Entre todas as opções para adaptar um clássico dos mangás que retrata um grande duelo entre um assassino e um detetive, talvez criar um jogo de dedução social ao estilo de Among Us seja a ideia mais criativa possível. DEATH NOTE Killer Within é um game online que reúne até 10 pessoas para descobrir quem é o Kira entre elas. A proposta resulta em uma experiência divertida, mas que poderia oferecer mais conteúdo e apresentar menos problemas técnicos.
Desenvolvimento: Grounding Inc.
Distribuição: Bandai Namco Entertainment Inc.
Jogadores: 4-10 (online)
Gênero: Estratégia
Classificação: 12 anos
Português: Não
Plataformas: PC, PS, PS5
Duração: Sem registros
Em busca do Kira
Em DEATH NOTE Killer Within, até dez jogadores entram em partidas multiplayer nas quais devem cumprir objetivos de acordo com seus papeis. Os investigadores conversam com testemunhas para descobrir mais sobre os assassinatos e anotam os nomes dos suspeitos, que servirão de pistas para L, responsável por coordenar toda a ação e monitorar as câmeras de segurança do mapa. Enquanto isso, os seguidores precisam identificar os investigadores e roubar suas identidades para fornecer nomes a Kira, que usará o seu caderno para julgá-los até conseguir matar L e construir o seu novo mundo.
Naturalmente, ninguém sabe exatamente quem é quem no decorrer da jogatina, pois é preciso desvendar essas informações aos poucos durante as partidas, que seguem um sistema de dias. Em cada rodada, que dura cerca de 90 segundos, os jogadores precisam completar pequenas tarefas específicas de seus papeis, e, em seguida, se reunir para votar em quem acreditam ser o Kira.
O ritmo é dinâmico, embora os resultados das votações possam gerar algumas consequências chatas. Por exemplo, se alguém convencer a todos que você é o Kira e não for, você ficará preso a outro detetive na rodada seguinte, sem poder participar ativamente do jogo. Tirando esses momentos, DEATH NOTE Killer Within aplica essa fórmula de dedução social à franquia com sucesso – mas por pouco tempo, ainda mais porque as partidas podem durar segundos caso Kira mate de primeira algum jogador aleatório que, por coincidência, seja o L.
Jogando e customizando
A jogabilidade utiliza uma câmera isométrica e é repleta de pequenos eventos de ação rápida, necessários para escrever nomes no caderno ou interrogar testemunhas. Há muito para acompanhar, mas o jogo oferece bons tutoriais, explicando todas as mecânicas de uma maneira clara e interativa.
Um dos destaques do game são as animações dos personagens morrendo após serem controlados pelo caderno: diferente da obra original, que é gráfica e violenta, esses momentos são cartunescos e engraçados, lembrando o estilo exagerado de desenhos animados. Entretanto, essas animações se repetem demais, uma vez que há pouca variação entre elas, e o mesmo ocorre com os mapas. O jogo traz somente uma única área urbana para os jogadores explorarem, o que torna rapidamente a jogatina repetitiva e cansativa.
Esse é um jogo de menor escala, custando R$ 40 na loja da Steam. Para compensar o preço baixo, os responsáveis incluíram várias microtransações cosméticas, que permitem a edição dos personagens – a maioria deles lembram os bonequinhos de dedo usados por Near, o sucessor de L que surge na segunda parte da obra de Tsugumi Ohba e Takeshi Obata. Há até um passe de batalha que desbloqueia itens conforme os pontos de XP distribuídos ao completar partidas, além de roupas mais elaboradas, vendidas por meio de DLCs. Claro que nada disso é essencial para curtir o jogo de fato, já que isso faz pouca diferença durante a gameplay propriamente dita.
Modo online com problemas
DEATH NOTE Killer Within apresenta uma interface um tanto quanto confusa e não conta com uma tradução para português, tendo apenas diálogos em japonês e, pelo menos na versão de PC, um som com um volume excessivamente baixo. Há crossplay com a comunidade do PlayStation, mas o título depende de uma conexão aos servidores dos desenvolvedores para funcionar, porque não há nenhum modo offline ou LAN. Dessa forma, a disponibilidade futura do game sempre estará ligada à vontade das empresas envolvidas em sua produção e pode simplesmente deixar de existir de um dia para o outro.
Ainda assim, o jogo sofre com travamentos e erros de conexão, além da ausência de uma função de matchmaking, o que obriga os jogadores a criarem ou entrarem em salas para jogar. É vital se reunir com um grupo de amigos, uma vez que o sistema encerra as partidas automaticamente caso alguém saia, já que não há a substituição dos jogadores ausentes pela inteligência artificial. Há até modos de treino que funcionam com bots, então o título poderia ser mais completo, especialmente em suas funcionalidades online e offline.
Sem muito conteúdo
DEATH NOTE Killer Within proporciona uma execução mediana de uma ideia excelente, com muitas falhas que impedem que o jogo seja uma alternativa totalmente recomendável aos fãs de dedução social. Mesmo com todos os problemas, o game não deixa de ser uma boa opção para se divertir em grupo – mas não por muito tempo, justamente pela falta de conteúdos mais variados e distintivos.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Ailton Bueno
DEATH NOTE Killer Within
Prós
- Ideia criativa
- Partidas rápidas
Contras
- Bugs na conexão
- Sem muito conteúdo
