Resident Evil 2 é simplesmente um dos melhores (na minha opinião e de muitos) e mais aclamados jogos da franquia Resident Evil. Lançado originalmente em 1998, a Capcom resolveu dar ouvidos aos fãs e no início de 2019 lançou a obra prima que podemos ter o orgulho de chamar de um remake totalmente feito do zero.
Ano: 2019
Jogadores: 1
Gênero: Ação, Terror
Classificação indicativa: 16 anos
Português: Somente legendas
Plataformas: PC, Xbox One, PS4
Duração: 8 horas (campanha)/ 30 horas (100%)

Retorno glorioso
Depois de anos recebendo jogos que não foram lá um sucesso de críticas – como Operation Raccoon City, Resident Evil 5, 6, Revelations 2, entre outros -, a série finalmente resolveu abandonar um pouco da ação que vinha sendo inserida nos títulos e acabou que por voltar às raízes da franquia e misturar elementos dos jogos mais recentes, trazendo algo bem mais focado em terror e sobrevivência.

Resident Evil 2 roda no Xbox One Fat/S ou PS4 à 30fps, quase que constante, com resolução até 1080p, Já no Xbox One X, PS4 Pro e PC com resolução até 4k e em até 60fps – será que Switch rodaria com um downgrade? Gostaria.

Leon Kennedy e Claire Redfield
Resident Evil 2, lançado para PlayStation 1 no final dos anos 90, tem como protagonistas Leon S. Kennedy e Claire Redfield. Considerado até hoje por muitos o melhor da série enumerada, o jogo bate de frente apenas com Resident Evil 3 na opinião de vários fãs – tratando aqui da série clássica antes de RE4.
Leon Kennedy é um policial novato, que estava em seu primeiríssimo dia de trabalho e acaba sendo obrigado a enfrentar uma cidade lotada de zumbis e ameaças biológicas que rondam a delegacia onde era seu destino. Claire Redfield é irmã de um dos protagonistas do primeiro jogo (Chris Redfield) e está em busca dele por causa de seu desaparecimento. Leon e Claire acabam se encontrando em meio ao apocalipse de mortos-vivos que tomou conta da cidade, e faz parte de sua jornada viver a experiência na perspectiva de ambos.

Mudanças na nova versão
Originalmente o jogo de 98 possuía movimentação tank (gire seu personagem e aperte para cima nos direcionais para andar) e cenários 3D pré-renderizados separados por animações de portas, escadas e afins que serviam para esconder o loading entre um local e outro. Como hoje em dia essas mecânicas não funcionariam bem pra muitos jogadores, Resident Evil 2 de 2019 traz fórmulas baseadas no estilo que conhecemos a partir de Resident Evil 4, com câmera localizada na maioria do tempo na altura dos ombros do personagem enquanto você o vê de costas – uma forma de mascarar a antiga movimentação tank, mas em tese ela continua ali.
Também não existem mais as cenas de carregamentos entre portas e ambientes separados (o que é um alívio), portanto o cenário todo da delegacia, por exemplo, é carregado de uma vez só, o que abre um mundo de possibilidades. O mapa agora é seu melhor amigo se tratando de utilidade, pois nele você consegue ver salas onde ainda há itens restando, quais chaves abrem quais portas e ainda onde janelas sem proteção precisam ser barradas com tábuas – caso contrário os inimigos invadem o local através delas. Aliás, você também tem a opção de jogar com as roupas clássicas de 1998 de Leon e Claire, além de poder usar os modelos quadradões da versão de PlayStation 1. Ah, e como extra existem mais alguns modos de jogo num formato puxado para o arcade, que podem ser encontrados no menu principal.

Jogabilidade que te prende do início ao fim
Além de resgatar o gênero survival horror te empurrando uma escassez de munições e recursos, que obrigam você a usar tudo da melhor forma possível em vez de sair correndo e atirando em tudo que se move, a nova versão do jogo traz vários quebra-cabeças – famosos na franquia – que são resolvidos em poucos minutos e servem pra continuar a manter sua atenção e interesse na jogatina. Isso funciona de modo a tirar um pouco o foco da jogabilidade de ação sem deixar o ritmo desabar.

Um clima sombrio de volta à tona
Como muitos acusam a série de ter tomado um rumo bem mais de ação nos últimos jogos da série – isso sem contar o sucesso de Resident Evil 7 que trouxe a fórmula terror com intensidade de volta -, Resident Evil 2 de 2019 faz bem feito ao tentar te fazer sentir medo e tensão a cada sala nova que você precisa entrar ou cada aberração encontrada pelo caminho.
Os zumbis e outros monstros estão bem resistentes e ágeis até na dificuldade normal de jogo, o que faz você precisar ser mais estrategista e cauteloso. Os sons (principalmente jogando com fones de ouvido) estão assustadores e grotescos, os cenários são escuros e amedrontadores e ainda tem o maldito Tyrant, chamado “carinhosamente” de Mr. X, que te persegue pelo jogo depois de um certo evento.
Em resumo, a Capcom soube realmente trazer as origens da franquia de uma forma modernizada e divertida para os mais diversos públicos. Gostei muito de tudo que fizeram aqui, principalmente por nos livrar do parto que era atravessar cada cenário e ser obrigado a assistir a mesma animação de porta se abrindo – era um saco, sério.

Críticas à segunda jornada, o antigo lado B
No jogo de 98 haviam 2 CDs dentro do encarte, onde um deles existia a história com Leon Kennedy e o segundo a de Claire Redfield. Originalmente os dois lados traziam aspectos bem diferentes, mas a versão do jogo de 2019 recebeu críticas por retirar esse elemento, e agora liberamos a chamada Segunda Jornada depois de terminarmos a história padrão.
É possível jogar as duas partes com qualquer um dos personagens, e o que muda um pouco são as cutscenes, interações com outros NPC/personagens não jogáveis e alguns encontros, mas nada absurdamente diferente. Talvez alguns vejam isso como problema, já eu não achei ruim de forma alguma. Me diverti tanto quanto na versão de PS1.

The Game Awards 2019 e Resident Evil 3
Após muitos rumores e a avalanche de críticas que o Project Resistance – um jogo 100% multiplayer assíncrono baseado na série – recebeu por ter aparentado que a Capcom estava novamente perdendo a cabeça e deixando de ouvir os fãs, a empresa nos revelou no final de 2019 que a brincadeira nada mais era do que o modo online do maravilhoso Resident Evil 3 remake que estava sendo guardado para nós. Uma possível jogada de marketing depois de um medo de fracasso? Nunca saberemos. O que sei é que foi uma grata surpresa para todos os apaixonados pela franquia.
Além disso, Resident Evil 2 recebeu uma atualização por causa de Resident Evil 3, com uma carta de Jill Valentine. O jogo também concorreu ao prêmio de melhor jogo do ano, mas perdeu para Sekiro: Shadow Dies Twice. Em minha opinião, ele pode não ter levado o prêmio por se tratar de uma nova versão de um jogo antigo, em vez de um jogo totalmente original. Enfim, posso dizer com todas as forças que Resident Evil 2 foi a experiência mais divertida que tive durante o ano. Parabéns, Capcom, você conseguiu! Mal posso esperar por Resident Evil 3.
Prós
- É Resident Evil 2
- Jogabilidade
- Quebra-cabeças
- Gráficos incríveis
- Animações realistas
- Inimigos amedrontadores
- Mecânicas de sobrevivência
- Tensão e terror como antigamente
Contras
- Jornada 1 e 2 sem mudanças reais entre si
Este review foi feito usando uma cópia para Xbox One cedida com carinho pela Capcom