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Review 9 Monkeys of Shaolin (Switch) – Visitando a China feudal

Ao ver o trailer de 9 Monkeys of Shaolin pela primeira vez, há alguns meses, não entendi bem onde os macacos se encaixavam. Logo que abri o game e comecei a jogar, me senti lograda – não há macacos! Apenas… monges chineses!

De saída, cumprimento os desenvolvedores por essa escolha. Os monges adicionam uma camada dramática à história do jogo.

Desenvolvimento: Sobaka Studio
Distribuição: Koch Media
Jogadores: 1-2 (local e online)
Gênero: Ação, Luta, Multiplayer
Classificação: 10 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: Switch, Xbox One, PS4 e PC
Duração: 4 horas (campanha)

Os cenários de 9 Monkeys of Shaolin são lindos.
Os cenários de 9 Monkeys of Shaolin são lindos

Os pescadores de pérolas

Uma praia de pescadores na China foi invadida. A comunidade tenta repelir o ataque como pode. Wei Cheng é o único sobrevivente, resgatado quase morto por monges Shaolins após a invasão. A história poderia parar nisso, mas Cheng acaba ele mesmo por se tornar um monge e passa a ser chamado Daokong. Os monges formam uma resistência ao ataque de piratas e samurais, mas isso não é tudo. (Sem spoilers, jogue para saber).

Algumas habilidades lembram muito o estilo hack'n'slash.
Algumas habilidades lembram muito o estilo hack’n’slash.

Beat’em up ou Hack’n’slash?

Uma vez conformada com a sensata opção de jogar com monges e não com macacos, fiquei em dúvida quanto ao gênero do jogo. A mecânica básica é: você se desloca lateralmente, da esquerda para a direita, destruindo piratas, samurais, fantasmas, enfim, inimigos invasores. Os golpes encaixam como beat’em up, mas Cheng/Daokong usa um Bo. Parece um hack’n’slash, mas você não está exatamente cortando os inimigos… A única certeza que tive enquanto jogava é que eu queria seguir destruindo oponentes.

Normalmente as histórias de beat’em up não são complexas, mas em 9 Monkeys of Shaolin há uma construção progressiva tanto da história quanto do personagem. No primeiro capítulo, Wei Cheng é motivado pelo instinto de sobrevivência e, em seguida, pelo desejo de vingança. Suas motivações mudam quando ele decide se tornar um monge Shaolin. A invasão de piratas também não é, exatamente, uma invasão pirata. 

Às vezes os elementos de cenário parecem se misturar ao gameplay.
Às vezes os elementos de cenário parecem se misturar ao gameplay.

O Templo de Shaolin

A progressão do personagem é simples. O templo Shaolin serve como hub do jogo: é o local onde você escolhe seu Bo e acessórios, escolhe a missão seguinte, aprende novos movimentos e distribui seus pontos de experiência nas habilidades que quiser, além de acessar o modo multiplayer. As missões são curtas, em algumas delas você ganha itens que melhoram seu combate e recuperação de energia, como os bastões, sapatos e jamapalas, espécie de rosário budista. O nível de dificuldade dos inimigos é bem balanceado.

Em 9 Monkeys of Shaolin você precisa de sorte para achar seu monge em meio aos elementos do cenário e inimigos.
Em 9 Monkeys of Shaolin você precisa de sorte para achar seu monge em meio aos elementos do cenário e inimigos

Apesar disso, jogando sozinho você vai sentir a inferioridade numérica – não porque o game seja difícil e te dê milhões de inimigos simultâneos para enfrentar, mas porque em alguns momentos é impossível saber onde está seu personagem. Jogando no Switch em modo portátil, eu morri algumas vezes por não conseguir me esquivar ou rebater alguns golpes e isso tudo porque Daokong era indistinguível dos demais.

A progressão das habilidades, como os Selos, é bem divertida.
A progressão das habilidades, como os Selos, é bem divertida.

Artes marciais do Shaolin

Quando Wei Cheng se torna Daokong, ele adquire novas habilidades que consomem sua energia universal, isto é, seu Qi (não é quociente de inteligência; é chi). Esses ataques são mais fortes e mágicos, literalmente: trazem inimigos para perto, fazem os inimigos levitar, e assim por diante. É como jogar uma animação de filme de kung fu

Graças a esses golpes e esquivas, é possível encadear combos satisfatórios. As animações são bonitas na tela grande. No modo portátil, elas se perdem um pouco.

No multiplayer, o player 2 não tem grandes habilidades monásticas.
No multiplayer, o player 2 não tem grandes habilidades monásticas.

Monges mortais

O jogo realmente brilha no modo multiplayer. A conexão é estável no Switch e é possível escolher as missões no templo. Contudo, como segundo jogador o seu progresso não é carregado no multiplayer. O game te dá alguns pontos de habilidade, mas não todos os que foram acumulados no modo campanha. 

Considerando que o forte desse jogo é a progressão de combate, essa é uma escolha ruim de design, porque uma vez acostumada ao combate com várias habilidades aprimoradas e desbloqueadas de Daokong, foi difícil voltar a jogar com as habilidades de Wei Cheng. 

Sem ofensas, Wei Cheng. Mas há vários filmes de kung fu protagonizados por monges Shaolin e nenhum com pescadores-lutadores por algum motivo.

Um bug não recorrente: às vezes o power-up aparece, mas não é clicável.
Um bug não recorrente: às vezes o power-up aparece, mas não é clicável.

O último monge kung fu

Os gráficos e animações são bonitos, a trilha sonora é linda, a boa história do jogo é contada por meio de cutscenes curtas. O único porém desse jogo – que em alguns momentos me lembrou uma versão 2D de Ghost of Tsushima – é a jogabilidade. Ela acaba se tornando repetitiva no modo campanha e isso me levou a abandonar o jogo após o capítulo 5 (na verdade, parei porque estava insatisfatório demais jogar no modo portátil e não tive muitas chances de jogar no modo dock). 

É lindo, mas você consegue visualizar tudo o que está na tela?
É lindo, mas você consegue visualizar tudo o que está na tela?

Por mais que você tenha a sensação de progressão e variação no combate, mesmo que os cenários sejam lindos, só há variação dos chás – isto é, dos power-ups à sua disposição que recuperam vida, energia e aumentam o dano dos golpes.

Seja como for, aconteça o que acontecer na história, independente das habilidades que você desenvolver, o combate é sempre da esquerda para direita. Não há nada a fazer além de bater nos inimigos. Só o multiplayer pode salvar 9 Monkeys of Shaolin da mesmice

Ou macacos.  

Esta review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Bia Bock

9 Monkeys of Shaolin

8

Nota final

8.0/10

Prós

  • Progressão de habilidades
  • Direção de arte
  • Trilha sonora
  • História
  • Tempo de jogo

Contras

  • Gráficos
  • Jogabilidade repetitiva