JDM: Japanese Drift Master é um jogo de corrida desenvolvido pelos poloneses da Gaming Factory que apresenta, essencialmente, uma ótima combinação de Need for Speed: Underground 2 com obras como Initial D e MF Ghost – a ponto da história ser contada através de um mangá interativo. Com uma boa jogabilidade e gráficos excelentes, o título é uma experiência divertida, mas sem tanto conteúdo e com alguns problemas de performance.
Desenvolvimento: Gaming Factory
Distribuição: Gaming Factory, 4Divinity
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Corrida
Classificação: 14 anos (linguagem imprópria, violência, atos criminosos)
Português: Interface e legendas
Plataformas: PC
Duração: 9 horas (campanha)/18 horas (100%)
Hora do drift

Japanese Drift Master vai direto ao ponto e oferece somente um modo para um jogador, chamado Let’s Drift. Na campanha, é preciso entrar na pele de Touma Stanowski, um polonês que deixou sua vida antiga de lado para se mudar para o Japão e seguir seu sonho de se tornar um piloto de drift. Contada por meio de quadrinhos, a trama retrata as amizades do protagonista, as rivalidades com outros motoristas e até os trabalhos secundários que ele precisa fazer para ganhar dinheiro.
É uma adição interessante e criativa, contextualizando sempre as missões da campanha – apesar de quebrar o ritmo da gameplay, o aspecto em que JDM brilha. O game é situado na região ficcional de Guntama, que mistura paisagens e arquiteturas tradicionais japonesas em um único local. As ruas do mapa são bem projetadas, mas o mesmo não pode ser dito a respeito da inteligência artificial do trânsito. É comum, por exemplo, ver carros surgindo do nada, mostrando que isso não é feito de uma forma suave.

A jogabilidade apresentada é decente. A experiência é separada entre um modo arcade, com assistências, e outro denominado simcade, que deixa todo o controle nas mãos do jogador – como se fosse um modo difícil. A dirigibilidade dos veículos é satisfatória, com controles leves e responsivos, e o comportamento físico dos rivais é funcional – apesar das colisões não terem tanto impacto sonoro ou visual, já que não há um sistema de danos implementado no jogo.
O principal tipo de corrida é o drift, sendo necessário deslizar pelas pistas e conseguir mais pontos que os rivais em um limite de tempo. Felizmente, JDM também oferece provas com objetivos adicionais, além de corridas sprint nas ruas e em autódromos, desafios de arrancada e até entregas de sushi – o principal trabalho de Touma no decorrer da breve campanha do título, dividida em cinco capítulos distintos, com uma pequena lista de eventos em cada um.
Gas Gas Gas

Japanese Drift Master, sem dúvidas, possui sua estética, embora ela seja deveras derivativa. Além do mapa, o jogo acerta ao oferecer uma trilha sonora com rádios dedicadas ao rock, phonk, eletrônico, músicas japonesas e, claro, muito eurobeat. Graças a Initial D, esse gênero com batidas rápidas e riffs de sintetizadores se tornou praticamente um complemento obrigatório para uma experiência focada em drifting, e JDM proporciona isso com perfeição, o que contribui para a imersão e sensação de velocidade no game.
Apesar de ser um jogo independente, o título conta com um número alto de carros licenciados de fabricantes renomadas, como a Honda, Mazda, Nissan e Subaru – todos com uma modelagem completa, até com os detalhes no interior dos veículos. E, como Japanese Drift Master foca em corridas de rua, há uma ênfase no tuning.

Nas oficinas, é possível personalizar cada peça dos carros e transformá-los em verdadeiras máquinas, além de poder ajustar cada configuração do carro, como a suspensão e o motor. O lado visual, no entanto, decepciona pela falta de opções. É possível só pintar os carros, sem colocar adesivos neles. Pelo menos, dá para ter uma garagem com múltiplos automóveis do mesmo modelo, permitindo variações nas customizações.
Early access disfarçado

Embora JDM tenha um mundo aberto, há uma quantidade absurda de telas de carregamento ao longo de todo o jogo. Toda e qualquer ação é precedida por um loading que dura bastante tempo, mesmo com o game instalado em um SSD. Muitos minutos são perdidos encarando essas telas, que são exibidas ao reiniciar uma corrida, abrir um menu, entrar numa garagem, entre outros. É um completo teste de paciência.
JDM não foi lançado em estágio de acesso antecipado, mas os desenvolvedores já divulgam uma programação de atualizações futuras, incluindo melhorias com base no feedback da comunidade e a adição de um modo para dois jogadores, com a tela dividida. Ou seja, o jogo ainda não atingiu todo o seu potencial, e, na prática, funciona como um early access disfarçado.

De fato, há o que melhorar. A navegação da interface é confusa por causa da falta de ícones mais distintivos, há diversos erros de grafia na tradução (que está em português de Portugal) e o desempenho da versão de PC está abaixo do ideal. O título foi construído utilizando a Unreal Engine 5 e adota todas as principais funcionalidades do motor gráfico, incluindo a iluminação global aprimorada.
Isso, por si só, resulta em uma apresentação graficamente excelente, com ótimos efeitos de luz e reflexos. Em compensação, a performance é sofrível, especialmente à noite e em cenários com chuva. Mesmo com a iluminação global reduzida, o desempenho ainda é pesado. Pelo menos, não existem travamentos durante o jogo, que se mantém responsivo até com a geração de quadros ativada, que, infelizmente, é necessária para garantir uma experiência mais fluida.
Tem potencial
Apesar da falta de finalização e das limitações típicas de um jogo indie feito com ambição, JDM: Japanese Drift Master é legal. A campanha é divertida e toda a apresentação funciona bem. Vale a pena ficar de olho no game, mas o recomendado é só jogá-lo depois que os desenvolvedores entregarem todo o conteúdo planejado. A sensação que fica é que essa versão de lançamento é apenas uma prévia do que realmente está por vir.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Ailton Bueno