System Shock é um remake de um dos jogos considerados um dos melhores e mais influentes simuladores imersivos já criados, que coloca você a bordo de uma estação espacial controlada por uma inteligência artificial insana e impiedosa.
A desenvolvedora encarregada de recriar e modernizar esse clássico, e de entregar uma experiência de alta qualidade respeitando o legado dessa obra tão importante, não poderia ter sido melhor escolhida. A Nightdive Studios já possui em seu repertório experiência com títulos que marcaram época, como os excelentes remasters de Quake 1 e 2. Então, venha comigo conferir como ficou a modernização desse clássico e como a sua versão para consoles está funcionando.
Desenvolvimento: Nightdive Studios
Distribuição: Prime Matter
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura, RPG
Classificação: 16 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X/S
Duração: 16 horas (campanha)/31 horas (100%)
SHODAN
A introdução de System Shock acontece de forma rápida e com poucas explicações. Nosso protagonista, um hacker, é capturado por um grupo de soldados fortemente armados nos primeiros minutos do jogo. Sem outra opção além da morte, concordamos em ajudar o executivo Edward Diego a tomar o controle da Estação Cidadela, uma estação espacial super avançada. Após isso, acordamos a bordo da estação sem informações sobre para onde ir ou o que fazer. Tudo o que sabemos é que precisamos fugir desse local de alguma maneira, pois a inteligência artificial que controla a estação ficou insana e já matou a maior parte dos humanos que estavam a bordo.
SHODAN é a principal vilã e ameaça do jogo, uma inteligência artificial ensandecida com complexo de Deus que acredita que deve destruir toda a humanidade como a conhecemos e criar novos seres à sua semelhança. Cabe ao nosso hacker a tarefa – que está mais para missão suicida – de encontrar meios de retomar o controle da Estação Cidadela. E acredite em mim quando eu digo que SHODAN vai tentar e terá êxito em matá-lo diversas vezes ao longo da sua jogatina. Ela consegue ser uma vilã verdadeiramente perturbadora, utilizando-se das câmeras espalhadas pela estação para rastrear o protagonista e atacá-lo com aberrações e ciborgues criados a partir de cadáveres humanos.
Objetivos e exploração
Os objetivos que devemos cumprir não são demonstrados de forma explícita na interface; tudo que sabemos é que precisamos dar um jeito de fugir. Porém, para atingirmos esse objetivo, será necessário prestar bastante atenção em todos os registros de áudio e documentos que encontramos, pois só assim saberemos o que fazer e para onde ir.
E como não poderia ser diferente vindo de um simulador imersivo, para encontrarmos todos esses arquivos, devemos explorar cuidadosamente cada canto dessa maldita estação espacial cheia de perigos mortais. É muito fácil acabar deixando passar algum documento com uma informação importante ou um item que facilite nosso acesso a salas específicas.
Assim, podemos afirmar que a exploração está fortemente entrelaçada com os objetivos, sejam eles principais e necessários para chegar ao final do jogo ou secundários, que tornam nossa locomoção pela estação menos arriscada.
Uma história contada pelo cenário
Além dos diversos registros de áudio e documentos que nos permitem entender o que está acontecendo, o próprio cenário nos conta uma história. System Shock não se utiliza de cutscenes e diálogos diretos com outros personagens – o que é compreensível, já que a maioria está morta.
Então, a ambientação desempenha um papel muito importante ao fazer com que os jogadores fiquem imersos naquela atmosfera. Desde as manchas de sangue que nos levam até os dutos de ar até os corpos despedaçados em uma sala sem perigos aparentes, tudo nos fornece algum tipo de informação sobre o que aconteceu e o que está acontecendo.
Versão para consoles
O remake de System Shock foi lançado originalmente em 2023 para PC, mas as versões para consoles foram lançadas só agora em 2024. Então, será que os desenvolvedores da Nightdive Studios conseguiram fazer um bom port? Respondendo de forma simples e direta: mais ou menos. No geral, a versão de consoles entrega uma boa qualidade.
Quanto à questão gráfica, não tenho nada a reclamar; o jogo possui um estilo artístico pixelizado lindíssimo. Porém, a adaptação dos comandos do mouse e teclado para o controle deixa um pouco a desejar. Diferentemente do teclado, que possui diversas teclas que facilitam o uso de itens e a escolha de armas, o controle fica muito limitado.
Além de possuir um sistema de mira bem engessado, dificultando os combates, navegar pelos itens pode ser um verdadeiro desafio em momentos de tensão. Até mesmo navegar pelo nosso minimapa ou utilizar uma lanterna pode ser uma tarefa bem mais complexa do que deveria. Por exemplo, para ligar nossa lanterna, devemos abrir o menu e clicar com o cursor que é movido pelo analógico direito na opção da lanterna. O que seria feito com um único botão no teclado exige bem mais tempo no controle, o que acaba tirando muito da suavidade dos comandos, que deveriam ser rápidos e responsivos.
Respeitando o legado
Deixando de lado o desconforto que os comandos do jogo me causaram durante minhas jogatinas, preciso deixar bem claro que System Shock consegue entregar uma experiência sensacional para os fãs de simuladores imersivos. E como este é um gênero que sofre com a escassez de bons lançamentos, este remake de altíssima qualidade, que se mantém bastante fiel ao material original, não poderia ter vindo em melhor hora.
Então, seja você um fã de longa data da franquia ou um novato no gênero que começou com jogos mais recentes como Prey, este remake é uma adição obrigatória à sua biblioteca. Com um estilo de arte bastante único, ótima trilha sonora e uma ambientação impecável, System Shock consegue entreter e prender a atenção dos jogadores por horas a fio, mostrando como as mecânicas de uma obra lançada originalmente em 1994 ainda se mantêm atuais.
Cópia de Xbox Series X|S cedida pelos produtores
Revisão: Júlio Pinheiro