Frostpunk 2 chega ao Xbox Series S com a difícil missão de continuar o legado de um dos jogos de sobrevivência mais marcantes dos últimos anos. Mais uma vez, você é colocado no comando de uma cidade que luta contra o frio extremo em um inverno apocalíptico, tomando decisões que definem o destino de toda uma população. A sequência traz novidades importantes, mas também um nível de complexidade que pode afastar os menos pacientes, especialmente na adaptação para consoles.
Desenvolvimento: 11 bit studios
Distribuição: 11 bit studios
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Estratégia
Classificação: 16 anos (Violência, Conteúdo Sexual, Drogas Ilícitas)
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, Xbox Series X|S, PS5
Duração: 11.5 horas (campanha)
A mesma essência, agora com mais opções

Assim como no primeiro jogo, Frostpunk 2 mantém a tensa atmosfera de sobrevivência em um mundo dominado por temperaturas absurdamente baixas. O objetivo continua sendo gerenciar recursos e tomar decisões difíceis para garantir que sua população resista ao inverno eterno, enquanto conflitos políticos e sociais surgem a cada nova escolha. Tudo se mostra muito vivo o tempo todo.
Os veteranos da franquia vão encontrar várias novidades, principalmente na variedade de construções que podem ser desbloqueadas via pesquisa, o que aumenta a complexidade das estratégias. O game também oferece mais mapas, além de um modo sandbox para quem quer experimentar livremente suas mecânicas e descobrir novas combinações de estruturas e leis. A interface de usuário foi modernizada e está mais elegante, oferecendo um visual mais limpo — ainda que, paradoxalmente, um pouco mais confuso.
Complexidade que beira o exagero

Se no primeiro Frostpunk a dificuldade vinha do equilíbrio entre sobrevivência e decisões morais, em Frostpunk 2 ela surge, em grande parte, da própria estrutura de jogabilidade. A quantidade de mecânicas, árvores de decisão, leis, “subleis” e menus para acompanhar é esmagadora. Tudo constantemente exige que você esteja atento a vários sistemas simultâneos, o que pode gerar ansiedade e frustração.
Mesmo jogando na dificuldade mais baixa, senti que era quase impossível manter o ritmo adequado entre recursos, força de trabalho e crescimento populacional. Curiosamente, os recursos parecem abundantes em alguns momentos ao mesmo tempo que escassos (é possível isso?!), criando uma sensação estranha de descontrole. Em vez de transmitir o prazer de um desafio justo, Frostpunk 2 frequentemente transmite a impressão de que você está sempre um passo atrás, sem saber exatamente qual é a prioridade do momento.
Jogar no console é um desafio extra

Outro ponto problemático é a adaptação para consoles. Embora o Xbox Series S rode o port sem problemas técnicos, a experiência com o controle não é ideal. A navegação pela interface — que já é densa por natureza — se torna ainda mais complicada. Selecionar elementos na parte superior ou inferior da tela exige precisão e paciência, algo que funciona muito melhor com teclado e mouse. Para um jogo que depende tanto de gerenciamento rápido e tomada de decisões, essa limitação é um grande obstáculo.
Apesar das novas mecânicas e de uma UI mais moderna, Frostpunk 2 acaba parecendo menos intuitivo do que seu antecessor. O primeiro game conseguia equilibrar dificuldade e acessibilidade, permitindo que você aprendesse gradualmente a dominar seus sistemas. Já a sequência parece focada em oferecer mais — mais decisões, mais menus, mais complexidade — sem o mesmo cuidado em te guiar tão bem. O tutorial mesmo é raso e aborda poucas coisas. O resultado é um game que, mesmo com conteúdo abundante, transmite a sensação de ser mais burocrático do que envolvente.
Ambicioso e perdido
Frostpunk 2 é um jogo ambicioso, com mapas maiores, mais construções, um sandbox ainda mais aberto e uma apresentação moderna. Porém, essa ambição cobra seu preço: a experiência é excessivamente complexa, burocrática, pouco intuitiva e mal adaptada para os controles. Para veteranos que buscam um desafio realmente brutal, a sequência pode ser uma evolução interessante. Já para quem gostou do primeiro Frostpunk pela tensão equilibrada entre desafio e acessibilidade, este novo capítulo pode soar como um passo atrás.
OBS: para análise do jogo, foi cedida uma versão de imprensa que talvez contenha diferenças cruciais ou não em comparação ao jogo final. Os produtores não confirmaram se isso acontece ou não.
Cópia de Xbox cedida pelos produtores