A Bloober Team está de volta em Cronos: The New Dawn, um jogo de terror que traz uma grande mistura entre Dead Space e Resident Evil 4 envelopada em uma proposta de ficção científica que funciona bem e resulta em um bom jogo – apesar dele sofrer com problemas técnicos e uma semelhança em relação a muito do que já foi feito anteriormente.
Desenvolvimento: Bloober Team
Distribuição: Bloober Team
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Terror, Tiro
Classificação: 18 anos (violência extrema, linguagem imprópria, medo)
Português: Interface e legendas
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series X|S
Duração: 13 horas (campanha)/20 horas (100%)
Andando pelo tempo

Cronos: The New Dawn coloca os jogadores na pele de ND-3576, uma pessoa chamada de A Viajante. A protagonista trabalha como uma agente de uma organização denominada Coletivo e tem a missão de sobreviver em meio a um futuro apocalíptico ao mesmo tempo em que precisa retornar para uma Polônia dos anos 80 em busca de pessoas-chave que não sobreviveram a um evento que transformou humanos em monstros.
A narrativa é contada através de eventos cinemáticos e de arquivos de áudio deixados nos cenários, sem tanto foco na solução de puzzles. Parte do loop de gameplay é centrado no backtracking tradicional de um survival horror, o famoso “vai e volta” – que é relativamente simples, já que o jogo tem um botão fixo que coloca um compasso na tela indicando, com bolinhas amarelas e brancas, a direção que a protagonista precisa seguir.

No caminho, há muitas ameaças bizarras e chocantes. O jogo pega pesado no terror corporal principalmente, pois todos os inimigos são pessoas que sofreram mutações visualmente horríveis e que precisam ser eliminadas. No entanto, Cronos: The New Dawn repete as mesmas sacadas várias vezes ao longo da campanha, como, por exemplo, uma lanterna que se apaga para que um novo monstro apareça de surpresa. Esses sustos são tão constantes e parecidos que acabam lentamente se tornando previsíveis em vez de assustadores.
É semelhante, mas nem tanto

Mecanicamente, Cronos: The New Dawn imita o primeiríssimo Resident Evil de certa forma, porque a personagem principal precisa queimar os monstros que mata para que eles não retornem em uma forma ainda mais forte – os oponentes são brutais e tiram bastante dano da Viajante, mas, no geral, o game é uma experiência balanceada.
Em vez de apostar em um estilo clássico do terror de sobrevivência, Cronos segue o estilo de Resident Evil 4, com mais ênfase na ação e pouca no gerenciamento de recursos – e, claro, a fórmula foi bem executada pela Bloober Team. A quantidade de tiros à disposição da protagonista quase sempre é baixa, mas é possível comprar munição nas salas de salvamento e os inimigos dropam itens de acordo com o que o jogador está precisando, de forma sutil. O jogo, ainda assim, pune quem gasta munição demais e, mesmo com a disponibilidade de mecânicas de crafting, é possível ficar sem poder de fogo no meio da jornada, requerendo um certo nível de discrição nesse aspecto.

No decorrer da campanha, a Viajante passa a mexer com anomalias temporais, que são versões de um mapa específico em estados diferentes, podendo manipular o espaço-tempo para colocar objetos em locais anteriores aos que estiveram e conseguir avançar. Além disso, ela mexe com a gravidade, podendo atravessar plataformas à distância. Por mais que o game seja previsível em relação aos seus aspectos de terror e à sua jogabilidade, o design de fases é sensacional e distingue Cronos de suas inspirações com sucesso.
Versão de PC é triste

O ponto maior aterrorizante de Cronos: The New Dawn, entretanto, vem da performance. O jogo apresenta situações horripilantes, dilemas morais e monstros aterrorizantes, mas nada assusta tanto quanto o desempenho da versão de PC, que é ruim. Os títulos da Bloober Team tradicionalmente contam com uma performance decepcionante em praticamente todas as plataformas nas quais estão disponíveis, e isso não é diferente aqui.
Em todas as opções gráficas, Cronos é excessivamente pesado, e sem justificar tanto a diferença. Os visuais, que são belos na medida do possível para um jogo de terror, não mudam muito da opção mínima para a máxima, com exceção de poucos detalhes que complementam a apresentação. A taxa de quadros, em um computador com configuração dentro dos requisitos divulgados pelos desenvolvedores, é inconstante a todo momento, principalmente durante fases mais fechadas, nas quais é preciso combater vários inimigos ao mesmo tempo, atrapalhando a experiência.

Além disso, o jogo trava todas as vezes no decorrer de uma cena específica, que é repetida várias vezes na narrativa (com razão, claro). Pelo menos, isso ocorre sempre antes de um ponto de salvamento, mas mostra que o polimento técnico do jogo, infelizmente, não está em um estado ideal – o que chega a ser uma pena, porque, mesmo com toda a repetitividade, é tranquilo afirmar que Cronos: The New Dawn mostra que a Bloober Team não está acomodada, e sim comprometida em entregar experiências com uma qualidade superior ao que a desenvolvedora fazia há alguns anos.
Fundamental
Com uma boa jogabilidade e uma história intrigante que mescla um universo bem desenvolvido com situações completamente discrepantes, Cronos: The New Dawn é um acerto por parte da Bloober Team. O que decepciona é o estado técnico em que o jogo se encontra, mas, fora isso, é uma experiência ideal para todos os fãs de survival horror no estilo específico de Resident Evil 4, valendo muito a pena jogar.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Ailton Bueno