Provavelmente você já viu estes visuais em algum outro lugar, e não é uma coincidência: o jogo The Escapists também é desenvolvido e publicado pela Team17. Como o próprio nome já deixa bastante claro, The Survivalist se trata de um jogo de sobrevivência. Sua principal tarefa após naufragar em uma ilha repleta de perigos e recursos é, justamente, se manter vivo. Não apenas isso, como também montar um exército de trabalhadores macacos para aliviar a sua barra nos trabalhos braçais, além de desbravar os cantos e dungeons mais exigentes de toda a região. Esta é a inusitada mistura de Don’t Starve e exploração de ilhas que ninguém nunca imaginaria que fossem fazer.
Desenvolvimento: Team17
Distribuição: Team17
Jogadores: 1 (local) e 1-4 (online)
Gênero: Aventura, Estratégia, Multiplayer
Classificação Indicativa: Livre
Português: Legendas e interface
Plataforma: PC, PS4, Switch, Xbox One e iOS
Duração: Sem registros
História, a coadjuvante
The Survivalists não é exatamente um primor de história, já que ele mantém seu foco completamente em jogabilidade como muitos do gênero – o próprio Don’t Starve. Seus objetivos inicialmente são riscados à medida que o tutorial é completado. Cada atividade realizada concede algum dinheiro ao jogador, o qual pode ser usado posteriormente numa loja temporária que abre durante certos horários na ilha.
Através de dois menus diferentes de crafting, The Survivalists apresenta uma vasta quantidade de opções de ferramentas e itens úteis a serem criados. O primeiro menu, apertando o botão X do controle do Switch, abre as ferramentas e objetos que são possíveis de serem criados sem a ajuda de mesas de trabalho e afins, usando apenas suas mãos. São coisas básicas como sua Multi Ferramenta, que serve praticamente para finalizar todas as receitas e crafting iniciados, cobertor de folhas, fogueira, etc. Já o segundo apertando um dos botões de “gatilho” do controle abre o menu de fabricação de coisas mais elaboradas como forja, mesa de trabalho, baús, entre outros.
A sacada principal é que, uma vez que você cria um item do menu de crafting, o próximo que está “ligado” a ele (uma espécie de derivação do objeto) é liberado automaticamente. Esse sistema tem uma vantagem e uma desvantagem: enquanto a tarefa de habilitar novos itens para crafting é facilitada ao extremo, muitas vezes será necessário gastar materiais para criar um item simplesmente para liberar o próximo na cadeia interligada.
Já em relação ao exército de macacos com o qual brinquei anteriormente, por aqui é algo real. Um dos principais diferenciais do jogo é que você pode treinar macacos que encontrar ao redor da ilha. Todos podem ser ensinados através da função de mímica, a qual faz com que os bichinhos aprendam a utilizar a Multi Ferramenta para finalizar os itens para você, derrubem árvores e depois coletem os materiais caídos no chão para guardar no baú, lutem contra inimigos quando tentam te atacar, entre outras funções engraçadas como imitar emojis que você usa. É uma inteligência artificial muito bem feita que vem bem a calhar e auxilia bastante o jogador, principalmente se este for alguém do tipo que prefere jogar sozinho. Com isso, fica muito mais fácil também sair pelos cantos do mapa com guarda-costas ao seu redor para lhe proteger do perigo, enquanto um pequeno grupo fica na “base” cuidando do básico.
Diversão sem muito compromisso
Após escolher entre algumas variações possíveis para a aparência de seu personagem (como barba, cabelo e cor de roupa), a missão agora é descobrir o que deve ser feito. Bom, como o personagem é um náufrago, não existe muito com o que se ocupar a não ser passar seus dias controlando a fome, sono e outras necessidades básicas. Ao menos em The Survivalists as necessidades fisiológicas não caem absurdamente rápido como em outros jogos de sobrevivência que procuram imitar mais a realidade por meio de um desafio punitivo. Mas calma, talvez você encontre seu objetivo de vida ao construir uma jangada e descobrir novas ilhas no arquipélago.
