Review Ashwalkers Capa

Review Ashwalkers (Switch) – Uma caminhada acinzentada

Após a erupção de um vulcão, o mundo de Ashwalkers tornou-se cinzento e pós-apocalíptico. Agora, um quarteto de sobreviventes anda por ambientações distintas por serem a última esperança de sobrevivência de uma civilização. É com tais informações que você parte nessa trilha interessado no mundo à sua frente, enquanto ele conta sua história e a do grupo.

Desenvolvimento: Nameless XIII

Distribuição: Plug in Digital

Jogadores: 1 (local)

Gênero: Aventura, Estratégia

Classificação: 14 anos

Português: Não

Plataformas: PC, Switch

Duração: 2 horas (campanha)

Mergulhado em cinzas

Um mundo quase sem vida.

Seria possível abdicar de inúmeras palavras caso eu definisse Ashwalkers como um walking simulator. O próprio nome já expõe isso, logo, você só vai segurar o analógico para frente e tomar algumas decisões. O grande porém, dessa fatídica definição, é que todo peso do game está no seu mundo e a busca pela sua história.

O mundo de Ashwalkers não é surreal e inacreditável, e sim muito pelo contrário. Com uma escassez de informações, recursos e elementos visuais, cada grão de ambos é quase como ouro. É isso que define a experiência: a necessidade de sobrevivência do grupo, e nossa sede por conhecimento e respostas.

Com relação à narrativa, ela é como uma ampulheta. Cada nova informação adquirida através de diários de viagem, pontos de interesse ou balizas de rádio são como um grão de areia. Um só não pesa tanto, mas, eventualmente, ao juntar muitos, você tem uma duna e a ampulheta gira. Porém, esse giro não irá contar toda a história, pois toda a narrativa é não-linear, dependendo das suas escolhas para alternar entre mais de 30 finais. Para isso, existe uma enciclopédia contendo tudo que foi conhecido na narrativa.

Uma das balizas de rádio que nos direcionam nessa jornada.

Quando se trata dos aspectos de sobrevivência, eles são muito simples, com os recursos sendo apenas madeira para a fogueira, comida e remédio. Não há variações distintas e todos influenciam o quarteto da mesma forma. 

Na dificuldade inicial, tudo foi bem tranquilo, visto que em vários momentos cada personagem estava carregando o limite de recursos. Isso se deu pela minha forma estratégica de racionar cada item. Porém, o elemento mais impactante foram as escolhas feitas com extrema sabedoria. Elas também facilitam muito na opção hardcore, e nessa dificuldade tudo fica bem mais tenso.

A vida cobra

A pior consequência existente: a morte.

Como em todo mundo pós-apocalíptico, tudo que se mexe e respira pode ser um possível inimigo e, assim, cada encontro surpresa pode trazer consequências. Ashwalkers não se afasta muito desta comumente situação. O maior diferencial são as escolhas disponíveis, as quais dependem de qual dos 4 protagonistas terá a resolução aceita.

Todas as tensões e histórias afetuosas de Ashwalkers são compartilhadas entre a capitã valente, Petra; o lutador, Sinh; a inteligente, Kali; e o gatuno Nadir. Portanto, as resoluções sempre ficam entre um ato corajoso, combate, sabedoria ou espreita. É óbvio que utilizar de uma mesma resposta para todos os conflitos nem sempre terá uma consequência positiva. 

Na minha primeira expedição, a maioria dos perigos foram vencidos utilizando da sabedoria, como não roubar recursos de outros grupos ou afastar perigos com objetos do ambiente. No geral, estes atos foram bem recompensados, como um grupo dividindo seus recursos com o quarteto. Já em outro momento, fui ajudar um animal preso em armadilha e depois ele feriu todos os sobreviventes.

É necessário acampar para recuperar as energias.

No final de cada um desses atos, os personagens do grupo podem acabar sendo afetados psicologicamente. Embora os efeitos não tenham sido muito perceptíveis no modo inicial, o hardcore já eleva isso a outro patamar. Caso um personagem esteja muito desencorajado, tanto sua energia quanto a fome caem rapidamente. Aliás, as resoluções dadas por esse indivíduo também podem ser tendenciosas nesse estado de espírito.

Para que isso não tenha um efeito muito negativo e dificulte excessivamente toda a jornada, é preciso também escolher os melhores momentos para montar um acampamento. Aqui, há um menu muito interessante no qual dividimos as tarefas do quarteto. Um pode ficar de guarda, outro pode dormir, enquanto outros dois vão atrás de mais recursos. Mas, também é possível deixar que um deles – ou todos – fique acordado só conversando, para que você saiba mais sobre a história pessoal dele.

Andar nunca foi tão difícil

Ashwalkers foi lançado originalmente no PC, portanto, estamos falando de um porte para o Switch. Embora o framerate seja bem estável no dock, o portátil não apresenta o mesmo comportamento. Jogar nesse molde é como assistir uma animação em 20 fps, com o andar do quarteto extremamente travado. Isso é o pior, pois deixa a impressão que não foi um porte bem feito.

Em conjunto com a estabilidade dos frames, o mundo de Ashwalkers é desértico, então, o andar dos personagens pode ser afetado com isso. Em áreas mais estreitas, é normal que eles se embananem e fiquem parados por um tempo. Para sair desse embaraço, é preciso trocar entre os personagens até conseguir tal feito. Em casa, isso é bem mais comum e estressante.

Dramático e profundo

Ashwalkers é uma jornada em um mar de cinzas da humanidade. Com esse mundo sem regras e com todos lutando por sobrevivência, a moralidade de suas escolhas irão realmente moldar o percurso. Assim, em cada conhecimento adquirido, a sua narrativa também é criada. O problema dessa aventura é também a sua principal ferramenta: andar. Independentemente de para onde o quarteto vá, tenha certeza de que terá inimigos, e um deles é a capacidade de andar em grupo ou estabilidade no modo portátil.

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Ashwalkers

7.5

Nota final

7.5/10

Prós

  • Múltiplos finais
  • Mundo conta sua história
  • Escolhas definitivas

Contras

  • Instabilidade no modo portátil
  • Andar em lugares apertados é complicado