Seja nas páginas dos livros escritos por Agatha Christie ou na talentosa atuação de David Suchet na série dos anos 90, Hercule Poirot é como Sherlock Holmes: suas habilidades de detetive até hoje encantam a nossa imaginação.
Nos jogos, o detetive belga teve títulos mais tímidos em relação ao seu rival Sherlock Holmes, apesar de ter tido alguns de peso, como Assassinato no Expresso do Oriente (2001) e ABC Murders (2000).
Agora, sob a tutela da Agatha Christie LTD, uma nova série de jogos surge, iniciando com The First Cases e agora com The London Case (O Caso Londrino).
Desenvolvimento: Blazing Griffin
Distribuição: Microids
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura
Classificação: 14 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: Switch, PS5, PS4, Xbox One, PC, Xbox Series X|S
Duração: 9 horas (campanha)
Jogo pouco polido
É estranho notar que o primeiro jogo, lançado também no Switch em setembro de 2021, pareça mais polido que o atual. As limitações, em ambos os jogos, são visíveis, porém no caso de The London Case, o movimento da boca dos personagens e a própria movimentação de Hercule Poirot são completamente desengonçadas.
Além desse detalhe, os problemas do jogo anterior foram carregados para esse, como a demora em carregar o mapa mental e demais menus do jogo, que causam uma certa aflição corriqueira, já que devemos confrontar as pistas com certa frequência. Os loadings prolongados entre cenas também é outro contratempo que fará os jogadores perderem a paciência.
E a atmosfera?
O estranho é que, mesmo com todos esses pontos negativos levantados, o jogo consegue reter o charme único que o primeiro jogo conquistou, e não só pela força que o nome Hercule Poirot confere ao jogo. A visão isométrica, por exemplo, traz um ambiente atmosférico de mistério que lembra aquele clima esotérico dos RPGs menos conhecidos dos anos 90 e 2000.
Além disso, assim como no primeiro jogo, o mapa mental é muito criativo. Ao invés de seguir uma linha parecida como as dos jogos do Sherlock Holmes mais atuais, da qual o mapa mental é mais simplificado e linear, Hercule Poirot segue mais um esquema de quebra-cabeças: diversos tópicos e peças surgem em um ambiente aberto, e você precisa ligar os pontos que fazem sentido.
É incrível como essa mecânica é intuitiva e proporciona uma sensação de vitória toda vez que resolvemos um mistério, fazendo o jogador se sentir um detetive.
Não é bom nem ruim? O que é então?
É importante lembrar que jogos de adventure não possuem mais a mesma força do passado, e as séries de longa data, como as do Sherlock Holmes, produzidas pela Frogware, também passaram por muitos problemas nos primeiros jogos até chegarem na polidez que possuem hoje.
The London Case, no entanto, ainda tem uma longa estrada a percorrer. Por mais atmosférico que o jogo seja e o carisma que o personagem carregue, a lista de problemas que o game apresenta são o suficiente para fazer o jogador se frustrar já no início do jogo, especialmente por ser um jogo de mistério – gênero no qual a intuição e velocidade são extremamente necessários para reter um bom ritmo nesse tipo de jogo.
O que mais machuca o game, no entanto, é que a produtora poderia ter corrigido muitos desses erros, tendo em vista que já havia produzido um jogo anteriormente que pouco difere deste.
A frustração requer paciência
Se você é fã da Agatha Christie e de seus famosos detetives, há um mistério atmosférico para ser solucionado aqui, mas já vou avisando: paciência será extremamente necessário para resolvê-lo: não pela dificuldade, mas sim pela frustração.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Julio Pinheiro