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Review Green Hell (Switch) – Bem-vindo à selva

Você está na pele de Jake, um renomado antropologista deixado à própria sorte na floresta amazônica e com sua memória parcialmente perdida. Faça o possível e até o impossível para sobreviver enquanto desvenda os mistérios deste local e tenta se reencontrar com sua amada Mia. Mas não se engane, Green Hell irá te levar ao extremos da simulação de sobrevivência. Desenvolvido pela Creepy Jar, Green Hell foi lançado em 8 de outubro de 2020 para Nintendo Switch.

Desenvolvimento: Creepy Jar
Distribuição: Forever Entertainment
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, Simulador
Classificação Indicativa: 14 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: Switch e PC
Duração16.5 horas (campanha)/ 32.5 horas (100%)

Uma floresta cheia de mistérios

Green Hell traz um nível de imersão único. É evidente a dedicação dos desenvolvedores para que esta seja uma ótima experiência simulada. Uma floresta viva, úmida, barulhenta e com perigos a todo momento – é neste cenário que Jake realmente passará por maus bocados, pois sobrevivência por aqui é algo levado ao extremo. O jogador terá que buscar respostas ao longo da jornada, através de itens e visões do Jake, para montar um quebra cabeça que aos poucos irá revelar toda a trama de fundo do jogo.

Fica claro que a história é contata através do presente, momento em que o jogador está no controle, e o passado através da memória fragmentada de Jake. O pouco que sabemos no início do jogo é que a Mia, mulher de Jake, está em contato com a tribo Yabahuaca e tentando descobrir os segredos medicinais deles. Após uma sequência de eventos nos vemos separado dela e sem muitas informações. Sem dar spoiler, em um certo momento, o jogo levanta algumas questões morais, pois até onde você iria para salvar a pessoa amada, o quanto você sacrificaria?

A Riqueza da mata

A fauna no jogo possui uma boa diversidade, mas todo cuidado é pouco já que sempre existe um predador à espreita. Explorar e conhecer os hábitos dos mais diversos tipos de animais será uma das chaves para sua sobrevivência. 

A flora local é algo super complexo, necessitando quase que de uma formação prévia na área. O jogo explora muito bem as questões medicinais das plantas, assim como seus riscos de intoxicação. Para se dar bem, você deverá realmente aprender a identificar cada tipo de planta e fazer um bom uso delas ao longo da sua jornada. Fica um destaque para Ayahuasca, um chá com efeitos alucinógenos usado em rituais indígenas. O jogo incorpora bem o ritual atrelado a esta Ayahuasca em sua trama, pois isso ajudará Jake a recuperar parte de suas memórias.

Uma travessia bela e perigosa
Uma travessia bela e perigosa

Dias sobrevividos: 1

Farei aqui uma breve narrativa de como foi o primeiro dia na selva para exemplificar da forma mais imersiva possível de como é Green Hell na visão de Jake.

“Acordo desorientado, confuso sem me recordar bem o que aconteceu. Em minha cabeça só me vem o nome da minha mulher — Mia! Onde está você? Vejo meu rádio comunicador no chão, aos poucos me levanto e percebo que estou em um local que parece um pequeno oásis no meio da floresta. Tento contato com alguém via rádio, porém sem sucesso. 

Desorientado
Desorientado

Resolvi então sair deste local para tentar encontrar alguma resposta ou ajuda. Ao caminhar vou recolhendo diversas plantas, pedras e galhos que encontro pelo caminho. O tempo rapidamente começa a fechar, uma chuva espessa vem aí e sem ter como me proteger, simplesmente continuo a caminhada. Logo à frente vejo uma ponte improvisada com um tronco de uma árvore. Com muito cuidado eu atravesso sem olhar para baixo. 

Continuando minha jornada, percebo o quão barulhenta a floresta é, sons de árvores balançando e animais para todos os lados. Uma sensação de medo começa a me consumir, mas me lembro que preciso encontrar Mia. Então me deparo com um rio — ótimo, vou segui-lo —, mas então um som estranho como o de um chocalho pode ser ouvido próximo. Ao me virar, dou de cara com uma cascavel. Paralisado pelo medo, começo a pensar em como sair desta situação. Eis que, com muita calma, puxo um galho da minha mochila que se assemelha a uma lança e arremesso em direção à cobra, que cai morta no mesmo instante.

Agora com carne de cobra em minha mochila, preciso pensar em fazer uma fogueira para me alimentar. Aproveitando o caminho, cacei algumas capivaras que estavam andando próximas ao rio. De repente, encontro uma aldeia abandonada, e nela, várias coisas úteis para jornada.

O fim de tudo
O fim de tudo

Neste momento, sem mais chuva, vejo que na aldeia existe um local para secar carne – pensei em utilizar isso para cozinhar algo melhor. Deixei diversas carnes secando ao longo do dia, mas nunca imaginei que isso traria meu fim. Estava preparando as coisas para construir uma pequena cabana quando escutei um som grosso e aterrorizante. Ao me virar, dei de cara com uma onça pintada vindo sorrateiramente exatamente do local onde estavam as carnes, muito provavelmente atraída pelo cheiro delas. Sem ter o que fazer, não tive reação e em um piscar de olhos meu pescoço foi rasgado pela onça, me restando apenas uma escuridão sem fim.”

