Desenvolvido pela Dark Screen Games e publicado pela Merge Games, no último dia 10 de setembro, para Nintendo Switch, PC, PS4 e Xbox One, Bounty Battle é um jogo de luta 2D que se dispõe à reunir diversos personagens de games indies renomados (como Dead Cells, Guacamelee! e Blasphemous) pra fazer aquele fight party maroto. A gente bem sabe que, em jogos de luta, o crossover de franquias distintas não é novidade. Os jogos versus da Capcom, a franquia Super Smash Bros da Nintendo e até mesmo Brawhalla da Ubisoft, são bons exemplos disso. Mas, e se tratando de Bounty Battle, qual é o resultado? Vocês conhecem aquela música de abertura do seriado Smallville, Save me? O estridente refrão “somebody saaaaaaave meeeee…” define o grito mental que dei em minha experiência com o jogo.
Desenvolvimento: Dark Screen Games
Distribuição: Merge Games
Jogadores: 1-4 (local)
Gênero: Luta
Classificação indicativa: 10 anos
Português: Interface e legendas
Plataformas: PC, PS4, Switch e Xbox One
Duração: Sem registros
História padrão dos jogos de luta
Em jogos de luta a história sempre foi algo secundário. Nunca foi preciso de muito para justificar a troca de tapas entre os personagens. De uns anos pra cá, porém, algumas franquias – em especial as da NetheRealm Studios – começaram a trabalhar melhor o seu roteiro, dando uma profundidade maior a esses jogos. Porém, não há a necessidade disso em Bounty Battle. Boa parte dos personagens que integram o jogo já tiveram suas histórias contadas em seus títulos de origem.
A apresentação inicial é fantástica e de longe a coisa mais legal do jogo. Trata-se de uma animação, muito bem feita, que reforça a ideia de unificação dos títulos indies numa grande celebração. O roteiro resgata a clássica ideia dos games versus noventistas, onde sem muita explicação – e para a nossa alegria (ou não) – uma força estranha atua fazendo com que os universos de diversos jogos se colidam.
Só isso?
Infelizmente, a gente perde o encanto com Bounty Battle logo na tela do menu. Depois de uma apresentação tão bacana, chega a ser decepcionante a pobreza visual. E o mesmo podemos dizer dos modos do jogo. Apesar da belíssima animação, que busca explicar a razão do título existir, não há um modo história ou campanha para podermos desfrutar no jogo. É aquilo lá e ponto. Estapeiem-se!
O mais próximo de uma campanha é o modo torneio. Sem poder escolher o personagem para trilhar por esse modo, somos apresentados, na verdade, à uma série de cinco desafios sem graça que precisamos concluir para avançar. Cada desafio concluído libera a possibilidade de passar para o personagem seguinte e no processo vamos desbloqueando skins diferentes para eles.
Além do modo torneio temos um tutorial (que explica de forma bem abreviada os comandos do game), desafio (onde escolhemos um personagem e vamos enfrentando os demais lutadores um por um, sempre na mesma ordem), campo de treino (para explorar melhor os ataques de cada personagem disponível), um modo versus local para até quatro jogadores e… acabou. É só isso mesmo! Eu fiquei um bom tempo “procurando” o modo online. Juro que achei estar fazendo algo errado e que não estava entendendo direito o menu. Mas, não! O jogo te apresenta uma experiência totalmente local e limitada, seja jogando solo ou com os amigos (não façam isso com eles).
Performance e mecânicas
Um ponto levemente positivo de Bounty Battle é o visual. Lembra bastante o design de Brawhalla, apresentando uma versão Super Deformed dos personagens dos jogos indies lá representados (trinta no total). O game conta com dezesseis arenas de combate. Apesar da variedade e de algumas apresentarem um layout que remonta as características das franquias presentes no game, elas são simples e pouco inspiradas. Não há qualquer efeito de luz e sombra, por exemplo. Trata-se de ambientes estáticos e sem vida. Da mesma forma, as músicas de Bounty Battle nada mais são do que batidinhas irritantes e genéricas tão sem inspiração quanto o resto do jogo.
Os controles não respondem bem e apresentam muitas vezes um lag até aplicação do comando pelo nosso personagem. De forma resumida, temos ataques simples, forte e especial que variam de personagem para personagem. O game conta ainda com um botão para saltos, esquiva, agarrão e uma combinação de botões (X + Y) para um golpe supremo. Com exceção dos ataques simples, todos os outros golpes consomem certa porção da barra de energia azul. Essa barra se regenera com o tempo. Mas, se ela zerar, ficamos vulneráveis e impossibilitados de desferir ataques.
Conforme vencemos e golpeamos os adversários, vamos adquirindo pontos de prêmio que podem ser usados para desbloquear ajudantes (lacaios) durante as batalhas. Algo similar aos Assist Trophy de Smash Bros. A diferença é que estes ajudantes possuem uma barra de vida própria e lutam ao nosso lado até serem derrotados.
Apesar de ter uma mecânica variada, não há a necessidade de uma estratégia bem elaborada ou de domínio de todos os comandos para vencer. Um simples esmagar dos botões de ataque são suficientes para zerar, com tranquilidade, a barra de vida de seu adversário. Os golpes, no entanto, não possuem impacto e os sprites de animação são grotescos. O jogo sofre ainda de quedas bruscas de framerate, fazendo com que as lutas que já são naturalmente engessadas fiquem ainda mais travadas.
Uma boa ideia mal executada
A ideia por trás de Bounty Battle – de reunir nossos personagens favoritos dos jogos indies num só lugar – é maravilhosa. Mas, infelizmente, tudo foi muito mal executado. É um jogo repetitivo e de pouca inspiração criativa. Os menus são simples, os cenários pobres, a jogabilidade é travada, o jogo performa mal, não possui online e a lista segue bem extensa. O game peca tanto pela falta de conteúdo, quanto pela falta de polimento. A impressão que tive ao jogá-lo era dele estar incompleto. Talvez numa sequência esses problemas sejam sanados. Cabe a gente ficar na torcida, mas bem de longe.
Esta review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong