Acre Crisis tenta algo ambicioso: mesclar horror de sobrevivência ao estilo dos clássicos de fim de século com uma ambientação brasileira — floresta amazônica, dinossauros, mistério escondido — algo raro de ver no cenário dos videogames. A premissa chama a atenção: em 1992, uma equipe da polícia é enviada ao estado do Acre por causa de mortes misteriosas e relatos de criptozoologia; ao chegar, percebe que a ameaça é bem maior do que esperava.
Desenvolvimento: David Pateti
Distribuição: Sometimes You
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Terror, Tiro
Classificação: 18 anos (Violência Extrema, Linguagem Imprópria)
Português: Dublagem, legendas e interface
Plataformas: Switch, PS5, Xbox Series, PC
Duração: 3 horas (campanha)
Horror tropical com ambição e nostalgia

A ambientação de Acre Crisis é um de seus maiores trunfos: a selva amazônica, com trevas intensas, vegetação densa e trilha sonora marcada por batidas sombrias, cria um clima de tensão constante. O visual low-poly/PS1 busca resgatar aquele horror de época — com dinossauros assustadores, efeitos de câmera VHS e sombras marcadas —, o que confere ao jogo uma identidade única, especialmente valorizada por quem gosta do estilo clássico de horror.
A ambientação e a narrativa — com conspirações, experimentos secretos e criaturas pré-históricas — surpreendem ao trazerem referências como Resident Evil e Dino Crisis a um contexto completamente brasileiro. Isso faz de Acre Crisis um experimento interessante: misturar o terror de sobrevivência com lendas, ambientações e medos locais, algo pouco explorado no mercado dos games, muito menos no Brasil.
Problemas graves de mecânica e desempenho

Infelizmente, a execução deixa bastante a desejar. Os controles são frequentemente uma dor de cabeça: mira difícil, atraso para empunhar as armas, botões mal mapeados e um esquema de tiro pouco intuitivo com bônus de atraso nos comandos. Minha maior dor foi que atirar aqui parece mais uma luta do que algo fluido, e o sistema de combate sofre com hitboxes imprecisas e mecânicas desajeitadas.
A câmera e o design de ambientes também são problemas recorrentes: os cenários são repetitivos, pouco variados e confusos quanto ao objetivo, com vegetação e objetos que se confundem facilmente na paisagem devido ao estilo adotado. Isso torna a navegação frustrante, e o horror dá lugar à confusão e ao tédio.
Promessas simpáticas, mas instabilidade real

Acre Crisis oferece um modo Arcade, além da campanha, em que você sobrevive a ondas de perigo numa selva reconfigurada. A ideia é boa e poderia ampliar a longevidade do título — sobretudo, o sentimento de repetição e a instabilidade na IA e nos controles fazem com que o modo Arcade se torne rapidamente cansativo.
Outro ponto que incomoda bastante é o desempenho na versão para Nintendo Switch: há quedas absurdas de FPS, lentidão e input lag — especialmente com a lanterna ligada, quando o ambiente costuma escurecer e a iluminação exige mais do hardware. Esses problemas comprometem a fluidez e a imersão, transformando o que poderia ser uma experiência atmosférica em algo mecânico e irritante.
Interessante de conceito, frustrante na prática
Acre Crisis tem de tudo para ser um experimento nostálgico e bizarro — horror tropical com dinossauros, ambientação brasileira, clima de survival horror dos anos 90. Em teoria, é um troféu para quem gosta de títulos independentes ousados e cheios de personalidade. Mas a falta de polimento, controles ruins, desempenho instável e design de níveis preguiçoso fazem o título tropeçar feio. Para quem quer um jogo divertido, pode haver momentos interessantes; para quem busca consistência, certamente vai sair frustrado como eu.
Cópia de Switch cedida pelos produtores




