreen, ou o multiplayer de sofá. O bacana é que podemos jogar o modo história em até 4 pessoas no mesmo console, o que facilmente é mais divertido que o próprio online.

Um jogo sobre motos, isso era Road Rash

Roguelite por todos os cantos

Eu, sinceramente, estou meio cansado de tantos títulos escolhendo uma abordagem roguelite como mecânica central. Se pelo menos existisse a opção de desligar estes elementos, quem sabe a experiência não seria bem melhor? Road Redemption é um bom jogo, mas poderia ser melhor em vários aspectos. E o que mais impede isso é justamente o roguelite.

Este review foi feito com uma cópia de Switch cedida pelos produtores

Road Redemption

7

Nota final

7.0/10

Prós

  • Desbloqueáveis
  • História em até 4 jogadores
  • Divertido no limite do possível

Contras

  • Modos aleatórios
  • Freios ruins
  • Roguelite obrigatório
  • Dificuldade frustrante