O Switch é mundialmente conhecido atualmente pela quantidade explosiva de indies que quase semanalmente desembarcam na plataforma. Muitos destes são homenagens à época dos 8 bit, alguns diriam até que o console da Nintendo está saturado de tantos jogos parecidos mecânica e visualmente. Porém, no meio da multidão alguns se destacam, e posso dizer com tranquilidade que Aggelos é um exemplo perfeito disso. O jogo foi desenvolvido pela Look at My Game e publicado pela PQube. Apenas por curiosidade, quero citar que ele foi feito no software Multimedia Fusion, o qual cheguei a usar quando eu era criança para desenvolver alguns jogos sem muito compromisso e apenas por diversão – criança nerd é assim mesmo.
Ano: 2019
Jogadores: 1
Gênero: Ação, Aventura, Plataforma, RPG
Classificação indicativa: Livre
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, PS4, Xbox One e Switch
Duração: 7 (campanha)/ 8 horas (100%)
Clichê, mas funciona
Aggelos é um dos jogos mais clichês que já vi na minha vida, a desenvolvedora resolveu apostar na fórmula mais confortável e batida possível de fazer um herói silencioso que inicia sua jornada com uma voz o chamando para uma grande aventura, conhecida como seu destino.
Tudo acontece em textos brancos no fundo preto enquanto seu personagem fica ali parado, então você começa a história em sua casa, sem muitas explicações, e vai atrás da misteriosa voz. Logo mais você encontra uma garota indefesa que está sendo atacada por um monstro (com um belo design, diga-se de passagem), a qual você precisa proteger e vencer o bichano. Ao final da rápida batalha, a garota revela que é uma princesa e que precisa voltar ao castelo, então você precisa ir ao rei e mandar soldados para a escoltar. Ao desenrolar da trama, o rei acaba te dando a missão de impedir um rapaz chamado Valion de abrir um buraco dimensional. Pronto, esta é sua missão. Algo básico, simples e bem claro. O incrível é que funciona muito bem.
Um mundo completamente coeso
Eu particularmente tenho problemas com jogos que não tem uma explicação plausível dentro do jogo para certos elementos, ou então que demonstra ter usado soluções preguiçosas para construir suas limitações (paredes invisíveis). Porém, Aggelos faz tudo de uma forma tão coesa que você compra completamente suas propostas – ok, respirar embaixo da água não faz o menor sentido.
Adoro como os inimigos todos casam muito bem com cenário onde se encontram, então não fico com aquela sensação de que um personagem foi feito por um designer e o inimigo foi feito por outro artista completamente diferente. Todos os elementos do jogo parecem ter sido feitos com carinho e dedicação. Sem falar que a maioria dos monstros são biologicamente contextuais, como um urso na floresta, uma tartaruga embaixo d’água, um rato nas cavernas, etc – eu sei que alguns bichos são bizarros, mas fizeram sentido pra mim. Posso dizer então que a direção de arte de Aggelos foi boa o bastante para manter a coesão do jogo como um todo, apesar do estilo 8bit facilitar um pouco este trabalho por apresentar gráficos mais simples.
Sim, mais um metroidvania, mas calma
Você percebe aos poucos que o jogo começa a se transformar num metroidvania, com direito a backtracking, habilidades adquiridas conforme avança na história e itens que podem ser comprados, equipados e consumidos. Mas o jogo possui uma exploração tão prazerosa que não me senti ansioso como me sinto em muitos jogos do gênero – vide Wonder Boy -, talvez porque a distância entre um local e outro não é tão grande (e temos até um mapa relativamente útil) e ainda existem monstros pelo caminho que te dão várias recompensas dignas. A sensação de dever cumprido e rápida evolução é predominante em Aggelos por não demonstrar que o jogo não está tentando te puxar para trás, e sim deixar o jogador livre o suficiente para evoluir o personagem no ritmo em que bem entender. Rapidamente conseguimos novas habilidades e equipamentos bem melhores do que possuímos no começo, então a jogabilidade procura respeitar ao máximo quem está por trás dos controles. Num mundo onde temos tão pouco tempo para jogar, títulos que buscam compreendor o perfil do gamer moderno conseguem ter um brilho a mais.
O jogo também é bem generoso e misericordioso no quesito “morte”, te dando vários pontos de verificação – os checkpoints – para que você não perca grande parte do seu progresso caso falhe em alguma batalha. Entende o que quero dizer? Aggelos não está nem um pouco interessado em te fazer perder tempo ou te enganar fazendo o jogo se estender superficialmente. Além disso, você consegue até mesmo receber uma erva para usar como uma segunda vida. Portanto, caso morra, em seguida pode ter sua saúde completamente recuperada. Fala sério, o jogo é muito bonzinho.
Um jogo compreensivo e desafiador
Por conta de todos os elementos que falei até agora, talvez pareça que o jogo é extremamente fácil e pega na mão do jogador em todo o tempo. Mas calma, não se engane: o desafio aqui existe de várias formas. A verdade é que Aggelos foi feito para todos os tipos de jogadores, do mais casual ao hardcore. Você pode passar horas tentando entender qual seu próximo destino, como também pode morrer várias vezes para alguns inimigos por pura falta de cuidado ou ansiedade. Por fim, se você procura um jogo com história simples e relativamente curta (menos de 10 horas), mas com uma jogabilidade responsiva, encantadora e que funciona surpreendentemente bem, Aggelos é com certeza uma indicação completaente confiável que faço – principalmente aos amantes dos 8 bit. Talvez seus únicos pecado sejam não ter um meio de relembrar a história, caso tenha deixado de jogar por algum tempo e esquecido dos eventos, e uma falta de opção de carregar o jogo salvo durante a jogatina, o que me fez perder meu último save porque achei que havia salvo o progresso.
Este review foi feito usando uma cópia para Switch cedida pela PQube