Review Card Shark Capa

Review Card Shark (Switch) – Ludibriando adversários com cartas e muita criatividade

Card Shark é um jogo de cartas que eu precisava muito, mas não sabia. Diferente dos modelos já vistos, como Pôquer ou deck building, aqui o foco é na trapaça. No entanto, as artimanhas estão em todos os lugares, e principalmente no enredo. Portanto, acostume-se com isso, pois aqui já comecei usando uma: Card Shark não é um jogo de cartas.

Desenvolvimento: Nerial

Distribuição: Devolver Digital

Jogadores: 1 (local)

Gênero: Ação, Aventura

Classificação: 10 anos

Português: Legendas e interface

Plataformas: PC, Switch

Duração: Sem registros

Dando golpes pela França

Primeira trapaça de muitas.

Sendo completamente honesto, Card Shark é um jogo de trapacear, que apresenta técnicas reais para enganar adversários. Isso fica bem claro desde o início, pois em nenhum momento nos é explicado qual é o jogo de cartas que todos estão jogando. Sendo assim, não sabemos as regras e nem sequer tentamos vencer de forma honesta.

Toda essa presepada inicia-se de repente na pequena cidade de Pau, localizada em uma França do século dezoito. Nela, controlamos um jovem garçom mudo que serve bebidas em uma taverna. De repente, o Conde de Saint-Germain pede nossa ajuda para olhar as cartas de seu adversário enquanto servimos vinho e nos ensina o primeiro truque.

Como toda mentira tem perna curta, o Conde é pego trapaceando e, seu adversário, – meu xará – Coronel Gabriel, mata a dona do estabelecimento. Assim, somos tragados a uma aventura pela França, ajudando o Conde a enganar vários nobres atrás de informações sobre as Doze Garrafas de Leite. Nesse percurso, o perigo sempre está presente, pois não apostamos apenas dinheiro, mas também a nossa vida e, às vezes, será importante enganar até a morte.

Depois de muitas horas jogando Card Shark, percebi que o motivo mais instigante para continuar jogando era sua narrativa. Os mistérios do Conde, os personagens secundários e as reviravoltas fazem todo o resto ser mais interessante. A história é daquelas que te fazem querer saber cada vez mais, impulsionando que escolha logo o próximo destino e que vença os adversários para conseguir mais informações.

Em contrapartida, para entender bem toda a narrativa, será necessário ler muitos diálogos, visto que o nosso personagem não fala e apenas se comunica por meio de expressões faciais. Dito isso, Card Shark é um jogo lento e parado. Se você não tiver interesse na história, acredito que não tenha muito para você aqui. Portanto, aconselho jogar a demo que está disponível para ver se lhe interessa.

Malandro é malandro e mané é mané

Praticando na carruagem com o Conde.

Nessa França pré-revolução, você deve ser um malandro e aprender cada truque para enganar os manés por aí. Quando digo “aprender”, eu falo bem sério, pois, em Card Shark, a quantidade de informações que devem ser memorizadas e utilizadas em ordem correta são muitas. É exatamente para isso que servem as viagens de carruagem com o Conde, e são nelas que ele ensina as técnicas novas, sendo este o único momento para errar e repetir o quanto for preciso.

Existem vinte e oito meios de tirar dinheiro de nobre trouxa, mas também são vinte e oito esquemas que devem ser lembrados, senão o mané falido ou morto é você. Cada um deles é como um minigame, que vai desde apertar botões no momento correto até espiar cartas e informar o naipe do adversário para o Conde. Todos os truques exigem pensamento rápido, percepção e, acima de tudo, memória.

Falando assim até parece que é fácil, mas, durante os jogos, há uma barra de desconfiança do adversário. Conforme demoramos para finalizar uma trapaça ou apostamos muito alto, essa barra é preenchida. Porém, se perdermos uma partida, a desconfiança diminui. Agora, o que acontece se ela for preenchida por completo? Bom, na melhor das hipóteses, as apostas acabam. Na pior, você morre e perde um dinheirinho. Vale ressaltar que existem três dificuldades que afetam essa barra, o que permite trapacear sem se preocupar muito.

A história descrita pela arte

Outro ponto muito chamativo em Card Shark, além do seu tipo de jogo, é o estilo artístico. Começando pelo visual ornamental feito pelo diretor de cinema Nicolai Troshinsky, no qual as cores são vivas e expressam bem a nobreza da França no século dezoito. Fora isso, outro detalhe formidável são as animações no geral, mesmo que sejam um pouco rígidas. Ao juntar os dois aspectos, Card Shark se torna uma obra de arte assombrosa, visto que aparenta ser uma pintura viva com suas cores e movimentos.

A trilha sonora consegue manter o efeito atencioso do visual com a adesão de uma orquestra. A mente por trás desse brilhantismo é o compositor Andrea Boccadoro, que já trabalhou em muitos filmes indies. É notável citar seu nome, pois os efeitos sonoros são tão marcantes em todo jogo, já que estão presentes no sucesso ou falha das trapaças assim como nos momentos de reviravolta.

Botando as cartas na mesa

Card Shark é um dos piores jogos de cartas já feitos na história do videogame. Porém, como disse no início, ele não tenta ser isso, logo, é um jogo extremamente criativo e único. Todos os três tópicos citados acima corroboram com isso, já que são raros de encontrar na indústria. A única coisa que pode afetar sua experiência drasticamente é o fato de não gostar da história, pois ela é a base para todo o resto. Por isso, aposto aqui com você que Card Shark vai te encantar, e é só baixar a demo disponível e tentar.

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Card Shark

9.5

Nota final

9.5/10

Prós

  • Mecânicas originais
  • Arte viva e única
  • Orquestra marcante
  • História intrigante

Contras

  • Pode ser parado para algumas pessoas
  • História é a base para tudo