Ary capa

Review Ary and the Secret of Seasons (Switch) – Simpático, mas sem polimento

Ary and the Secret of Seasons é um jogo daqueles que a gente pode chamar de… simpático. Diria que tudo nele possui um certo charme e um aspecto visual escolhido que me lembra um pouco as obras feitas pela Walt Disney Productions. É como se fosse uma adaptação direta de uma das franquias do estúdio, ou então quem sabe um trabalho de menor orçamento da DreamWorks. Porém, a impressão que tive com este jogo é de falta de polimento misturado à uma história razoavelmente boa, mas com alguns elementos que poderiam ter sido melhor aproveitados.

Desenvolvimento: eXiin
Distribuição: Modus Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, Ação e RPG
Classificação Indicativa: 10 anos
Português: Não
Plataformas: PC, PS4, Xbox One e Switch
Duração: 9 horas (campanha)/ 12 horas (100%)

Um evento importante

Em busca da jornada

Aryelle, que prefere ser chamada por Ary, é uma garotinha cheia de imaginação e determinação. Os primeiros momentos do jogo mostra a protagonista brincando em seu quarto interpretando histórias de como um Herói Lendário derrotou um mago malvado – usando seus brinquedos. Logo sua mãe a chama para que ela vá de encontro com seu pai que está no mercado. Assim, o jogo apresenta sua primeira grande missão: vá ao mercado e encontre seu pai.

Ironias à parte, assim que Ary chega em seu destino, um bando de Hyenas aleatórias atacam o local e, após a batalha vencida, Ary percebe que uma delas estava portando a espada de madeira de seu irmão desaparecido, Flynn, que é abordado nos primeiros minutos de jogo.

Natação

De repente, um cristal gigante caído do céu atinge a cidade gélida da garota, Yule, e torna o clima dali em um verão quente. Em seguida, Ary percebe que somente sua casa não foi afetada e continua protegida por uma barreira que mantém o frio congelante dentro dela, e consequentemente a residência se encontra num clima de inverno ainda. A partir da exploração do porão da casa, Ary descobre que seu pai, conhecido também como o Guardião do Inverno, mantém uma esfera da estação do inverno bem protegida, e acaba pegando o poderoso objeto para si e adquirindo a habilidade de congelar e modificar coisas à sua volta em poucos metros de distância.

Então, assim se inicia a aventura de Ary e a conquista de sua primeira esfera das quatro estações existente, além de seu desejo em se tornar a Heroína Lendária.

Puxando objetos

Jogabilidade de dois gumes

Ary and the Secret of Seasons se divide em três pontos bastante divergentes: dungeons, exploração e combate. As dungeons buscam mostrar toda sua qualidade e inspiração em Zelda clássicos, e honestamente conseguem fazer um bom trabalho na medida do possível. São puzzles para serem resolvidos através da jogabilidade básica de pular e movimentar Ary, apesar dos controles não serem exatamente um exemplo de como fazer algo do gênero e passarem uma impressão de pulos imprecisos e movimentação flutuante.

Mesmo assim, as mecânicas existentes a partir das esferas das estações conseguem criar soluções divertidas para passar os desafios a cada dungeon por onde transitamos, apesar de algumas delas não parecerem tão bem planejadas ou fazerem o menor sentido. Mais à frente também são adquiridas algumas outras habilidades que agregam um pouco ao gameplay, mostrando que os desafios de plataforma misturados com os poderes das estações são, de fato, o ponto alto do jogo.

Combate sem propósito

São quatro esferas representando as estações do ano. A de inverno congela locais de água e revela plataformas de gelo flutuantes (o porquê elas estavam flutuando ali é uma boa pergunta), a de outono faz chover, a de verão torna o clima mais quente e a primavera curiosamente e sem o menor contexto seca locais aquáticos.

Algumas soluções chave também são misteriosamente encontradas em baús, uma espécie de entrega rápida para desvendar logo o puzzle em vez de recompensar o jogador com itens importantes através de missões. Por exemplo, em uma das dungeons onde o desafio era aquático, recebi um colar que me permitia nadar nas profundezas da água e estava em um baú deste local de forma bastante conveniente, sendo que antes Ary só podia nadar “cachorrinho” na superfície dela.

