Zodíaco foi um dos serial killers mais famosos da América, se tornando um caso estritamente complexo e intrigante pela forma como se comunicava. Tendo isso em vista, filmes e livros foram escritos baseados na tamanha repercussão que os assassinatos receberam da mídia. Agora com a maior imersão que os jogos proporcionam, é dada a chance de investigar e procurar pistas nos atos que assombraram São Francisco – Scooby-Doo cadê você, meu filho?
Desenvolvimento: Punch Punk Games
Distribuição: Klabater
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura
Classificação: Livre
Português: Não
Plataformas: PC, PS4, Switch e Xbox One
Duração: Sem registros
O Zodíaco
Por que não começar falando do motivo que culminou nessa “bagaça” toda? O Zodíaco aterrorizou São Francisco no final dos anos 60 e início dos 70, com assassinatos brutais onde esfaqueava ou atirava múltiplas vezes em suas vítimas – somando um total de 37. Por mais que não existisse um padrão, a maioria das vítimas eram jovens mulheres, e algumas estavam acompanhadas por seus namorados.
Outro ponto importante são as cartas que ele enviou durante anos aos editores de jornais. Essas cartas ditavam principalmente informações sobre seus assassinatos, coisas que só ele e a polícia sabiam, popularizando ainda mais os atos. Com isso, jornais publicaram algumas dessas cartas fazendo a população dar a ele o nome de Zodíaco – apelido que aparentou gostar.
As cartas também possuíam símbolos emblemáticos que fizeram jornalistas e tradutores perderem suas noites tentando decifrá-los – alguns tentam até hoje. Tendo em vista sua popularidade por enfrentar e brincar com a polícia, muitas pessoas se entregaram afirmando serem o Zodíaco aumentando extremamente a lista de suspeitos – chegando aproximadamente a 2500.
No fim das contas, até hoje não encontraram um culpado ao certo, mas apenas suspeitos. Muitas pessoas ficaram obcecadas por esse caso criando transtornos e imitadores, dificultando a investigação por causa de teorias criadas sobre quem estava por trás da máscara – como alienígenas ou até um irmão já falecido.
A realidade por trás da ficção
Como foi dito anteriormente, disseminou-se uma obsessão em descobrir a identidade do Zodíaco e decifrar suas mensagens. Ao assumir no jogo o papel de Robert Hartnell, um jornalista investigativo, essa obsessão é claramente evidenciada no prólogo. Ele perdeu seu relacionamento, mal trabalha e possui contínuos pesadelos sobre seu passado – algo que foi visivelmente inspirado na história de Robert Graysmith, o cartunista que escreveu um best seller sobre o assassino em 1986.
Em This is the Zodiac Speaking, Robert investigou de perto as cenas dos crimes, e isso o fez escrever sobre elas. Por isso ele acaba chamando a atenção do próprio Zodíaco, recebendo uma carta marcando um local de encontro – e ele vai. Somando essa experiência traumática à sua obsessão, o protagonista é demitido e resolve fazer terapia para lidar com tudo isso.
Durante as sessões da terapia, a jogabilidade engaja na trama e em todos os seus mistérios. Conforme as cenas são investigadas, são encontrados itens importantes, pedaços de jornais e outros objetos que complementam a compreensão da história. Porém, infelizmente tudo está em inglês, o que torna a experiência algo bem frustrante para quem não tem conhecimento, pois a história é facilmente um dos pontos fortes do jogo.
Sobre as cenas dos crimes, estas são bem semelhantes com as verdadeiras e misturam-se com um estilo vintage. Já a ambientação fica ainda mais realista, dando um gostinho maior de anos 70.
Um caçador quase perfeito
Vale notificar que This is the Zodiac Speaking dá a opção de jogar em dois modos: Serial killer e Story. As diferenças? No primeiro você tem um maníaco correndo atrás de você querendo te matar enquanto o investiga, já no outro você brinca de detetive – simples.
Com um clima bem tenso e uma mistura muito bem elaborada de furtividade e investigação, o game também é divulgado como terror, mas não chega ao nível Outlast. Contudo, sou bem suspeito em falar sobre o gênero – por ser um fã, joguei inteiramente de madrugada com headset no máximo – e acredito que, para os desacostumados, a experiência será extremamente tensa dependendo do modo escolhido.
Existem três sistemas que te auxiliam com a furtividade: a música fica mais tensa conforme o Zodíaco fica mais próximo de você, uma barra que avisa o quanto de som você faz e um “desconfiômetro” que aumenta quanto mais ele te vê. Em muitos momentos isso funcionou de maneira perfeita e eu até achei o bot muito inteligente, pois ele normalmente me via escondido o mínimo possível e então ia investigar.
Contudo, em específicas ocasiões – engraçadas por sinal – ele ignora todos os três sistemas e age de maneira bem engraçada, intermediando entre o Visão dos Vingadores e um personagem completamente cego. Deixe-me explicar as comparações: dados momentos o Zodíaco conseguiu me ver através de objetos sem o mínimo de barulho sendo feito, e também conseguiu atravessar esses mesmos objetos. Já em outras ocasiões eu estava parado na frente dele, mas o personagem sequer desconfiou da minha presença. Isso gerou algumas risadas – de nervoso, claro – e uma grande interrogação na minha cabeça.
Ressalto que foram momentos bem específicos que não comprometeram minha gameplay. O perseguidor complica um pouco nossa vida, mas não é tão desafiador quanto parece. A parte realmente difícil é achar todos os itens, e até há um indicador que avisa quando há algo por perto facilitando a descoberta deles, porém mesmo assim ainda foi um pouco complicado.
Uma nova experiência dos ocorridos
Depois do Assassino do Zodíaco ir dos livros para os filmes e agora aparecer em jogos, fica claro o quanto serial killers são um bom gatilho para contar histórias. Essa possibilidade é por conta de termos acesso aos seus atos hediondos de forma mais ativa do que em outros tipos de arte. Porém, o maior erro em contar uma história tão boa é não torná-la acessível para todos, deixando muito a desejar pela falta de no mínimo legendas em português – no caso do Brasil, obviamente. Esse é o único – e quase mortal – pecado que This is the Zodiac Speaking comete.
Review foi feita com uma cópia de Nintendo Switch cedida pelos produtores
Revisado por Bia Bock