Amnesia: The Bunker é o quarto lançamento da popular franquia de horror da Frictional Games, que decidiu revitalizar sua fórmula com a adição de elementos tradicionais do terror de sobrevivência. O título foi lançado após um adiamento surpresa de poucas semanas, com disponibilidade para consoles e PCs por meio das lojas normais e do catálogo oferecido pela assinatura do Xbox Game Pass.
Desenvolvimento: Frictional Games
Distribuição: Frictional Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Terror, Tiro
Classificação: 16 anos
Português: Interface e legendas
Plataformas: PC, PS4, Xbox One, Xbox Series X/S
Duração: 5 horas (campanha)/8 horas (100%)
Quando um refúgio vira um pesadelo
Situado durante a Primeira Guerra Mundial, The Bunker nos coloca na pele de Henri Clément, um soldado francês. Depois de momentos tensos no campo de batalha, ele acorda sozinho e sem muitas lembranças na escuridão de um bunker, sendo necessário desvendar todos os segredos por trás do local enquanto é perseguido por ratos e um grande monstro, de maneira dinâmica e não scriptada. Ficar perdido e sem rumo é parte da experiência, cuja ambientação impressiona por sua interatividade e destrutividade. Henri tem a possibilidade de manipular objetos e utilizá-los contra os oponentes ou para quebrar barreiras.
No entanto, Amnesia: The Bunker vai lentamente se tornando em um jogo cansativo porque o backtracking é excessivo para tarefas básicas, como salvar o progresso ou verificar o mapa. O inventário facilita o desafio, pois todos os itens são catalogados de acordo com sua utilidade para o jogador. Senhas e arquivos que informam objetivos são automaticamente destacados pelos menus, que proporcionam uma sensação de agilidade para a aventura. Contudo, essa funcionalidade aparenta estar incompleta, já que os desenvolvedores poderiam ter implementado alguma forma de se orientar sem precisar retornar à sala principal do bunker.
Agora tem combate
A maior novidade de Amnesia: The Bunker é a inclusão de um sistema de combate, que pela primeira vez na franquia oferece meios úteis de enfrentar as ameaças presentes na narrativa. Como em todo bom survival horror, os recursos são escassos e a estratégia é vital para sobreviver ao pesadelo. O mapa é completamente escuro, e até mesmo a iluminação acaba sendo limitada. O personagem principal tem uma lanterna em mãos, mas ela precisa ser recarregada a todo instante. Só que há um problema: ela emite barulhos que podem chamar a atenção do monstro que devemos evitar, adicionando um fator tático até na visibilidade dos cenários.
A gameplay não é boa. Em uma tentativa de criar tensão que não funciona, os sistemas de tiro ignoram anos de avanço em jogos de tiro em primeira pessoa. O protagonista precisa parar o que está fazendo para inspecionar sua arma e recarregá-la manualmente, inserindo uma bala por vez. A lentidão ao realizar uma tarefa que um soldado deveria saber fazer com velocidade faz com que esse aspecto da jogabilidade esteja longe de ser assustador, sendo apenas entediante e monótono.
Ultrapassado
Tecnicamente, a Frictional Games parou no tempo. Os visuais de Amnesia: The Bunker não atendem às expectativas para um jogo de 2023. Os efeitos de iluminação são medíocres, as texturas possuem uma qualidade baixa, os modelos de personagens e inimigos não são detalhados, e a experiência em geral sofre com serrilhados. A apresentação não está condiz com seus conceitos e, por conta disso, muito do que é mostrado no decorrer da campanha não tem um grande impacto visual e sonoro.
A versão de computadores sofre com incompatibilidades bizarras que deveriam ter sido corrigidas pelos produtores antes do lançamento. Há problemas de sincronização vertical na imagem, causando travamentos que exigem a desativação desta opção para que placas de vídeo poderosas consigam rodar o jogo em uma taxa de quadros aceitável. Apesar das falhas, a versão de PC conta com suporte nativos para mods e campanhas completas feitas pela comunidade, algo ótimo para assegurar a longevidade do produto, dado que a campanha padrão não é muito longa.
Chatinho
A adição de elementos do terror de sobrevivência na fórmula de Amnesia põe a Frictional Games em um bom caminho. Porém, a apresentação e a intuitividade das experiências criadas pelo estúdio precisam melhorar para que a franquia possa de fato competir com outros nomes independentes do gênero. The Bunker é pouco cativante devido aos seus visuais ultrapassados e suas tentativas de criar medo que resultam apenas em um game maçante.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong