Beyond Good & Evil, game lançado originalmente em 2003 pela Ubisoft, é um daqueles casos de jogos que venderam mal em seus lançamentos e foram considerados fracassos a princípio. Contudo, o jogo aos poucos foi ganhando fãs ao redor do mundo e hoje é um clássico cult muito aclamado. E após 20 anos, a aventura ganha uma nova remasterização.
Desenvolvimento: Ubisoft
Distribuição: Ubisoft
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura
Classificação: 12 anos
Português: Legendas e interface
Plataforma: PS5, PS4, Xbox Series X|S, Xbox One, Switch, PC
Bem-vindo ao planeta Hyllis
Em um futuro distante, o planeta Hyllis é ameaçado por uma raça alienígena chamada DomZ. Na trama, assumimos o papel de Jade, uma repórter e fotógrafa que, junto com seu tio Pey’j, um porco humanoide, e outros aliados, tenta expor uma conspiração que envolve o governo e os alienígenas invasores. Nada é tão simples quanto parece, dando jus ao nome “além do bem e do mal”, como sugere a tradução do título do game.
Beyond Good & Evil estava à frente de seu tempo ao trazer uma história rica em profundidade, trabalhando temas como resistência, lealdade e corrupção. A protagonista Jade é forte e tem personalidade em uma época que os personagens masculinos eram a maioria esmagadora dos games. Outra figura que também brilha é seu tio adotivo Pey’j, que te conquista logo em sua primeira aparição. Sua relação com Jade é muito bem trabalhada, trazendo uma camada emocional adicional à trama.
Fora da caixinha
É estranho falar, mas a Ubisoft, que hoje é conhecida por franquias com lançamentos que sempre usam uma fórmula segura, já foi uma empresa que apostava no novo, visando estabelecer seu nome no hall dos videogames. Beyond Good & Evil é um desses casos, devido ele ser um pouco de cada coisa, da ação à exploração, de elementos de plataformas e até de RPG.
A gameplay é bem diversificada, sendo um jogo em terceira pessoa no qual podemos usar um bastão no combate, usar abordagens furtivas em algumas missões e fotografar – tanto animais para conseguir dinheiro quanto pistas para descobrir novos segredos que o governo daquela sociedade esconde. Isso não para por aí, pois você tem à sua disposição um aerobarco para ganhar mais dinheiro disputando corridas, equipado com um canhão para lutar contra veículos inimigos ou mesmo apenas para ir de uma ilha a outra no mapa.
O que a remasterização traz de melhorias? Bem…
Beyond Good & Evil 20th Anniversary Edition é a segunda remasterização que o título recebe em duas décadas, sendo a primeira em 2011. É notável as melhorias que esse novo remaster traz ao compararmos suas versões, mas muito é perdido no Switch devido à versão rodar a 30 quadros por segundo e em 720p no modo portátil.
É estranho ver que os desenvolvedores não conseguiram fazer o híbrido da Nintendo alcançar os 60 fps de um jogo da época do Playstation 2. Pior ainda é que nem esses 30 quadros por segundo são estáveis, já que a frame rate cai em, em algumas partes do jogo. Mas a aventura de Jade e Pey’j continua sendo bonita e funcional na maior parte do tempo. Não é um excelente port, mas também está longe de ser um dos piores.
Não é uma experiência para quem quer tudo mastigado
Beyond Good & Evil é facilmente um daqueles jogos que é difícil indicar para quem está acostumado às facilidades dos games modernos, pois algumas situações no mapa não são muito intuitivas e, muitas vezes, é preciso conversar com NPCs do cenário ou até mesmo com seu parceiro Pey’j para descobrir como avançar na campanha. Não há nada piscante na tela indicando o que precisa ser feito e como fazer – na verdade, até existe, mas é tudo muito discreto.
E pensar que, em sua época, o jogo também foi incompreendido por muitos jogadores que alegavam não entender como a campanha funcionava e do que se tratava tudo aquilo – para ter seu lugar ao sol, a jornada de Beyond Good & Evil nunca foi fácil. Mas aqui vai uma dica: a cada descoberta, a sensação de felicidade em desbravar as ilhas do planeta Hyllis é indescritível.
À frente do seu tempo
Beyond Good & Evil é um claro exemplo de jogos que precisam ser resgatados por remasterizações para não caírem no esquecimento, e a Ubisoft está empenhada em manter a chama desta obra de arte viva. Sua nova remasterização trouxe algo que muitos pediram: textos localizados em português, para que nós, brasileiros, possamos compreender sua geniosa trama por completo. Que venha sua tão aguardada continuação!
Cópia de Swith cedida pelos produtores
Revisão: Julio Pinheiro