Após um hiato de seis anos, Sackboy ressurge na transição entre os consoles da Sony; seu último jogo foi Little Big Planet 3, lançado em 2014 para PS3 e PS4. Agora é a vez de PS4 e PS5 receberem o mascote de pano em seu novo plataforma 3D, Sackboy: A grande aventura.
Desenvolvimento: Sumo Digital
Distribuição: Sony Interactive Entertainment
Jogadores: 1-2 (local e online)
Gênero: Ação
Classificação Indicativa: Livre
Português: Dublagem, legendas e interface
Plataformas: PS4 e PS5
Duração: 9 horas (campanha)/24 horas (100%)
A grande aventura
Um ser poderoso chamado Vex quer construir o Conversor, instrumento que irá corromper tudo o que há de justo, belo e moral no Artemundo, lugar onde se passa a história. Apenas a Ordem dos Cavaleiros Tricotados pode impedi-lo. Percorrendo cinco mundos diferentes e pelo menos 60 estágios, o valente Sackboy tenta resgatar seus amigos e coletar as Esferas do Sonho para se tornar um Cavaleiro e assim enfrentar e derrotar Vex.
Cavaleiros Tricotados lembra um pouco Assassin’s Creed e os cavaleiros templários, não? Seja como for, assim como em Assassin’s Creed, a história importa pouco. Os cinco mundos estão repletos de fases variadas (na fornalha, no mar, na floresta, na fábrica, na nave espacial) e cheio de itens para compor o Sackboy, além das fases-bônus, de fases “secretas” que não são lá muito escondidas, dos estágios com desafios de habilidade dos Cavaleiros Tricotados e, claro, uma lojinha de trajes (skins) que não aceita dinheiro de verdade.
Ou seja, ao contrário de Assassin’s Creed, Sackboy não tem microtransações. E não leva mais de 90 horas para finalizar (sim, eu estou falando de você, Valhalla!).
Cinco mundos, inúmeras fases
O jogo é relativamente curto, mas coletar as Esferas do Sonho (cada fase tem no mínimo 3 delas escondidas) e completar os objetivos adicionais vai tomar tempo. Joguei mais de uma vez cada estágio procurando esferas e – em fases específicas – procurei os cubos que habilitam os desafios dos cavaleiros. 17 horas após iniciar o jogo, eu ainda não havia finalizado.
No PS5 é possível pressionar o botão PlayStation para ver um vídeo de como coletar cada esfera. Usei o recurso sem remorsos; apesar de ser um plataforma 3D de câmera fixa, Sackboy realmente abusa do 3D e algumas fases precisam ser reviradas em busca de todos os coletáveis. As esferas são especialmente necessárias porque um número delas é exigido para as boss battles de cada mundo.
Aqueles joguinhos das colagens
As comparações com a franquia Little Big Planet (LBP) são inevitáveis. No início da geração PS4, a Sony investiu na publicação de pelo menos dois games com temática infantil e focados em colagem e criatividade, por assim dizer – o outro foi o esquecido, mas ainda hoje belo, Tearway Unfolded.
Além do público infantil, LBP teve foco na comunidade: as criações dos jogadores eram compartilháveis e podiam ser jogadas por outras pessoas. Desconheço as razões pelas quais isso não foi adiante – talvez porque as fases não formassem um todo coerente. É ainda mais intrigante porque Sackboy é um personagem carismático e versátil, na medida em que você pode usar qualquer tipo de skin para personalizar sua aparência. Esse tipo de customização vende bonequinhos, mas talvez não tenha vendido jogos como a Sumo Digital e a Sony esperavam, quem sabe?
De LBP ao Sackboy há uma grande diferença no desenho dos níveis e dos mundos; no primeiro, o jogador explorava as fases em camadas, por exemplo, passando da frente da tela para a parte de trás dos cenários para coletar um item – a coleta era imprescindível para criar seus próprios mundos (Super Sackboy Maker?). Já Sackboy não tem essa característica. O jogo tem plataformas, puzzles simples e em algumas fases a tela se desloca, limitando a exploração; mas, principalmente, Sackboy apresenta uma certa coerência temática nas fases de cada mundo que falta aos jogos Little Big Planet. Em Sackboy, o jogador sente que está jogando uma história e não um amontoado de diferentes estágios.
Experiência tricotada
Sackboy possui algumas habilidades específicas para cada fase, o que torna o jogo variado em suas mecânicas tradicionais. Personalizar o personagem com diferentes “roupinhas” é a versão atual de brincar com bonecas. É um game gostoso de se jogar, especialmente a versão de PS5 com o DualSense; assim como no Astro Playroom, é possível “sentir” nas mãos as diferentes superfícies dos cenários. As texturas de cada material são bastante detalhadas e visualmente satisfatórias, assim como a iluminação e a experiência flui em 60 quadros por segundo em resolução 4k.
Cada mundo tem uma fase rítmica, em que a ação se desenrola em conjunto com alguma música e também uma fase exclusiva para dois jogadores. Infelizmente, ainda não experimentei o modo co-op – nem o de sofá, nem o online, que ainda não foi implementado. Portanto, não tenho nada a dizer a respeito. Já as fases musicais são bem divertidas, mas fico imaginando o que deve acontecer em alguns anos quando as licenças expirarem (quem jogou GTA IV após 2017 sabe do que estou falando – as músicas das rádios sumiram ou foram trocadas, em sua maioria). Seja como for, a trilha sonora é um ponto alto do jogo e pode ser conferida no Spotify.
Ato final
Apesar de ser um jogo infantil, Sackboy apresenta um bom nível de desafio e diversão. Dos três jogos que comprei para estrear o PS5, esse era para mim o mais duvidoso deles – mas acabou sendo o que mais gostei. Pela primeira vez percebo que a Sony conseguiu lançar jogos para os pequenos, mas com apelo para adultos – algo que a Nintendo faz com imensa facilidade.
Vale a pena adquirir a versão de PS4 já que o upgrade para PS5 é gratuito. O único inconveniente na mídia física é este: a cada vez que você inicia o console ou insere o disco para jogar, o PS5 tenta instalar também a versão de PS4. É um inconveniente de início de geração, mas não estraga a experiência.
Cópia de PS5 adquirida pela autora
Revisão: Jason Ming Hong