Lançado originalmente para PC em 2018 e em 2020 para os consoles da geração passada, Infliction: Extended Cut finalmente chegou para PS5 e Xbox Series X/S. Ambientado em uma casa mal assombrada, Infliction é um pesadelo interativo que te leva para um universo de terror inspirado nos antigos filmes B dos anos 80. Prepare-se para enfrentar seus demônios interiores enquanto desvenda o caso de um terrível assassinato.
Desenvolvimento: Caustic Reality
Distribuição: Blowfish Studios
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Terror, Aventura
Classificação: 14 anos
Português: Não
Plataformas: PC, PS4, PS5, Switch, Xbox One, Xbox Series X/S
Duração: 3 horas (campanha)/3.5 horas (100%)
Explore cada canto
Imagine Infliction como um filme de terror, ao melhor estilo A Bruxa de Blair, só que interativo. Nele, você controla Gary Prout, um jovem rapaz que recebe um pedido de sua esposa, Sara, para pegar as passagens de avião que ela esqueceu em casa.
Neste ponto, é fundamental que o jogador explore o ambiente livremente e aprenda um pouco mais sobre a família que vive ali. É uma casa de classe média, com um quarto para o casal e outro para o recém chegado bebê. Na pele de Gary, você sairá abrindo portas e gavetas à procura das passagens de sua esposa.
O jogador, então, irá presenciar uma cena horrível e, a partir daí, Gary estará preso em um pesadelo sem fim dentro de sua própria casa, agora assombrada por um fantasma que irá persegui-lo por todos os lados.
Sonhos despedaçados
Você passará por diversos períodos da vida de Gary e de sua família dentro da casa, e irá entender aos poucos que aquela família, até então tradicional e perfeita, na verdade, se encontra em pedaços. Temas como alcoolismo e relacionamento abusivo vão estar presentes em fotos e diários que o jogador poderá encontrar, enquanto explora cada cômodo da casa.
Afinal, entender toda trama por trás da tragédia familiar é o ponto chave para ter sucesso no jogo, se você quiser chegar até o final sem precisar consultar algum guia. A casa será sempre a mesma, mas, em cada capítulo, você visitará o ambiente em diferentes fases de tempo. Hora ou outra você entrará em quadros e espelhos, e passará por locais importantes para a trama, como uma delegacia e até um sanatório.
Assim como vimos em P.T. e em Outlast, Infliction: Extended Cut abusa do seu senso de exploração e do “vai e volta”, mas não fica tão chato, já que a casa costuma mudar a forma do ambiente – e até mesmo de dimensão. Fantasmas e outros seres horrendos estarão no seu caminho, mas não existe mecânica de combate. Sua única defesa será se esconder ou usar os interruptores da parede para espantar os espíritos com a luz.
Um pesadelo sem fim
Infliction: Extended Cut não possui contador de vidas e nem de mortes. E não estranhe se você morrer algumas vezes em determinados capítulos. O único aviso que um fantasma estará por perto é um glitch na tela, como quando a transmissão da TV sofre alguma interferência. Este será o momento de correr ou se esconder em armários ou embaixo da cama.
É o objetivo do jogo que você aprenda a andar pelo cenário e encontrar o melhor caminho para avançar por tentativa e erro. Você irá andar muito por cada canto da casa e em épocas diferentes. É interessante ler os avisos escritos na parede e observar os quadros que Sara deixará espalhados pela casa, como uma forma de mostrar ao jogador o pesadelo que ela vive ali.
Alguns puzzles estarão pelo caminho e lembrarão muito alguns jogos como Resident Evil ou The Last of Us. Tratam-se de quebra-cabeças simples como abrir um cofre ou alinhar figuras de determinada maneira, mas nada que causará alguma dificuldade ao jogador. Até porque Infliction não é um jogo difícil, e sua única preocupação será fugir do fantasma que te persegue.
Terror em 4K
Infliction já havia recebido um conteúdo extra quando foi portado do PC para os consoles da geração passada. Agora, no PS5 e no Xbox Series X/S, a novidade fica por conta da resolução em 4K. Embora o jogo tenha um ambiente bastante bonito e realista, não podemos dizer o mesmo dos personagens, que parecem ter ficado presos na era do PS3.
A resolução 4K piora mais ainda as coisas, já que, ao mudar para para este modo, a queda de framerate será perceptível e até irritante. Tratando-se do uso do SSD, embora seja possível perceber uma melhora no carregamento dos capítulos em relação ao PS4, ainda assim, você deverá esperar alguns segundos olhando para a tela de loading.
A sensação que fica é que o game não está completamente pronto para a nova geração e não tira bom proveito da tecnologia presente nos novos consoles. É recomendado ficar atento aos seus coletáveis, já que não é possível fazer salvamentos manuais. Algumas conquistas estão bugadas e podem não pipocar em sua tela no primeiro playthrough. Será preciso repetir o jogo novamente ou selecionar um capítulo após terminá-lo pela primeira vez.
Digno de um troféu framboesa
Tratando-se de um jogo indie, Infliction: Extended Cut surpreende pelos detalhes da trama, que só será aproveitada da maneira correta se você se dedicar a explorar todo o cenário. Caso contrário, Infliction será confuso e cansativo, limitando-se ao “pega-pega” entre o personagem e os monstros que habitam o lugar.
A resolução 4K presente apenas na versão para os novos consoles deixa o jogo bonito, mas a perda de performance é imperdoável em algo baseado em point and click e sem mecânica de combate. Ainda assim, o game consegue segurar por algumas horas (poucas, já que não é longo), como se estivesse dentro de um filme de terror de verdade.
A falta de um salvamento manual, atrelado aos bugs relativos aos troféus, poderá fazer com que você precise retornar a alguns pontos desnecessariamente. Os checkpoints também são escassos e você terá que repetir algumas partes do capítulo caso morra. Tenha muita paciência e prepare-se para tomar muitos sustos com jumpscares inusitados, enquanto vagueia pela casa nesse simulador de caminhada de terror interativo.
Cópia de PS5 cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong
Infliction: Extended Cut
Prós
- Ambientes bem detalhados e realistas
- Temas delicados que precisam ser melhor discutidos em nossa sociedade
- Inspiração nítida em filmes B dos anos 80
Contras
- Sem opção de salvamento manual
- Checkpoints escassos
- Gráficos dos personagens não combinam com o ambiente
- Mau aproveitamento da tecnologia da nova geração
