Chroma Squad é feito pensando na galera dazantiga e mostra que não é preciso ter gráficos 3d, texturas quase reais, captação de movimentos e dublagem excepcional pra que um jogo brilhe: aqui tudo é feito num 2D lindíssimo e textos de rachar o bico. Lançado originalmente em 2015 pelo estúdio brasileiro Behold Studios para PC, o jogo pintou no Xbox One, PS4 e smartphones em 2017 e finalmente para Nintendo Switch em 2019. Mas qual é a desse joguete? Seguinte: você, raparigo e rapariga que ficava na frente da sua TV antes ou depois da escola com aquele monte de porcariada enchendo a cara de gordura trans e assistindo Power Rangers, esse jogo foi feito pra vossas senhorinhas, e o criador provavelmente era esse tipo de criança também. Aliás, joguei esse game no Switão da massa (que “da massa” não tem nada).
Desenvolvimento: Beholder Studios
Distribuição: Plug In Digital
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RGP, Simulação, Estratégia, Aventura
Classificação: 10 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, PS4, Xbox One, Switch
Duração: 13 horas (campanha)/35 horas (100%)
Xcom que nada
A galera que curte um joguinho tático como Final Fantasy Tactics e os Xcom da vida, vai ficar loucaça quando por as mãos nesse jogo. No começo você, amante desse gênero, já vai ficar alucinado, mas pensa que é só isso? Você se engana, meu amigo e minha amiga. Além da jogabilidade ter cara de padrão no início, ainda dá pra ter umas dinâmicas diferentonas no meio das batalhas fazendo poses dignas dos Tokusatsus que liberam técnicas a mais durante a porradaria. Você consegue posar com um personagem e adicionar um golpe mais poderoso usando um outro membro da equipe logo em seguida, assim o inimigo leva duas porrada de uma só vez. Isso também dá pra ser feito com todos os membros da equipe, o que acaba fazendo o inimigo tomar aquela coça maravilhosa de 5 pessoas (só não vai fazer isso em casa ou na escola).
Abraço da galera da 5ª série
Chroma Squad esbanja de um senso de humor com o qual me identifico muito, o famoso “5ª série”. Direto você vai se pegar lendo umas sacadas muito boas nas piadinhas que os personagens soltam no meio da história, o que vai agradar muita gente que gosta de elementos que conversam com o jogador e às vezes tiram sarro de si mesmos. Um dos momentos que mais ri durante as lutas foi quando peguei 3 personagens pra bater ao mesmo tempo num inimigo e ele me soltou um “isso tá meio desbalanceado”. Bobo? Talvez. Esse senso de humor não é pra qualquer um, mas agradeço ao pré-adolescente interior de quem escreveu os textos. kkk O jogo também tem várias referências à série Power Rangers (sua inspiração) como aquele QG (quartel general) onde todos eles se encontram e falam com uma cabeça gigante. Como se já não bastasse tudo isso, ainda é possível lutar usando um robô gigante, claramente o famoso Megazord.
É hora de quê? Você sabe do que tô falando!
Mais divertido ainda é alguns episódios depois, que é quando você libera a função “chromatizar” (leia “é hora de morfarrrrrr”), o que torna tudo mais legal e você sempre fica querendo repetir o momento em toda batalha – até porque é assim que você libera uns golpes extras, como o de espada. Qual seria a graça de já vir transformado numa batalha, não é? O negócio aqui é ver o momento acontecer! Ainda bem que não somos obrigados a ver toda a hora a ceninha de transformação, porque depois de algumas vezes fica enjoativo. hehe
Um Tokusatsu Tycoon Brazukas
Nem só de jogo tático vive Chroma Squad. Logo no começo do jogo, depois de algumas historiazinhas, você libera o modo gerenciamento no jogo, o que dá um “tcham” a mais em tudo. Já jogou aqueles jogos de gerenciamento de recursos onde você controla uma empresa e tal? Então, o jogo também tem isso além da jogabilidade estratégica.
Aqui você pode responder e-mails dos seus fãs e outros correspondentes (além de algumas ameaças do seu antigo patrão), criar campanhas de marketing para seu programa de TV, comprar equipamentos e armas novas, desbloquear novas habilidades para seus personagens, CRIAR personagens e personalizar cada um deles, e tudo de mais maluco que você possa imaginar.
Talvez você não queira jogar até o fim
Pra concluir, o jogo em si é maravilhoso. Aproveitei cada momento em que tive contato com ele, porém, confesso que em alguns momentos acabei mudando de jogo porque a jogabilidade de Chroma Squad às vezes dá uma saturada. Os cenários geralmente são meio parecidos se tratando da mecânica, não existem variações de altura do terreno também, o que realmente muda bastante são os chefões que tem padrões e habilidades diferentes.
Então, você aí, que pensa que toda lutinha vai ser a mesma coisa, que é só colocar seus personagens perto do vilão, encurralar ele e sentar o pau, está muito enganado: é preciso estratégia. Enfim, este jogo é pra quem gosta mesmo de jogo tático, melhor ainda se você também gosta do gênero “gerenciamento de recursos”, mas talvez jogar horas seguidas não seja a proposta de Chroma Squad – até porque é possível jogar cada fase/episódio isoladamente sem perder a conexão com a história.
Ah, e ponto positivo demais pra quem pensou no recurso de acelerar as falas nos momentos onde a história é contada, mas poderia ter essa opção também dentro das batalhas porque em algums momentos tem tantos inimigos na tela que fica bem chato esperar cada um agir. Fica a dúvida também do porquê não foi usado nenhum recurso aproveitando a capacidade touch que o Nintendo Switch tem, já que existe a versão mobile do jogo nos smartphones e se utilizar desta jogabilidade seria uma boa em vez de depender apenas dos direcionais e analógico – nada que estrague a diversão.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Chroma Squad
Prós
- Sensor de humor sem igual
- Gráficos impecáveis
- Resgata a nostalgia de quem via Tokusatsu
- Personalização completa de personagens
- Elementos de RPG
Contras
- Não é possível reiniciar um episódio
- Não é possível rejogar episódios passados
- Não existe fast forward durante uma luta
- Bugs na luta
- Repetitivo