Capa de Souldiers

Review Souldiers (PC) – Almas perdidas e corações leves

Metroidvania é um subgênero de ação-aventura no qual não costumo me aprofundar muito, devido a algumas preferências pessoais, principalmente por sua predominante modelagem 2D. Com meu último jogo da categoria sendo Blasphemous, achei que demoraria a encontrar outro título do meu agrado. Eu não poderia estar mais errado. Souldiers, a mais recente produção da Retro Forge, conseguiu me cativar e entreter-me por horas a fio, sem sequer perceber este tempo passar. Mas o que tornou minha experiência tão singular?

Após uma curta janela de adiamento, Souldiers estará disponível no próximo 2 de junho para PC, PS4, PS5, Switch, Xbox One e Xbox Series X/S.

Desenvolvimento: Retro Forge
Distribuição: Dear Villagers
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura
Classificação: Livre
Português: Interface e Legendas
Plataformas: PC, PS4, PS5, Switch, Xbox One, Xbox Series X/S
Duração: Sem registros

Terragaya, Valquírias e outros contos

Primeira aparição da Valquíria

Inicialmente, a história se passa no território chamado Zarga, uma das três nações que governam o grande continente de Ascil. Comandados pelo General Brigard, você e seus companheiros de legião são soldados a serviço do reino e, consequentemente, do Rei de Zarga. Em uma missão de guerra, seu grupo, aguardando em campo por instruções dos oficiais do exército, sofre um acidente e são transportados para Terragaya, uma terra encantada à margem da vida após a morte. Guiados por Valquírias, o objetivo principal agora é um só: encontrar o Guardião e fugir deste mundo.

Como um dos principais pilares de jogos de aventura, a lore, à primeira vista, pode parecer um tanto quanto introdutória demais. Contudo, a exploração pelo mapa recompensa os jogadores com a descoberta de personagens não jogáveis que vão adicionando camadas de informações ao roteiro, ajudando na compreensão do universo em questão. Narrativas transmídias, como a necessidade de consumir mangás para assimilarmos melhor a história, não existem aqui, como é o caso de Metroid Dread, por exemplo. Ou seja, o enredo se desenvolve de maneira natural.

Espada na mão, inimigo no chão

Escolha de classe: Conjurador

A jogabilidade do Souldiers é semelhante a de títulos que compartilham do mesmo estilo de plataforma. Porém, alguns atributos em particular são os seus grandes pontos positivos. Um deles é a adição de elementos de RPG. Começando pela escolha de classes, a aventura te dá a liberdade de decidir entre as três disponíveis: Arqueiro, Patrulheiro e Conjurador. Cada uma delas possui vantagens e desvantagens, como trataremos a seguir.

Se sua preferência for por combates à longa distância, o Arqueiro é a sua melhor opção. Com o maior range quando comparado às outras classes, esses guerreiros são os mais equilibrados em termos de status. Além do uso de flechas, ele também consegue usar o arco como um bumerangue em ofensivas bastante ágeis.

Para embates a curta distância, o Patrulheiro, com certeza, suprirá suas necessidades. Sendo a vida e a energia seus maiores status, esses personagens são hábeis usuários de escudo, para absorver golpes e danos mortais, e espada, para realizar rápidos golpes e combos. Contudo, eles possuem uma baixa quantidade de mana, o que os limita quanto ao uso de magia.

Escolha de classe: Patrulheiro

Por fim, o Conjurador é o responsável pelos maiores ataques – e, consequentemente, danos – do jogo. Com os indicadores de mana e ataque nos níveis máximos, estes magos podem causar uma enorme destruição através de poderes místicos. Em compensação, a vida e a energia dos usuários são baixas, o que os tornam bem vulneráveis a investidas inimigas.

Os elementos de RPG presentes não se restringem apenas a essa escolha de classes. Durante o percurso, após ganharmos pontos de experiência suficientes, Relíquias de Maestria nos são concedidas. Elas servem para desbloquear habilidades passivas que modificam nosso moveset, seja aumentando o dano de skills ou alterando o funcionamento delas. Por exemplo, na árvore de Maestrias de Conjurador, a maestria Reflexo permite criar uma ilusão após uma esquiva e detoná-la para causar dano em inimigos próximos a ela.

Descansos sob a luz de chamas

Estátua de descanso

Além do RPG, Souldiers também bebe da fonte dos Soulslike. Os combates, ainda que em duas dimensões, possuem fortes semelhanças com aqueles presenciados nos títulos da franquia da From Software. Aqui, os bosses (chefes) são criaturas difíceis com movimentos variados e bastante dano, o que nos força a decorar seus ataques e estudar o melhor momento para desviar ou bater. Inclusive, Patrulheiros, alegrem-se, pois seus escudos lhes serão úteis, já que a famosa mecânica de parry (aparar ataques) também foi implementada.

Explorando o mapa, é possível encontrar pequenas estátuas que acendem uma chama ao interagirmos. Esses monumentos funcionam de maneira similar às bonfires do Souls: salvam o progresso, restauram recursos e oferecem viagens rápidas entre elas. E, claro, os inimigos outrora derrotados renascem com seu uso, à exceção de bosses. Não entregarei tudo, mas estejam preparados para encontrar outras referências.

Uma agradável surpresa

Souldiers é um verdadeiro deleite para os fãs do subgênero. A união de metroidvania, RPG e Soulslike, com o melhor de cada categoria sendo aproveitado de maneira tão magistral, só poderia resultar em algo inteiramente divertido e igualmente desafiador. O trabalho desenvolvido pela equipe de arte resulta em um dos mais belos jogos em pixel art que já tive o prazer de jogar, com sua trilha sonora servindo como a cereja do bolo. Ainda é cedo demais para esperar um Souldiers 2?

Cópia de PC cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Souldiers

10

Nota final

10.0/10

Prós

  • História satisfatória
  • Visualmente bonito
  • Bom uso de elementos conhecidos
  • Excelente trilha sonora