Alpha Protocol é um RPG que combina mecânicas de tiro em terceira pessoa com uma narrativa dinâmica que é característica das produções da Obsidian. Lançado originalmente em 2010, o jogo não foi bem recebido na época, mas ao longo do tempo acabou se tornando um clássico cult – que não estava à venda digitalmente desde 2019 devido a problemas de licenciamento. Cinco anos depois, o título finalmente está de volta em meios oficiais através de um relançamento feito pela GOG, que preserva o game para o futuro numa versão livre de DRM.
Desenvolvimento: Obsidian Entertainment
Distribuição: SEGA
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG, Ação
Classificação: 18 anos
Português: Não
Plataformas: PC, PS3, Xbox 360
Duração: 13 horas (campanha)/26 horas (100%)
Por dentro de uma conspiração
![](https://jogandocasualmente.com.br/wp-content/uploads/2024/04/review-alpha-protocol-pc-04-1024x576.jpg)
Alpha Protocol é focado numa narrativa assinada por uma equipe liderada pelo roteirista Chris Avellone. Ao contrário de outras empreitadas da Obsidian, que se situavam em mundos fantasiosos, esse jogo é praticamente um thriller que bebe da fonte de filmes de ação e espionagem hollywoodianos. É uma combinação inusitada que resulta em uma trama sensacional, que infelizmente não possui legendas em português.
Os eventos se iniciam quando um avião comercial cheio de passageiros estadunidenses é derrubado na Arábia Saudita por uma organização terrorista com acesso a armas americanas. Derrubar uma aeronave já é inadmissível, mas o envolvimento de produtos da própria indústria bélica norte-americana na morte de outros americanos é considerado mais grave ainda pelo Tio Sam, que decide esconder essa informação do público enquanto tenta evitar que isso aconteça novamente.
Partindo disso, um programa ultra secreto é acionado, e o agente Michael Thornton recebe a missão de averiguar o que realmente aconteceu, viajando até o Oriente Médio para investigar o caso. Aos poucos, ele vai desvendando uma conspiração global envolvendo múltiplas organizações criminosas na Tailândia, na Itália e na Rússia, precisando correr contra o tempo para impedir que uma guerra estoure.
Jogabilidade péssima
![Sistema de escolha de diálogos em Alpha Protocol](https://jogandocasualmente.com.br/wp-content/uploads/2024/04/review-alpha-protocol-pc-03-1024x576.jpg)
No decorrer das operações, é preciso escolher as falas do protagonista em tempo real por meio de pequenos eventos de ação rápida que surgem nas conversas. É necessário optar entre diferentes reações e saber usá-las nas missões para suceder nos objetivos e construir uma relação com os outros membros da Alpha Protocol. A narrativa muda com base no que o personagem diz e faz, sendo que há um resumo que mostra as consequências de cada escolha para a história completa do RPG.
Esses elementos são, de longe, o melhor que Alpha Protocol tem a oferecer. A jogabilidade também abre espaço para várias abordagens distintas, mas não é tão boa quanto o lado narrativo do título. Podemos abater os inimigos furtivamente, em confronto direto ou na bala – com mecânicas que lembram os shooters de cobertura como o Gears of War, que era uma tendência na época do lançamento do jogo.
![Sistema de RPG de Alpha Protocol](https://jogandocasualmente.com.br/wp-content/uploads/2024/04/review-alpha-protocol-pc-05-1024x576.jpg)
No entanto, muitas mecânicas não funcionam, como a mira, que se torna em um desafio à parte por conta da retícula enorme que é colocada na tela. É impossível acertar qualquer tiro, fazendo o combate ser um sistema totalmente disfuncional. Isso faz com que sair na porrada contra os inimigos se torne a maneira mais eficaz do que tentar utilizar abordagens que fariam mais sentido para um espião.
Alguns outros sistemas são até interessantes e bastante únicos, mas ainda sofrem por serem mal feitos, como a mecânica de arrombar portas, que usa os gatilhos do controle, mas com os parâmetros de sensibilidade configurados incorretamente, resultando apenas em frustração durante a jogatina. O design de mapas também decepciona. É horrível se orientar em todas as missões, e a liberdade que faz parte da proposta do RPG acaba ficando restrita somente à narrativa, pois os objetivos são sempre muito lineares.
Versão de PC não funciona direito
![Mira de Alpha Protocol é enorme](https://jogandocasualmente.com.br/wp-content/uploads/2024/04/review-alpha-protocol-pc-02-1024x576.jpg)
Esse relançamento foi anunciado pela GOG com compatibilidade com os sistemas operacionais atuais, suporte para salvamentos em nuvem, resolução 4K, conquistas e controles modernos, além da inclusão de toda a trilha sonora licenciada. Não se trata de uma remasterização, apenas de uma edição atualizada do RPG, que tem uma péssima versão para computadores.
Os problemas começam assim que o jogo é aberto, porque o menu principal possui uma interface que não responde adequadamente a nenhum comando, sendo impossível navegar por ela normalmente. Um controle não pode nem ser usado de cara porque o suporte a ele é desativado por padrão. Foi preciso gastar um tempo que poderia ter sido dedicado à jogatina tentando descobrir a solução para esses problemas, que, simplesmente, foi usar os dois botões do mouse para clicar nos menus e conseguir ativar o joystick.
Há alguns travamentos que ocorrem quando o personagem se movimenta pelas fases, e a apresentação é prejudicada por vários efeitos visuais que não funcionam em resoluções altas. Esse estado técnico ruim e a péssima gameplay impedem que a experiência seja divertida, o que é uma pena, considerando a qualidade da trama apresentada.
Péssimo, mas com uma boa história
Embora todo o trabalho de preservar um título para o futuro seja louvável, o estado no qual Alpha Protocol foi disponibilizado novamente é vergonhoso, ainda mais pelo fato do RPG estar sendo vendido por cerca de R$ 100, um valor absurdo para um jogo de 13 anos atrás que nem é tão bom assim. A narrativa é espetacular, mas o resto do pacote é uma tosqueira.
Revisão: Ailton Bueno