Como todos sabem, estamos em uma pandemia há bastante tempo. Com isso, em 2020, a Nintendo juntou o útil ao agradável e lançou Animal Crossing: New Horizons, um jogo com foco no fator social, interações entre pessoas e uma jogabilidade relaxante que, apesar de ter bastante críticas em relação a ela, consigo ver sua importância e tenho um profundo respeito.
Tentando surfar na onda do sucesso de New Horizons, alguns desenvolvedores tentaram fazer suas próprias versões da franquia Animal Crossing, buscando trazer alguns elementos parecidos aqui e ali para simular, na medida do possível, a mesma experiência que jogadores tiveram por lá. Porém, nem sempre isso é o bastante: é necessário entender a fórmula.
Desenvolvimento: Stolen Couch Games
Distribuição: Roka Play
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Simulação
Classificação: Livre
Português: Não
Plataformas: Switch, PC, Xbox One e PS4
Duração: 5 horas (campanha)
Bem-vindo à ilha

Castaway Paradise nos coloca na pele de um personagem náufrago, sendo possível escolher entre o sexo feminino ou masculino, que chega boiando em uma ilha e é recebido pela prefeita do local. Após um banho e troca de roupa, o(a) protagonista inicia sua jornada de ajudar na reconstrução e aprimoramento da ilha, realizando tarefas, consertando coisas e criando novos objetos decorativos.
Existem muitos elementos provenientes do mundo mobile por aqui. O mais presente eu diria que é o fator de tempo de espera. Muitas das ações executadas ou construções iniciadas levam alguns minutos ou até mesmo horas para serem completadas, algo também existente em Animal Crossing: New Horizons. Porém, palmas para Castaway Paradise por, ao menos, dizer quando algo será finalizado, em vez de ser necessário reconhecer os padrões de quanto tempo algo leva para ser construído – sim, estou criticando ACNH.
Um produto inspirado que não se saiu tão bem

Vários problemas fazem com que a qualidade geral caia bruscamente, e a movimentação – algo básico – é, com certeza, um dos maiores defeitos. O personagem se move lentamente, sem falar que o analógico precisa estar no final do eixo para que ele comece a correr. Isso causa um sentimento de imprecisão terrível, já que muitas vezes o jogo não reconhece que o jogador está empurrando a alavanca do analógico o máximo possível.
As tarefas, que deviam ser a essência do looping de jogabilidade, são bacanas no inícios, mas logo você percebe que está fazendo a mesma coisa constantemente, só que de formas diferentes. É sempre algo do tipo “pegue isso aqui e leve para fulano ali”, ou então “plante um número específico de árvores ou flores”, entre outras missões similares. Não há uma variedade muito bacana e diversificada, e a maior motivação para avançar no jogo será obter decorações e peças de puzzles para liberar novas áreas da ilha para… fazer mais tarefas novamente.

Também há algumas quests quebradas ou mal planejadas, como uma em que é preciso cavar 12 buracos na terra com a espátula, o que pode ser feito antes de adquirir essa missão em específico, travando sua conclusão caso os buracos já tenham sido feitos antes (não há uma forma de tapá-los novamente). É bem comum existir uma situação em que uma conversa foi iniciada, mas todos os comandos param de responder, obrigando o jogador a reiniciar o jogo. Também não existe uma opção de salvar manualmente, o que causa estranheza e não passa a sensação de segurança do progresso estar guardado.
As músicas também são bem repetitivas e limitadas a poucas faixas, além de existirem algumas ações completamente ausentes de efeitos sonoros. Castaway Paradise é um jogo “ok”, mas conta com alguns bugs, sensação constante de imprecisão nos movimentos e tantas quests parecidas que dão um mal estar que não parece passar tão cedo. Castaway Paradise clama por uma atualização que não só arrume alguns problemas menores, mas que mude algumas decisões de game design que assombram o jogo como um todo, assemelhando-o a experiências free-to-play mobile que servem apenas para você se distrair entre um almoço e outro.
Uma tentativa que não chega aos pés da inspiração
A inspiração de Castaway Paradise é mais do que clara, e isso não há como negar: Animal Crossing. Porém, não existe um mínimo de carisma por aqui que consiga fazer com que seu nível de qualidade assemelhe-se ao concorrente pertencente à Nintendo.
As tarefas são maçantes e muito parecidas, o tempo de espera é irritante e a movimentação é um pesadelo. São vários problemas existentes aqui que, juntos, criam uma bola de neve que derruba bastante qualquer tipo de qualidade almejada. Entretanto, um pacote de correção não seria o suficiente, mas sim a mudança da proposta central.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Kiefer Kawakami