Resgatando crianças

Já o combate deixa bastante a desejar e é extremamente ignorável, muito por ser zero recompensador. Os inimigos comuns possuem um design bem aleatório e genérico, e praticamente não existe um feedback visual prazeroso quando você acerta um deles. Na maior parte das vezes preferi evitar confrontos simplesmente porque era algo maçante e bastante dispensável, o que já é apresentado de forma levemente diferente em lutas contra chefes. Além de que as batalhas contra inimigos comuns não concedem nem uma moeda de dinheiro, mostrando que não vale nem um pouco a pena e nem há sentido na existência delas.

Nestes momentos de lutas contra chefes, é necessário um pouco mais de estratégia, agilidade, uso da esquiva e dos elementos das estações. Acredito que estas batalhas deveriam ter sido o único tipo de combate contido no jogo, já que apenas elas fazem sentido de forma geral. Além disso, nos momentos de exploração é possível adquirir, em mercadores, itens cosméticos para equipar em Ary, upgrades que melhoram seus atributos num combate, como falei, medíocre e sem propósito de existência. Estas melhorias não adicionam combos e nem habilitam um ataque “ao cair”, fazendo com que o combate continue bastante sem graça.

Mundo vazio

Missões secundárias que não acrescentam basicamente nada ao enredo e tranquilamente podemos fingir que não existem. O fast travel também é algo que pode passar muito batido pelo jogador, já que só percebi a existência do recurso lá para o fim do jogo quando estava realmente cansado de andar. É algo bastante sutil, que funciona através de tickets de cada região precisa ser descoberto conversando com um NPC próximo à carruagem.

Apesar da exploração e momentos de dungeon serem os mais divertidos, o level design do jogo como um todo é bem ruim. São campos enormes e vazios onde deveremos nos aventurar, com um apanhado de nada habitando por ali a não ser a natureza e criaturas para serem eliminadas sem recompensa. A versão de Switch também não contribui, e apresenta uma representação da neve – elemento bem presente no jogo – de uma forma horrenda e com baixa qualidade. Não só isso, mas a maioria das texturas são desta forma e parecem ter saído diretamente de jogos do início da geração Xbox 360 e PS3.

Falta de polimento

Se tem algo que Ary and the Secret of Season é, com certeza é bugado e com performance questionável. São vários os momentos onde texturas irão apresentar erros, elementos de outra estação irão surgir na tela sem motivo algum e o jogo tem possibilidades de “crashar”. Também podem ocorrer bugs de colisão e Ary pode acabar flutuando ou entrando debaixo do chão.

É ainda mais engraçado o fato de que é possível desmanchar o gelo com a esfera do verão, ficar dentro dele, e em seguida usar a esfera de inverno para aparecer dentro. Apesar de Ary não ficar presa, é um efeito bem feio de observar e parece que ninguém testou ou teve preguiça de criar uma animação para isso.

Muitas soluções de puzzle também não parecem ser resolvidas de forma natural, e é comum você sentir que está fazendo uma “gambiarra” para cumprir o objetivo. Pra fechar, o frame rate da versão de Switch não é um dos melhores e deve ser levado em consideração ao optar pelo jogo na versão para consoles.

Encontrado objetos chave

Uma aventura quase boa

Ary and the Secret of Seasons não é um jogo ruim, mas fica bastante na média – talvez até um pouco abaixo. Talvez sua história seja a única coisa possível de se aproveitar, mas o gameplay possui defeitos demais e não deixam você manter sua atenção nela. Sua falta de polimento, gráficos ultrapassados, level design ruim com ambientes cheios de vazio, combates sem sentido e upgrades inúteis arrastam muito o jogo para uma posição pior do que ele realmente merece.

O game erra até mesmo em seus controles básicos e resoluções de puzzle que muitas vezes não parecem tão naturais (estou falando das esferas de energia). Infelizmente, o título da eXiin precisava ter ficado mais tempo em desenvolvimento, já que parece algo que não passou por muitos testes de qualidade ou até mesmo de aceitação do público.

Esta review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores

Ary and the Secret of Seasons

5

Nota final

5.0/10

Prós

  • Boa história
  • Cutscenes bem feitas
  • Diálogos engraçados
  • Mecânicas de estações

Contras

  • Combate sem propósito
  • Dinheiro difícil de se adquirir
  • Missões maçantes
  • Puzzles não parecem naturais
  • Level design muito ruim