Em 2011, nos foi apresentado uma cinemática de uma jovem sofrendo um grave acidente em um navio e depois, toda machucada, fazendo curativos em meio a vários outros destroços na beira de uma ilha isolada. Com gráficos surpreendentes até para os padrões de hoje, a jovem era nada mais e nada menos que um ícone feminino do mundo dos games: Lara Croft. E assim começou um novo renascimento de uma grande série de jogos que parecia perdida no tempo.
Desenvolvimento: Crystal Dynamics, Eidos Montréal, Nixxes, Feral Interactive
Distribuição: Crystal Dynamics, Feral Interactive
Jogadores: 1 (local) e 1-8 (online)
Gênero: Aventura, Ação, Tiro
Classificação: 16 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, PS3, PS4, Xbox One, Xbox 360
Duração: 11 horas (campanha)/ 21 horas (100%)
O caminho para se transformar em uma Tomb Raider
Batizado apenas como Tomb Raider e lançado em 2013, o novo jogo da série agora contava uma aventura antes mesmo da jovem Lara Croft se tornar a caçadora de tumbas badass que já conhecíamos. Nesse novo capítulo, Lara, juntamente com uma equipe e seu capitão, estão em busca de um reino perdido chamado Yamatai, que pertencia a uma antiga civilização japonesa.
Eles estavam a bordo de um navio e foram surpreendidos com uma forte tempestade, que culminou num grave acidente. Lara acorda sozinha em uma ilha e precisa procurar o resto de sua equipe e arranjar uma forma de sair desse local, que se mostra muito perigoso. E assim começa uma campanha empolgante e totalmente diferente de qualquer outro jogo da série, pois o fator da protagonista ser inexperiente e ir ganhando confiança e habilidades aos poucos é o alicerce deste capítulo.
Uma aula de como se fazer um reboot
É de uma maestria como sua produtora, Crystal Dynamics, soube contar a história, desenvolvendo a personagem principal sem pressa, uma vez que tudo tem seu momento certo para acontecer. Outro fator para ser observado é a evolução da gameplay. A primeira arma de Lara é um arco e flecha, depois um gancho para escalada (que, mais adiante, você pode utilizar como arma também) e só depois de boas horas de gameplay que você consegue usar armas de fogo.
Além de inovar dentro da série, os produtores também se inspiraram no que estava dando certo no mundo dos games naquele momento. O que serviu de inspiração na gameplay foi claramente a série Uncharted, da Naughty Dog, com uma jogabilidade modernizada e história mais cinematográfica, que antes havia se inspirado no próprio Tomb Raider. Foi uma verdadeira troca de experiências e acertos entre as séries.
Repaginada
Quando terminamos a trilogia anterior, ao fecharmos Tomb Raider: Underworld, a sensação era de algo datado, uma gameplay que não enchia mais os olhos como outrora, apesar de algumas mudanças e visuais belos – tínhamos até a Lara Croft com o maior número de polígonos até o momento. Já neste reboot, a jogabilidade foi muito funcional, principalmente no combate contra humanos, transformando a inexperiente arqueóloga em uma espécie de Rambo feminina a partir da segunda metade do jogo.
Algo facilmente sentido pelos fãs mais antigos foi a redução na quantidade de puzzles a serem resolvidos, além das facilidades, até porque Lara conta com um instinto de sobrevivência que ilumina o caminho que ela precisa seguir a partir do aperto de um único botão. Contudo, ainda há desafios extras, como descobrir tumbas e coletar itens no mapa.
De encher os olhos
Tomb Raider não foi o primeiro jogo da série a ser lançado nos consoles da sétima geração, mas o salto gráfico em comparação ao seu antecessor era notável, devido à diferença de 5 anos entre os títulos, agora com gráficos mais realistas, onde a Lara sofria até arranhões em seu corpo. Contudo, sua versão de PC e a Definitive Edition, que saiu para os consoles da geração seguinte, trouxeram um aprimoramento absurdo, principalmente com a tecnologia TressFX, que fez o cabelo da Lara parecer vivo, com movimentos mais dinâmicos, conforme a gravidade.
Outra atualização foi a inclusão de um modo multiplayer online, mas que rapidamente foi esquecido e que está com servidores vazios em 2024. Pode ter sido um movimento moderninho demais para uma série que, durante décadas, era exclusivamente single player, mas era apenas um extra que não prejudicou o game como um todo. O resultado foi uma campanha impecável, que entregou até um mundo semiaberto para explorar e fazer viagens rápidas quando necessário.
Um jogo memorável
Tomb Raider de 2013 é o tipo de jogo que vai ressoar em sua mente dias depois de terminá-lo. O título foi responsável por apresentar a Lara Croft para uma nova geração de gamers e foi bem aceito por boa parte dos fãs mais antigos também. Houve perdas nessa nova roupagem, mas os ganhos foram maiores. E não é como se ela copiasse a série Uncharted, pois sua história era mais densa e obscura que as tramas de Nathan Drake.
Se a série Tomb Raider foi salva pela primeira vez com Legend, que saiu para o PS2, dessa vez o reboot foi além. Finalmente, depois de muitos altos e baixos, Tomb Raider voltou ao mesmo patamar de glória que havia sido alcançado na época do PS1.
Cópia de PC adquirida pelo autor
Revisão: Julio Pinheiro