Em 2002, o lançamento de Platypus, idealizado por Anthony Flack, destacou-se por sua estética singular. Seus modelos de naves e inimigos, esculpidos inteiramente em plasticina (claymation), conferiam ao jogo um estilo de arte único, especialmente inovador para os padrões da época. Aparentemente, o processo de criação não foi isento de desafios, pois, na Nova Zelândia, àquela época, havia uma escassez de plasticina, o que exigiu que todos os elementos fossem elaborados a partir do mesmo bloco de argila. No entanto, o esforço investido foi recompensado, resultando em um jogo original e envolvente. Mais de duas décadas depois o jogo retorno com um visual aprimorado e com novos conteúdos. Se você é fã de jogos de “navinha”, então confira nossa análise e veja se ele pode ser mais um a entrar na sua lista de desejos.
Desenvolvimento: Claymatic Games
Distribuição: Claymatic Games
Jogadores: 1-2 (local)
Gênero: Tiro, Ação
Classificação: Livre
Português: Legendas e interface
Plataforma: Xbox Series X|S, Xbox One, PC, PS4, PS5, Switch
Duração: 2 horas (campanha)
Moldado para atirar

Pilotando a nave titular, o Ornitorrinco F-27, a missão do jogador é defender um planeta pacífico da invasão de forças hostis. A jornada se desdobra por cinco áreas distintas, subdivididas em múltiplos estágios, nos quais é preciso eliminar uma variedade de inimigos esculpidos em argila.
Inicialmente, o Ornitorrinco está equipado com um laser básico, mas, em uma tradição familiar aos jogos de tiro, essa limitação inicial é superada. À medida que o jogador avança e destrói inimigos, power-ups são liberados, permitindo aprimorar o armamento. Essa progressão, que é típica do gênero shoot ’em up, adiciona uma camada de estratégia e desafio, pois o arsenal do Ornitorrinco se expande significativamente. A perda desses aprimoramentos ao ser atingido, comum nos jogos de arcade, exige que o jogador esteja sempre em busca de novas melhorias, criando um ciclo de risco e recompensa constante.

Ao aniquilar uma onda de inimigos alaranjados, o jogador é recompensado com um power-up que se manifesta em formas tanto familiares quanto inusitadas. Enquanto disparos espalhados e mísseis teleguiados podem ser imediatamente reconhecíveis para os veteranos do gênero, eles não deixam de ser incrivelmente úteis.
Para quem busca uma experiência mais excêntrica, Platypus Reclayed oferece opções criativas, como power-ups que disparam rosquinhas ou uma luva de boxe montada em uma mola. Independentemente da natureza peculiar de cada nova arma, ela serve como uma camada extra de proteção antes da nave ser destruída. Essa mecânica estratégica não só adiciona um elemento de utilidade para a sobrevivência, como também oferece um respiro valioso antes que os créditos sejam esgotados.
Diversificado e único

No gênero shoot ’em up, a sensação de repetição pode ser uma armadilha comum à medida que o jogo avança. No entanto, a variedade de desafios de Platypus Reclayed se mostra um diferencial significativo. Os estágios são constantemente atualizados com novos tipos de inimigos, exigindo que o jogador se adapte e aprenda novas estratégias para sobreviver.
Um exemplo notável dessa variedade está em um dos primeiros estágios, que introduz minas flutuando em balões de ar quente. Nesse cenário, o objetivo muda de uma simples eliminação para a evasão estratégica, obrigando o jogador a desviar e evitar atirar para não desencadear uma explosão que preencha a tela com projéteis. Mecanismos como esse mantém a jogabilidade fresca e engajante, mitigando a monotonia mesmo durante as partes mais exigentes do jogo. Essa diversificação não apenas eleva a experiência, mas também demonstra um design de jogo inteligente, que valoriza a tática sobre a pura força de fogo.
Um prato fresco de uma receita antiga

Embora Platypus Reclayed seja um jogo envolvente e que motiva o jogador a tentar mais uma partida, alguns de seus aspectos podem ser frustrantes. A dificuldade de certos inimigos, em particular, pode gerar frustração. A reconfiguração da jogabilidade com a inclusão de power-ups temporários adiciona uma camada de risco e recompensa, mas a punição severa de voltar a ter apenas a arma básica pode parecer injusta em momentos de alta dificuldade. A rara frequência de alguns power-ups, especialmente os mais criativos, também pode frustrar o jogador que deseja experimentar toda a diversidade do arsenal.
No entanto, é importante considerar que o jogo possui um sistema de dificuldade ajustável, que, em níveis mais baixos, permite focar em dominar a operação e os padrões de movimento dos inimigos sem pressão adicional. Além disso, a progressão das fases, que introduz novos desafios e inimigos de forma gradual, ajuda a manter o interesse, evitando a repetição excessiva. Essa combinação de um desafio bem calibrado, quando jogado no nível de dificuldade adequado, e a variedade visual dos estágios, contribui para a experiência dinâmica e envolvente do jogo.
Divertido no ponto certo
Platypus Reclayed se destaca por uma combinação de fatores, que vão desde sua estética única em claymation até uma jogabilidade de shooter, apesar de desafiadora, recompensa a persistência. A diversidade de inimigos e cenários, juntamente com o arsenal de power-ups excêntricos, garante que a experiência permaneça cativante, evitando a repetição comum ao gênero. No entanto, a frustração causada pela perda de aprimoramentos e a alta dificuldade, especialmente em níveis mais altos, são pontos que podem pesar para alguns jogadores. Apesar disso, o jogo resgata com sucesso a nostalgia do clássico original, oferecendo uma experiência visualmente charmosa e mecanicamente sólida, que agrada tanto a veteranos quanto a novatos do gênero, e que demonstra um cuidado e carinho em seu desenvolvimento.
Cópia de Xbox Series X|S cedida pelos produtores
Revisão: Júlio Pinheiro