Adicionalmente, existem algumas dungeons espalhadas pelas ilha com inimigos e morcegos bem chatos que tentam te atacar insistentemente, mas recompensam o jogador com pilhas de carne para fazer aquele churrasco na fogueira. Se conseguir chegar até o final da dungeon, sempre haverá uma recompensa esperando por você.
No começo do texto fiz uma comparação de The Survivalists com Don’t Starve não à toa, já que a dificuldade, navegação pelos menus e exploração adotadas aqui parecem superficialmente o título da Klei. Quando jogado com amigos no online, tudo fica mais similar ainda, porém desta vez em relação a Don’t Starve Together. Em The Survivalists, ao ser abatido, o personagem também é enviado de volta à sua “base” e perde todos os itens recolhidos até então, sendo necessário buscá-los novamente no local onde você foi derrotado – pelo menos aqui não precisamos manter um item de invocação para ressuscitar nosso corpo num altar como em Don’t Starve.
Com amigos tudo é melhor
O multiplayer funciona muito bem, já que não tive problemas de lag com amigos do mesmo país. Também fico muito feliz que exista uma forma de pesquisar salas bem organizada, em vez de optar por nos lançar em qualquer partida aleatória. Porém, jogando com pessoas distantes de mim, pude notar um pouco de enroscadas durante a jogabilidade e o personagem do outro lado parecia estar sendo puxado algumas vezes.
Mesmo assim, a experiência para mim foi suave e não houveram nem mesmo input delays na hora de realizar ações e ter o feedback. Por outro lado, não achei uma forma de sair do jogo no qual ingressei, talvez nem mesmo exista uma opção que faça isso ainda. A minha remoção da partida pelo anfitrião foi a única forma que encontrei de voltar ao menu principal.
The Survivalists é o tipo de jogo perfeito para se experienciar conversando com alguém, o que torna tudo mais divertido e fluído. Uma pena não existir um chat de voz nativo, assim a única saída é optar por um app de terceiros como Discord. Também não há crossplay, o que diminui um pouco a possibilidade de jogar com pessoas que tenham adquirido o game em outras plataformas – saiu até pra iOS. Apesar de ter um foco grande em crafting, o inventário do personagem é bastante limitado, o que parece ir na contramão da proposta geral.
Já em termos de progresso sincronizado, The Survivalists manda bem e tem algumas decisões inteligentes. Itens adquiridos são levados consigo para seu jogo single player mesmo que você não seja o anfitrião da partida. Muitos jogos cometem o erro de beneficiar apenas quem criou a sessão, mas The Survivalists parece entender que é importante ao dar um sentido para a existência do modo cooperativo. Porém, para avançar no enredo e ter suas realizações salvas, é necessário jogar sozinho e ser realmente o dono da partida. Neste caso, acho que faria mais sentido existir um co-op local, já que no mesmo console vejo mais um porquê para que duas pessoas joguem sempre juntas um mesmo progresso salvo.
Um bom passa-tempo
Como um dos jogos mais bacanas de sobrevivência que já vi, The Survivalists faz bonito. Nada é incrivelmente único ou inovador, mas funciona bem. Os visuais são fofinhos, a jogabilidade é de fácil entendimento, a exploração de mapas é agradável e tudo parece ter sido feito com carinho. Fato é de que não existe um propósito muito grande a não ser relaxar e conversar com alguém durante uma sessão de multiplayer.
Mas tá tudo bem, já que a proposta do jogo não é exatamente oferecer algo profundo ou um enredo contagiante. Se você não tiver amigos com quem jogar, os macacos ajudantes serão um elemento crucial para suprir esta sua necessidade, e fico contente que isso exista por aqui. De qualquer forma, admito que sozinho The Survivalists não tem um apelo assim tão grande, e consegue ficar repetitivo em algumas horas de jogo.
Obs.: The Survivalists está disponível no iOS através do serviço Apple Arcade.
Esta review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Bia Bock