Esse é um resumo das experiências que podem ser vividas em Green Hell. Muito provavelmente você irá morrer de formas mais banais, como infecção, febre, fome, envenenamento e entre muitas outras coisas. Poderia dizer que esse jogo pode te mostrar as 1001 maneiras de como morrer em uma floresta.

Verifique seu corpo constantemente
Verifique seu corpo constantemente

Se cuide

Uma das mecânicas mais importantes do jogo está relacionada com seu próprio corpo. Fique atento a machucados e faça curativos rapidamente, pois uma ferida em uma floresta pode ser algo extremamente mortal. 

Green hell possui opção de inspecionar os membros do seu corpo, dando a opção de remover quaisquer parasitas que estejam presos a ele e curar ferimentos. Jake também possui um relógio que, além das funções bússola e horas, pode informar as necessidades do seu corpo, como hidratação, falta de nutriente e afins.

Uma dieta balanceada para seu corpo é extremamente necessária. Busque por alimentos ricos em carboidratos, gorduras, proteínas, além de se manter hidratado, pois é essencial. Cuidado, muitos alimentos necessitam de um preparo prévio antes do consumo, pois consumi-los diretamente podem te trazer problemas como vermes e envenenamento.

Mantenha sua sanidade no lugar, então evite situações que te coloquem em risco, do contrário você será perturbado por vozes aterrorizantes e ficará impossibilitado de se manter vivo na floresta. Alimentar-se e ficar próximo de uma fogueira ajudam a recuperar sua sanidade.

Construa armas
Construa armas

Construa

Use técnicas de sobrevivência para criar fogueiras, construir camas improvisadas e, se você for mais ousado, construa até mesmo uma “casa” de barro. As opções são muitas, cabe a você se adaptar e ver o que será mais útil para sua jornada.

O crafting do jogo não se limita somente a construção, então você poderá criar armas simples, como uma lança através de um galho ou até mesmo algo mais sofisticado e resistente com a combinação de materiais, como armaduras e armas brancas mais eficientes.

Paciência, exploração e curiosidade são os pontos que devem se ter para conseguir construir o que for necessário para sua sobrevivência. Uma dica importante sempre é construir uma cabana — da mais simples—, para salvar seu progresso constantemente.

Domine a floresta
Domine a floresta

Modos de jogo

Green Hell possui três modos de jogo: 

  • História: Um modo campanha para aproveitar tudo que o jogo pode oferecer, com uma boa história e desafio extremamente alto, mas para quem quer somente curtir a história ignorando quase que completamente todos os elementos de sobrevivência, será possível jogar no modo turista. 
  • Sobrevivência: Modo destinado unicamente a passar sua vida toda na floresta, construa base, explore cada centímetro da florestas e se torne o rei da selva.
  • Desafio: Cumpra objetivos pré estabelecidos para sair vitorioso da sessão.
Os gráficos se destacam a noite
Os gráficos se destacam a noite

Um port de muitos acertos e alguns erros

Agora partindo para uma visão mais técnica sobre o jogo, podemos dizer que de forma geral, um bom trabalho foi feito com o port da versão de PC para o Switch. Os gráficos, apesar de uma resolução menor e com menos detalhes na tela, conseguem entregar — ainda sim —, uma boa experiência, sendo bem aceitáveis. Existem quedas de framerate, mas nada que atrapalhe.

A trilha sonora acontece em pontos chaves em Green Hell. Músicas com batidas indígenas, que traduzem bem o momento que o jogador se encontra, sendo ele em uma caçada ou você sendo caçado. A sonoplastia é um show a parte, muito bem trabalhada e imersiva, a floresta grita, transborda vida através do som, que ao mesmo tempo que é incrível é aterrorizante. 

A gameplay do jogo pode ser complicada para se adaptar de início, pois são muitas ações que se deve aprender e é aí que o jogo mostra uma de suas falhas, a forma como a seleção de itens foi adaptada do PC para Switch, sendo necessário utilizar um ponteiro de mouse com o analógico do joycon para selecionar um objeto. Isso até não seria um problema se os analógicos do switch não fossem tão imprecisos, fazendo essa uma tarefa complicada, quando se tem pressa.

Servido?
Servido?

Posso pegar minha mochila e adentrar a amazônia?

Sim. Green Hell é sem sombra de dúvidas uma ótima adição a biblioteca do Nintendo Switch. O jogo possui elementos de sobrevivência muito bem trabalhados, e que devem agradar a todos os fãs do gênero e aguçar a curiosidade de jogadores que estão em busca de jogos desafiadores.

Infelizmente a versão de Switch não possui a opção de multiplayer online, que em contrapartida está disponível para versão de PC. Caso esse recurso seja adicionado ao console futuramente, acredito que será ótimo tentar sobreviver com uma amigo na floresta amazônica.

Esta review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores

Green Hell

9

nota final

9.0/10

Prós

  • Desafiador
  • Diversidade da Fauna e Flora
  • Sistema de sobrevivência complexo
  • Imersão

Contras

  • Seleção de itens com ponteiro
  • Ausência do modo multiplayer